Por Edmilson Vieira*
Eu mandei um
vídeo do Youtube pelo WhatsApp para um amigo.
Nesse vídeo de
poucos minutos tem pessoas ricas e de classe média protestando contra Dilma
Roussef, no ano de 2016 na avenida Paulista. Mandei com o intuito de lembrar a
ele que aquelas pessoas estavam protestando contra a democracia. Diga-se que
não deixa de ser curioso porque é o primeiro povo do mundo a pedir o fim dessa
forma de governo; e muita gente ali pedindo pra voltar a ditadura militar!
Desde que os
gregos inventaram a democracia há mais de dois mil anos, essa deve ter sido a
primeira vez na história da humanidade que gente, diga-se, rica e de classe
média, saiu às ruas pedindo a volta dos militares. E ainda por cima, religiosos
elogiando os torturadores. Se houve uma eleição para presidente no país e o
candidato dos ricos perdeu, então esse candidato teria que aceitar a derrota.
Se ele não quis cumprimentar a adversária, então que acolhesse as regras do
jogo democrático.
Na mesma hora que
soube o resultado, Aécio disse com todo o ódio: vamos paralisar o congresso
para ela não governar. Isso mostra o quanto ele é do mal. Hillary Clinton, logo
reconheceu publicamente a derrota. Não ficou revoltada querendo jogar o país
contra Trump e tirá-lo daquela Casa que não resta dúvida que é Branca, mas,
porém, toda manchada de sangue.
A última vez que
votei em alguém foi em 1990, em Paulo Paim, para deputado federal pelo PT,
quando eu morava em Porto Alegre. De lá pra cá, só voto nulo. Os dois são
maravilhosos, mas nunca votei em Dilma ou Lula. Não por causa deles, mas por
causa desse negócio do voto ser obrigatório.
Lula é
fantástico, ele tem sabedoria. Um em um milhão, e o Brasil não vê isso. Ivo
Pitanguy também era sabido, Luiz Gonzaga idem. Edmilson Vieira também, opa,
desculpe! Nunca fui filiado ao PT, mas não é por isso que eu não veja que
muitos ali naquelas passeatas não passaram de patos movidos pela emoção.
Agredindo adversários, tirando foto com policiais.
Eita, e a tal da dancinha
que eles inventaram levantando os bracinhos? Hi, hi, hi, hi, hi... Empresários
também foram às ruas vestidos em camisetas verde-amarelas. muitos deles mostram
quem são. Primeiro, não chamaram nenhum funcionário pra participar da passeata,
quer dizer, levaram as babás pra cuidar dos filhos enquanto eles batiam panelas
de teflon (aquelas que fazem mal à saúde, lembra?).
É só olhar no
cotidiano como a coisa funciona. Por exemplo, tem uma cidade que eu conheço,
que a maioria da população é constituída de pessoas morenas e negras, mas é
difícil ver um funcionário de cor morena ou negra trabalhando nas lojas do
comércio. Nas pizzarias, restaurantes e lanchonetes o bicho também pega, não se
costuma ter garçons negros. Tampouco nos consultórios dos médicos não existe
atendentes negras. Ainda não vi recepcionista negro em nenhum hotel.
Uma passada nos
supermercados dessa cidade fictícia, e se juntar os funcionários pra tirar uma
foto, vai ser difícil aparecer alguém de cor negra. Até no posto de gasolina do
hipermercado recém-inaugurado, os funcionários são brancos. Não é à toa que nos
currículos do Brasil tem a foto da pessoa: ajuda a facilitar a contratação
quando se é de pele branca. Uma herança nossa de trezentos anos de escravidão.
Mas é aquela
história. No filme de faroeste o índio está com flecha, e o soldado com canhão,
e a gente só fica no lado do militar. O índio é que é o errado. A mídia faz de
um jeito que a gente não questiona que a terra era do índio e foi roubada pelos
militares a mando dos ricos. E diga-se que esses heróis são sempre bonitos e
até os cavalos deles só faltam falar.
Um outro exemplo
é o Oriente Médio: os palestinos com pedra e os israelenses com tanque de
guerra, mas a gente só fica achando que a moçada de Israel é que está com a
razão. Parece até que no Brasil ninguém gosta de ficar do lado do perdedor. Meu
amigo ficou deprimido depois que assistiu a um filme em espanhol. Eu disse a
ele, deve ser porque você está acostumado a só ver filme americano, e como esse
filme da América Latina parece com você, aí ele lhe incomodou.
