Somos bombardeados há décadas
pela cultura americana. Eles não nos invadem com soldados, mas com a música e
principalmente os filmes.
No cinema, desde os anos 40 ou 50 do século passado os filmes
em exibição no Brasil são predominantemente produções dos Estados Unidos.
Assim, astros e estrelas de
Hollywood fizeram a nossa cabeça ao longo dos anos: Peter Fonda, Jane Fonda, Robert Redford,
Marlon Brando, Marilyn Monroe, James Dean, Leonardo De Caprio, Julia Robert, Al
Pacino, Clint Eastwood, Meryl Streep, Diane Keaton, Wood Allen.... Uma
lista completa levaria páginas e páginas.
O cinema americano,
naturalmente, tem qualidade e os atores citados são excelentes.
Mas será que não temos bons
cineastas, atores e atrizes de qualidade fora dos Estados Unidos?
Na Europa, qualquer pessoa
com um mínimo de cultura sabe que existe cinema de qualidade na França, Itália, Espanha, Alemanha e outros países.
E na América do Sul, na
África e no Oriente, também se produz algo de valor na área da sétima arte?
O cinema brasileiro é
boicotado pela própria crítica especializada, falta apoio dos empresários, que normalmente
não estão interessados em investir em arte e um governo como esse de agora não
gasta o necessário nem com educação e saúde, imagine com cultura.
Mesmo remando contra a maré,
porém, já fizemos muita coisa boa e continuamos fazendo. Quando o estado de
indigência em que vivemos for superado também poderemos florescer nas artes:
com mais espaço para os escritores, os pintores, escultores, teatrólogos,
músicos, cineastas, atores e atrizes.
Antigamente só tínhamos o
cinema, depois veio à televisão e nesses dois meios de veiculação os americanos
sempre dominaram a programação de filmes. Surgiu o videocassete, veio o DVD, a
TV por assinatura e a situação permaneceu a mesma.
A internet, contudo,
possibilitou que o cidadão interessado em arte tenha mais facilidade de
descobrir o que se produz em outros países.
Mesmo na TV fechada existem
canais, como o Max, voltados para filmes independentes e assim você tem
oportunidade de conferir obras de qualidades realizadas na Índia, em Israel, na
África ou em países da América do Sul.
E hoje temos também a
Netflix, que apesar de americana, com maioria de filmes e séries com DNA do
país de Trump, também nos possibilita ver boas realizações espanholas, argentinas,
italianas, francesas ou dos alemães.
Outro dia assisti um filme
pela Netflix com diretor e atores da África do Sul. Mas recentemente a surpresa
foi ainda maior: um filme colombiano, com uma atriz talentosa e de muita
beleza, de nome Carolina Ramirez.
Ela é também dançarina,
trabalha em televisão em seu país e o longa que pude assistir com a beldade, Ciudad Delirio, é bem interessante.
Em algumas cenas, dá para perceber
como as cidades e o povo vivem uma realidade próxima da brasileira.
Na verdade, devíamos saber
mais do Peru, do Uruguai, da Colômbia, da Venezuela, da Bolívia, do Paraguai,
mas por conta dessa “invasão cultural” da qual falamos no início e de uma mídia
colonizada, terminamos recebendo muito mais informação sobre o gigante da
América do Norte.
Os americanos já financiaram
golpes militares no nosso continente, já invadiram muitos países em outras
regiões do planeta, mas nem sempre eles precisam de fuzis e metralhadoras. O
cinema para eles é mais indústria que arte e com suas produções de muita
qualidade técnica fazem a cabeça de diversos povos do mundo com a conquista
inteligente e às vezes sutil de corações e mentes.
Talvez a força da internet vá
possibilitar no futuro que isso mude um pouco. Se eu descobri nos últimos tempos
que se faz cinema de qualidade na Argentina, em Israel, na África do Sul e na
Colômbia, muitas outras pessoas podem fugir a esse “monopólio cultural”
americano.
E observe que neste artigo
focamos apenas o cinema, quando poderíamos destacar a boa música
latino-americana, bons artistas plásticos da América do Sul e a excelente
literatura brasileira e de outras nações próximas.
Gabriel Garcia Márquez, o
genial escritor colombiano, autor do clássico “Cem Anos de Solidão”, é
reconhecido no mundo inteiro e o ex-presidente Bill Clinton é fã dos seus
livros, principalmente o romance mais famoso.
O ex-presidente dos Estados
Unidos, de admirador passou a amigo de Márquez, com quem teve diversos
encontros quando o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura estava entre nós.
Garcia Marques, porém, deve
ser menos lido hoje, entre os latino-americanos, do que alguns autores de Best
Sellers americanos.
Em muitos países deve ser
menos conhecido até do que o brasileiro Paulo Coelho, com sua alinhavada
literatura pretensamente esotérica e de autoajuda.
Atualmente, no entanto, se
pode fugir desse citado “colonialismo cultural”. Desde que haja curiosidade,
interesse, se exercite a inteligência e se busque alternativas à produção
americana e de outros países do chamado primeiro mundo.
*Nas fotos o charme da atriz e dançarina colombiana Carolina Ramirez.
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