O deputado Álvaro Porto (PSD) voltou a ocupar a
tribuna da Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (30.08) para
apontar uso de secretarias estaduais como instrumento de campanha eleitoral.
Desta vez, o parlamentar trouxe à tona um episódio que expõe a preferência da
Casa Civil pelo grupo político liderado pelo ex-prefeito Antônio João Dourado,
em Lajedo, no Agreste Meridional.
O repasse da segunda parcela de recursos para a
construção do matadouro daquele município, emperrado desde 2014, foi autorizado
em junho pelo governador Paulo Câmara (PSB), mas até agora não foi liberado. De
acordo, com o prefeito Rossine Blesmany (PSD), as informações que têm chegado a
Lajedo é que o secretário da Casa Civil, Antônio Figueira, estaria por trás da
suspensão do dinheiro.
Álvaro destacou que, em carta enviada por Rossine
ao secretário no dia 03 de agosto, o prefeito informou que os Dourado vem
propagando que o Governo do Estado jamais destinará recursos para a obra e que
Figueira está do lado deles.
Para o deputado, este posicionamento atribuído a
Figueira anula a palavra do governador de se manter neutro em municípios com
mais de uma candidatura aliada. Na semana passada, Porto já havia
denunciado que Sebastião Oliveira (PR), secretário Transportes, vem fazendo uso
eleitoral da pasta.
Álvaro Porto lembrou que no dia 10 de junho deste
ano, Rossine foi recebido por Paulo Câmara, e que, naquele dia, a liberação do
dinheiro foi autorizada. Na reunião, estavam também o deputado federal e
presidente estadual do PSD, André de Paula, então secretário das Cidades, e o
próprio Álvaro.
“A audiência e a promessa do governador foram
divulgadas e Lajedo comemorou a notícia de que iria finalmente ganhar um
matadouro erguido dentro das normas sanitárias, sem riscos para a saúde da
população”, destacou o deputado. Para Porto, como o dinheiro permanece
emperrado e o Palácio segue em silêncio, os comentários que circulam em Lajedo
acabam ganhando contornos de verdade.
“Na carta que escreveu a Figueira, Rossine
questiona o que precisa fazer para não ser tratado como adversário. Os sinais
emitidos pelo Palácio só reforçam, porém, que alguns secretários têm
preferência por candidatos e que estão usando seus cargos para fazer campanha”,
frisou.
REFORMA - Para o deputado, o mais grave de tudo é a
indiferença do Governo. “A impressão é que existe uma escala de importância de
aliados. E que a defesa de imparcialidade feita pelo governador vale muito
pouco em alguns gabinetes”.
Diante do desacerto entre o governador e seus assessores,
Porto diz que não causa espanto a notícia de que Câmara esteja preparando uma
reforma de secretariado, como divulgado na imprensa. “O governador parece ter
chegado ao seu limite. Afinal, o que não falta é queixa de prefeitos e
deputados insatisfeitos com atitudes e indiferença de secretários”.
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