O filme ajudou a
expor as feridas da alma dele. Alma de vira-lata, que tanto Nelson Rodrigues
dizia sobre nós brasileiros. Na invasão do Iraque pelos americanos, eu via as
filmagens das redes de TV mostrando sempre os americanos como se fossem mais
altos. A câmara pegando os militares ianques de baixo pra cima. Mostravam eles
superiores. Já os iraquianos eram filmados de cima pra baixo, parecendo
inferiores.
Eu fui de carona
até a Venezuela na década de 80. O país era rico por causa do petróleo. Os
produtos vinham de fora. Caracas era a capital mais moderna da América Latina.
Os venezuelanos nunca se preocuparam em abrir fábricas. Tudo eles compravam de
fora. O lixo era cheio de embalagens de produtos de vários países. Só se via
carrões americanos importados. O grande problema é que eles não previram que um
dia o preço do petróleo poderia cair, e foi o que aconteceu. 86% da economia do
país dependia do petróleo! Qualquer presidente que tivesse no poder, direita ou
esquerda, o desastre econômico ia ser do mesmo jeito é claro, ou pior.
O Brasil não teve
problema com essa questão da queda do preço do petróleo. Aqui o mineral só
começou a ser explorado em larga escala, muito tempo depois. A nossa economia,
não dependia exclusivamente dos preços desse produto.
Antes de ir
estudar no Canadá em 2013, pelo Ciências Sem Fronteiras, fui passar o mês de
férias na Guiana Inglesa, para praticar o idioma inglês. Na volta pra capital
de Roraima, resolvi ir rever a Venezuela e passei quatro dias. É bem perto de
Boa Vista. Uma distância como de Garanhuns pra Caruaru, uns 130 quilômetros
apenas. As famílias brasileiras hospedadas no hotel estavam admiradas com o
país: elogiavam o asfalto, igual a um tapete, diziam. Não paravam de falar na
estrutura das cidades e sobre o preço incrível da gasolina. Eles
impressionados, e eu disse: tá vendo o que vocês perderam por ficar a vida toda
acreditando na Rede Globo?
Bem, dois anos
depois quando eu voltei do Canadá vi uma reportagem do Jornal Nacional. O
repórter estava transmitindo de dentro de um supermercado em Caracas e segurava
uma garrafa de água mineral. Ele dizia que a garrafa d’agua teve um aumento de
400% em relação ao preço do litro de gasolina. Só que ele não disse que o preço
do litro de gasolina na Venezuela é apenas um centavo de real. Quem assistiu a
matéria deve ter comparado o aumento, ao preço da gasolina brasileira e claro,
foi justamente essa, a intenção do repórter. Pura maldade, aproveitando-se da
falta de leitura e conhecimento dos brasileiros. Que é isso que a Globo faz
diariamente.
Posso tá errado,
mas eu percebi que Maduro não foi deposto do poder do mesmo jeito de Dilma, só
por causa da organização do povo venezuelano. Hugo Chaves fez um negócio que
Lula não fez: incentivou a organização popular. Parece que lá a população é
mais organizada. Os vizinhos se reúnem em assembleias para discutir as questões
e fazer votação. Lula se preocupou em inaugurar universidade, dá poder
aquisitivo para os brasileiros mais pobres comprar TV, carro; viajar de avião,
mas não organizou o povo.
Nem mesmo os
moradores das casas do programa, Minha Casa Minha Vida, ou os estudantes pobres
das universidades não foram organizados para defender essas conquistas da
democracia. Nada! Acredito que se tivesse feito isso, Dilma não teria caído.
A Venezuela só
deve estar resistindo ainda por conta dessa organização popular, senão os
americanos já teriam invadido. O governo americano e os empresários sabem que é
o país que tem mais petróleo no mundo e ainda por cima fica mais perto dos
Estados Unidos do que o Iraque.
Os venezuelanos
são antiamericanos de longa data. Quando a Casa Branca apoiou o golpe contra
Hugo Chaves em 2002, e que a globo prontamente divulgou apoiando os golpistas,
aí o povo venezuelano ganhou as ruas e o presidente venezuelano voltou ao poder
em menos de 48 horas.
