Por José Cássio, no Diário do Centro do Mundo
“Fiz o que ele e qualquer outro faria no meu lugar”.
A frase dita
à repórter Thais Arbex da Folha é um exemplo de que nem tudo está perdido no
Brasil.
Enquanto
Jair Bolsonaro e filhos destilam ódio e grosseria, Ratinho Junior, governador
do Paraná, mostrou, ao ser solidário com Lula e emprestar uma aeronave para que
o ex-presidente Lula possa participar do velório do neto, que dá para ser
civilizado mesmo num ambiente inóspito como o que estamos vivendo.
“É apenas um
gesto de solidariedade para um ex-presidente”, completou o governador.
Na contramão
dessa iniciativa, tão logo soube da morte do pequeno Arthur, Eduardo Bolsonaro
apressou-se em ir ao Twitter para xingar o ex-presidente de “larápio” e advogar
que a Justiça não autorizasse sua saída de Curitiba.
Vindo de
quem veio é esperado, mas Eduardo escreveu em três linhas uma das páginas mais
estúpidas da história política do país.
Incomparável
inclusive com o ódio destilado pelo pai em relação à Dilma Rousseff no tempo em
que ela exercia a presidência.
“Espero que
o mandato acabe hoje, com ela infartada ou com câncer”, barbarizou Jair.
Os
Bolsonaros inauguraram no país uma era que se pode classificar sem medo de
errar de ‘selvagem’.
Não têm
noção do que seja gentileza. Compaixão é uma palavra que não existe no
dicionário da turma.
Semana
passada eu conversava com Renata Souza, deputada do PSOL no Rio de Janeiro.
Ela lançou
sua candidatura à Assembleia Legislativa para dar continuidade ao legado de
Marielle Franco, de quem foi chefe de gabinete e companheira de lutas por quase
15 anos.
Perguntei
sobre seus hábitos e sua rotina. Renata desconversou.
“Tomo meus
cuidados, mas prefiro não falar a respeito”.
Um colega do
PSL, Rodrigo Amorim, unha e carne com Eduardo, Flávio, Carlos e Jair, mandou
colocar numa moldura e pendurar num local de destaque no seu gabinete a placa
de rua que quebrou com o nome de Marielle.
Amorim não
se digna a estender a mão para cumprimentar Renata. Ainda assim ela não esboça
qualquer sentimento de contrariedade.
“Faz parte
do showzinho dele”, limita-se a dizer.
Relevar
gestos como esse é um erro.
Por medo, ou
por caldo de cultura mesmo, estamos deixando crescer entre nós um problema social
sério que está levando o país à inviabilidade.
Hoje é com
Renata, com Jean Wyllys, com Lula, ontem foi com Marielle e Anderson Gomes, seu
motorista, e amanhã pode ser comigo, com você, com nossos filhos.
Isso não
pode e não deve continuar. Por isso o governador paranaense mostrou que está no
caminho certo.
Note que se
refere ao próprio Lula quando diz que fez “o que ele e qualquer outro faria no
meu lugar”.
Está coberto
de razão.
Por mais que
você não goste do ex-presidente, jamais poderá acusar Lula de indignidades como
as praticadas todos os dias por Jair, filhos e agregados.
Trouxeram
para a cena política as práticas que a gente só vê nas mais violentas torcidas
uniformizadas.
Alguém
precisa dizer a eles que o Brasil não é o Maracanã.
Partidos
políticos não são torcidas de futebol e seus membros e simpatizantes não
precisam ser tratados como inimigos mortais.
Das piores
uniformizadas, Bolsonaro e filhos trazem também o vício de comportamento.
Ao mesmo
tempo em que ameaçam e agridem, se calçam em bandidos como os milicianos
cariocas envolvidos com Fabrício Queiroz e cujos parentes estavam lotados no
gabinete de Flávio Bolsonaro.
Certa vez
numa aula de direito aprendi que você jamais deve trocar tiros com ladrões.
Eles são do ramo, estão preparados para o que der e vier. Você, não.
Os exemplos
que Bolsonaro e filhos nos dão todos os dias me fazem lembrar do velho
professor Dênis. Trocar com eles é levar desvantagem na certa. Não tem acordo.
Uma pena
que, para cada Ratinho Júnior que nasce, parimos meia dúzia ou mais de Jairs,
Eduardos, Flávios e Carlos.
Pobre
Brasil.
*José Cássio é jornalista
Essa quadrilha de milicianos se instalou, primeiro, no Rio de Janeiro... Agora, pretende se instalar no Brasil inteiro... Culpa de quem? Dos imundos que acreditaram numa gente que, com mais de 28 anos na política, só aprendeu a "arte" da ignorância cega e bruta... Ou seja, são os brucutus que querem dominar o nosso país! - Como eu sempre dizia: "Quem chorar por último, chora melhor". - 2. Por conta dessa maioria formada por estúpidos de má-fé todos nós vamos pagando essa conta infame! – Lamento logo pelo temor e sofrimento de Renata Souza e de tantas (os) outras e outros que estão convivendo ao lado dessa quadrilha das milícias armadas e perigosíssimas!
ResponderExcluirUm gesto fe solidariedade humana.Foi o tema de um dos 7 vestubulared que fiz em 1989.0 Lula em 13 anos dele e da Dilma nunca discriminou o PARANA E NENHUM DOS 27 ESTADOS BRASILEIRO.
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