Por Michel Zaidan Filho*
A
consciência da provisoriedade, ilegitimidade e interinidade desse ministério
"ficha suja" está expressa na manutenção, pelo usurpador do mandato
presidencial, de nomes ora investigados pela operação Lava-a-Jato, emprestando
uma marca da ilegalidade e suspeição que envolve esses ministros, mas sobretudo
pelas medidas arbitrárias e mesquinhas que vêm sendo tomadas contra a
Presidente Dilma.
Corte
de comida e transporte; tentativa de cerceamento do prazo (180 dias) para o
simulacro de julgamento, proibição da anexação das provas do complô para
depor a Presidente eleita nos autos acusatórios, tudo que pude ser feito, será
feito pelos golpistas, no intuito de considerar o afastamento da Dilma, como fato
consumado , e as medidas desconstrutoras desse ministério de araque tornarem-se
definitivas.
Quanto
mais avançam as investigações, as delações premiadas, a divulgação de trechos
das delações, mandatos de busca e apreensão e mandatos de prisão contra os políticos
envolvidos no esquema do desvio de dinheiro público, para financiamento de
campanhas eleitorais, mas a camarilha golpista treme, pensando no dia em que
terá de devolver os cargos e enfrentar as acusações na Justiça. Pior, os quatro
ou cinco votos de que a Dilma precisa aparecerem no conjunto daqueles 10
senadores que, agora, já pensam em mudar o voto.
Naturalmente
que, quanto mais se demora na farsa desse julgamento de exceção, mais as
máscaras, os disfarces, as mentiras e dissimulações vão caindo e deixando-se
ver as reais motivações dessa nefasta empreitada.
A
certeza da impunidade e irreversibilidade do processo leva ao assalto, sem dó e
piedade, sobre os direitos e garantias dos cidadãos e cidadãs, e a ameaças aos
críticos e inconformados com a tramoia golpista. Agem como um bando de fora-da-lei, aproveitando
o tempo e o acesso ao aparelho de Estado. O que puderem fazer (ou desfazer),
farão impudentemente, ao arrepio de qualquer legalidade.
Um
ministro transformista nomeia o genro para o "seu" ministério",
com o salário inicial de 17.000,00. O outro, ataca a universalidade do SUS diz
que o Estado não tem como bancar a saúde pública. O outro, grande conhecedor de
avicultura, recebe as sugestões fascistas de um ator pornô, que confessou abertamente
já ter cometido estrupo.
O
outro, apelidado de "menudo", ataca o projeto habitacional da Dilma,
cortando 10 milhões de reais.
O
ministro tucano, desolado, quer apagar o protagonismo internacional do Brasil e
destruir as políticas de integração regional sul-sul.
E
o maestro desse círculo de horrores, faz uma dança de rato, vai-e-volta em suas
decisões, ora sob pressão dos aliados, ora sobre pressão da mídia e da opinião
pública.
Onde
vamos parar?
*Michel Zaidan, natural de Garanhuns, colabora regularmente com o blog. Ele é professor da Universidade Federal de Pernambuco, na área de Ciências Humanas, escritor com vários títulos publicados e cientista político.
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