É sempre bom
lembrar que nada mais, nada menos, a Rede Globo é a segunda maior rede de TV do
mundo. Como pode um país pobre ter a segunda maior televisão do planeta? Um
luxo que os países ricos evitam. Eles procuram ter as melhores escolas e
universidades do planeta.
Eu entendo quando
meus colegas brasileiros dizem que o presidente Nicolás Maduro é um ditador. A
pessoa tem a liberdade de dizer que odeia quem quer que seja, principalmente
quando a Globo manda ela odiar, mas ele foi escolhido pelo povo. Houve uma
eleição que foi acompanhada por organizações internacionais e não constataram
fraude.
A Globo sempre
fala nos noticiários: o ditador Maduro. Ela usa esse termo, mas sabe que teve
um pleito no país, ele não tomou o poder à força. Isso de colocar o ódio contra
Maduro, Hugo Chaves, Cuba, Lula, Dilma, só faz lembrar que a gente, povo
brasileiro, é descendente de português. Em tudo coloca o lado emotivo.
Os portugueses na
Segunda Guerra Mundial se limitaram a chorar e rezar pra que a guerra acabasse.
Viugi!!! Quando eu estava no Canadá teve eleição na mesma época da eleição de
Dilma Roussef. Aí acompanhei a campanha do Brasil pelo Facebook. A eleição
canadense é praticamente sem emoção. E nem vi canadense sair comemorando ou
comentando o resultado das urnas. Só 29 por cento da população sai de casa pra
votar.
É um dia comum de
sábado e vota numa folha de papel. Dá a entender que o mais importante não é
votar e sim fiscalizar os quatro anos do mandato do político. Sem dúvida das
dúvidas que os argumentos deste texto mostram uma realidade de um povo que vive
de emotividade. A emoção não deixa de ser uma coisa boa. Mas, mamma mia, um
país precisa usar também a razão a fim de evitar a idiotização padrão Rede
Globo, principalmente da classe média e rica, porque nóis pobi já é quasi inteligenti, é ô, num é?
*Edmilson Vieira é artista plástico e designer
É como diz o meu xará e bom jornalista Altamir Tojal, quando afirma que, “FELIZMENTE PARA OS BRASILEIROS, O PT e o PSDB ACABARAM”. Quer dizer, no meu entender essas duas pragas podem até ganhar eleições porque isso não depende no Brasil de projetos, programas nem de idoneidade dos políticos, mas são partidos que não existem mais, não têm mais qualquer ligação com o que os constituiu. Podem até mesmo ganhar as eleições de 2018 mas não creio que possam ser refundados. Agora é bom que se diga que não devemos lamentar esse fim. Seria pior se estivessem VIVOS e FORTES. O PT no poder foi governado pela oligarquia mais atrasada do país e pelo que existe de pior no capitalismo brasileiro. Por trás da cortina de bandeiras vermelhas obedeceu a EMPREITEIROS MALANDROS, BANQUEIROS ESPERTOS e aos CORONÉIS DE SEMPRE, que controlam grandes currais eleitorais. Lula, Dilma e associados transformaram a CORRUPÇÃO EM POLÍTICA PÚBLICA e em máquina de reprodução do velho poder. Manipularam a vontade do voto para que a esperança de mudança levasse à consagração do mesmo. DOCILIZARAM E CALARAM SINDICATOS E MOVIMENTOS SOCIAIS. A traição do PSDB foi tão grave quanto a do PT. Traiu a crítica, traiu a sociedade. Só não traiu os supostos adversários que tiveram vida fácil e fizeram o que queriam com a sua cumplicidade, com a falsa oposição e põe falsa oposição nisso. O PT desmoralizou a esquerda e o PSDB desmoralizou a política. Os dois jogaram a pá de cal na democracia brasileira.
ResponderExcluirP.S.: - A propósito, e por falar em índios, nos excluídos e negros, no Brasil, eu nunca vi um jogador de futebol da raça negra ou parda casar com uma mulatinha... TÔ MENTINDO NEYMAR?!?!?!
---->PAIS COM 80% DOS VOTOS COMPRADOS NÃO É DEMOCRACIA<------
ResponderExcluirMATEI O ARGUMENTO DO TEXTO!