Do Balaio do Kotscho:
“As
redes sociais deram o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes
falavam apenas em um bar” (Umberto Eco, escritor e
filólogo italiano, em junho de 2015).
***
A 15 dias da eleição, só uma coisa já é certa: PSDB e MDB, os
grandes partidos da aliança golpista de 2016, cevada pela Lava Jato e pela
velha mídia, já estão fora do segundo turno, relegados ao bloco dos nanicos.
E o PT de Lula, o principal alvo da operação para derrubar
Dilma, sobreviveu com Fernando Haddad, na bica para ir ao segundo turno contra
Jair Bolsonaro.
A legião de imbecis que ocupou todos os espaços nos últimos
anos, ao fazer das redes sociais nativas o campo de combate do antipetismo, não
se deu conta de que gerou em seu ventre esta excrecência da extrema-direita
ululante das viúvas da ditadura.
Ficaram pendurados na brocha e só lhes restou aderir ao capitão
e ao general ensandecidos para impedir a quinta vitória consecutiva do PT nas
eleições presidenciais.
Este é o resumo da ópera bufa lavajatense, que vai chegando ao
seu clímax, depois de Lula comandar da sua cela solitária em Curitiba a
derrocada de quem o condenou e prendeu.
O PT não morreu e agora assiste de camarote à agonia dos seus
algozes.
Uma cena singela na madrugada de sexta-feira, retratada pela
repórter Anna Virginia Balloussier, na Folha deste sábado, é emblemática desta
reta final de campanha.
É a foto do tucano Geraldo Alckmin tomando café sozinho,
acompanhado apenas de dona Lu, numa lanchonete deserta de beira de estrada,
após o debate dos presidenciáveis na TV Aparecida.
Cercado de mesas e cadeiras vazias, sem nenhum militante,
assessor, segurança ou mísero puxa-saco a seu lado, Alckmin era o símbolo de
uma era que acabou.
A carta-desespero que FHC enviou aos eleitores na véspera, para
tentar ressuscitar a candidatura tucana, pode agora ser colocada na lápide do
partido que nos últimos 16 anos se dedicou apenas a destruir o adversário.
Para completar o clima de fim de feira da direita golpista, na
mesma noite o patético bilionário Henrique Meirelles, candidato só dele mesmo e
do que restou do MDB, jogou no ar seu último trunfo: prometeu liberar a
maconha.
Ainda que não vá para o segundo turno, pois permanece aberta a
disputa com Ciro Gomes pela segunda vaga, o PT sai desta campanha maior do que
entrou, adiando mais uma vez o fim anunciado tantas vezes pela legião de
imbecis preconizada por Umberto Eco.
Lula sozinho deu um xeque-mate na elite brasileira, no carcomido
establishment, que entronizou Michel Temer no Palácio do Planalto, e agora
junta os cacos de um país dilacerado, quebrado, de volta ao passado de fome,
miséria e desemprego.
Por onde passa em suas viagens pelo Brasil, seu herdeiro
Fernando Haddad é recebido com as mesmas festas que fariam para Lula, se ele
pudesse ser candidato, em contraste com seus adversários.
Como ele mesmo anunciou na véspera de ser preso, a ideia
sobreviveu ao homem Lula, condenado sem provas, realimentando a esperança de
milhões de brasileiros destituídos de seus direitos básicos de cidadania.
Ainda não dá para saber quem vai ganhar, mas já se sabe quem
perdeu esta eleição.
Entre a volta à ditadura militar de triste memória e o futuro
das novas gerações, o país joga o seu destino nas urnas no próximo dia 7 de
outubro.
*Ilustração: Xeque Mate Notícias
*Ilustração: Xeque Mate Notícias
Preparem-se! Vocês terão Bolsonaro eleito.
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