Depois da
demissão do jornalista Fernando Rodolfo pela TV Jornal Caruaru, agora foi a vez
de outro profissional de imprensa ser dispensado e, pior, por motivos idênticos
ao afastamento do primeiro.
João
Valadares (foto), que trabalhava no Grupo Opinião, que mantém no Recife a TV
Clube, afiliada da Record se desligou da empresa supostamente por ter
divulgado diversas matérias críticas aos governador Paulo Câmara. A deixa teria
sido a última, quando o jornalista bateu duro na contratação de um veículo
blindado pelo socialista para circular por Brasília, com gastos para o Estado
de quase R$ 180 mil mensais.
As
demissões de Fernando Rodolfo e João Valadares foram criticadas hoje pelo
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco e pela Federação da
classe, que repudiaram os ataques à liberdade de expressão.
Confira a
nota conjunta do Sindicato e Fenaj:
Sinjope
& Fenaj repudiam ataque à liberdade de imprensa
A
categoria de Jornalistas foi impactada nesta quinta-feira (21/6) com a demissão
do jornalista profissional João Valadares pelo Grupo Opinião, ligado ao mesmo
grupo proprietário do Plano de Saúde Hapvida, que mantém a TV Clube/Record e o
recém-criado portal de Internet OP9. O diretor de redação do Portal OP9 e
também jornalista Márcio Markman entregou o cargo em seguida, por não concordar
com a decisão da empresa.
O
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) e a
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) denunciam esse episódio como efetivo
ataque à liberdade do exercício profissional pela prática de censura e
imposição de autocensura. Ao atribuir seu desligamento à decisão do “conselho
empresarial”, o jornalista João Valadares desnuda a limitação do exercício
profissional por interesses econômicos.
A demissão
ocorreu após a publicação de uma série de reportagens que levantam duros
questionamentos a práticas questionáveis na esfera do Tribunal de Contas do
Estado (TCE), do Poder Judiciário (Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco-TJPE), e do Governo de Pernambuco.
Matérias
contundentes produzidas até o desligamento do jornalista foram removidas do
portal OP9. Essa ação demonstra de modo cristalino a falta de compromisso da
empresa com o Jornalismo e explicita a censura como o principal objetivo a ser
atingido com a demissão.
Esse tipo
de ação empresarial priva a sociedade de informação de qualidade. Vale lembrar
que fato semelhante também foi relatado pelo apresentador Fernando Rodolfo após
seu desligamento da afiliada da TV Jornal em Caruaru no início deste mês.
O Sinjope
e a Fenaj manifestam solidariedade aos profissionais desligados e lembram que a
demissão por parte de empresários com o objetivo de censurar profissionais
jornalistas é um atentado contra a democracia. Casos desse tipo devem ser
denunciados à Comissão de Ética do Sinjope.
Os
episódios acima listados devem ser interpretados como violência simbólica e,
por isso, serão reportados no “Relatório 2018 – Violência Contra Jornalistas e
Liberdade de Imprensa no Brasil”, elaborado pela Fenaj.
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