O
jornal O Globo foi
para o confronto aberto na campanha de guerra para impedir Lula, líder
disparado nas pesquisas, de ser candidato a presidente. Entrevistou o ministro
Luiz Fux, presidente do TSE, e obteve dele a declaração de que o ex-presidente
é “irregistrável”.
Abre
parênteses: quem trabalhou na velha imprensa sabe como é fácil conseguir
declarações convenientes de autoridades sedentas de holofotes, como é
nitidamente o caso de Fux. Fecha parênteses.
O jornal reforça a posição do ministro com um editorial:
Fux,
ministro do Supremo, recorreu a um neologismo para qualificar a situação
eleitoral do ex-presidente: “irregistrável”. No entendimento do presidente do
TSE, sequer há a possibilidade de o aspirante a candidato, enquadrado de
maneira clara na Ficha Limpa — caso de Lula —, recorrer para obter uma
candidatura sub judice. Para o ministro, é uma forma de burlar a lei.
Seria
um presente dos céus para Lula e PT: com um registro capenga no bolso, o
candidato teria reforçado o seu proselitismo e, talvez, realizado o sonho de,
mesmo de forma precária, ter a foto nas urnas. O plano óbvio é obter alta
votação e assim constranger a Justiça a aceitar talvez a vitória de um ficha
suja. Desmoralizaria a lei, fruto da vitória de uma mobilização popular, e o
próprio Judiciário.
Seja
como for, Fux diz que convocará o colegiado do TSE para o tribunal como um todo
firmar uma posição. Que, pela lógica, não poderá ser diferente da defendida
pelo ministro na entrevista.
O
Globo já antecipa como devem votar os demais membros da corte. Se é para
prevalecer o entendimento do presidente do TSE (ou da linha editorial de O
Globo), para que tribunal?
Enquanto
a família Marinho, através dos seus (muitos) veículos de comunicação, empareda
autoridades, Lula anuncia que vai para as ruas.
No
final do mês, inicia uma nova etapa da caravana pelo Brasil. Começa pelo Rio
Grande do Sul e termina em Curitiba.
Não
é campanha eleitoral. É muito mais do que isso: é um movimento pela democracia.
Enquanto
O Globo manipula tribunais, Lula se aproxima das massas.
Este
é o cenário que está posto e, do ponto de vista histórico, é muito
interessante.
De
um lado, o povo.
De
outro, a elite e sua tropa de choque — aí incluídos setores do Judiciário e,
claro, da classe média cheias de ódio e preconceito.
O
jornal está preocupado se Lula terá a foto nas urnas, mas o ex-presidente
parece estar com a atenção voltada para outros objetivos.
“Já
fui presidente”, diz ele. “O que quero é provar minha inocência”, acrescenta.
Provar
a inocência, nesse caso, não é apenas um ato de satisfação individual.
É
mostrar como se moveu o aparelho de Estado para sufocar uma candidatura
popular.
O
que aconteceu, todos já sabem — Lula foi condenado em segunda instância.
O
importante agora é deixar claro por que isso aconteceu.
Provas?
Cadê as provas?
E
são duas as arenas onde essa farsa pode ser demonstrada. Nos tribunais
superiores, onde Sepúlveda Pertence, o reforço da defesa de Lula, atuará.
E
nas ruas, onde Lula martelará, como sabe fazer, que é possível um Brasil
diferente do que o que começou a ser desenhado em abril de 2016, com o golpe.
O
que os adversários de Lula não percebem (ou fingem não perceber) é que, em
outubro, Lula poderá ser a solução para eles.
A
versão século XXI do sapo barbudo.
Como
assim?
Se
Lula não for candidato, será o principal eleitor. Colocará no segundo turno
quem quiser. Ou quem, no campo progressista, tiver mais chance.
Lula
já é conhecido do grande capital e, com ele, não haverá grandes surpresas. Ou
incertezas.
Mas
se pode dizer o mesmo de Guilherme Boulos, por exemplo?
Lula
poderia apoiá-lo.
Ou
mesmo Ciro Gomes, de comportamento imprevisível?
Lula
também poderia apoiá-lo.
Lula
fez um governo com erros e acertos.
Mas,
na média, foi positivo para todos (ou quase todos).
Não
foi o governo dos sonhos da esquerda.
E
talvez por isso agradou a direita.
O
grande capital trocaria essa segurança por uma aposta?
O
homem que anda com o espírito do seu tempo — o zeitgest, como dizia o pai da
Ciência Política Max Weber — é indestrutível.
Lula
parece alinhado ao espírito do tempo e, por isso, se tornou um problema enorme
para quem está com o coração e a mente cheias de ódio, como é o caso do público
alimentado pelo jornalismo de guerra.
Amanhã,
os irmãos Marinho poderão acordar e descobrir que estão sem alternativa. E que
o melhor a fazer será telefonar para um dos seus redatores e mandar escrever:
“Eleição sem Lula é fraude”.
Como disse uma amiga minha: Eu voto em Lula ou em quem ele apoiar / indicar. Se a eleição de quem Lula indicar depender de mais um voto para se eleger, esse voto será o meu... 2. Quanto a Luiz Fux, vale deixar mais uma frase do jurista e professor de Direito, Ives Gandra Martins: - "O juiz que fala fora dos autos não respeita a toga." - É ISSO !!
ResponderExcluirNão sou nem um pouco simpatizante do ex presidenteLula, volto a dizer aqui que até acho que o mesmo é culpado , mas volto a lembrar que não se pode condenar ninguém por puro achismo , deu nojo ouvir ontem o Jornal da jovem pan o 3 em 1 , 3 babacas destilando o seu ódio por 1h em rede nacional, dentre as chacotas preferidas dos preconceituosos de plantão o fato de Lula gostar do aperitivo do tipo cachaça, aliás esse foi o único crime comprovado que os imbecis de plantão conseguiriam provar em uma 1h de puro preconceito.
ResponderExcluirGlobofoi a maior beneficiada pelo Desgoverno Lula!
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