O advogado e empresário
Givaldo Calado de Freitas, escreveu um artigo sobre o médico Pedro Hugo
Fernandes, irmão do ex-prefeito de São João, Antônio de Pádua, que morreu no
último dia 23 de fevereiro, no Recife.
Pedro Hugo exerceu sua
profissão em Garanhuns durante alguns anos, militou no antigo MDB e até
disputou a Prefeitura do Município, em 1982, obtendo à época uma excelente
votação, mas sendo derrotado pelo instituto da sublegenda e por José Inácio
Rodrigues.
Vale a pena conferir o texto
de Givaldo:
Pedro Hugo Maranhão
Fernandes. Amigo dos amigos - sempre me disseram! E eu, aqui, registraria, dentre tantos, dois:
o meu cunhado Celso Benigno Silvestre Valença e José Luiz Fernandes Zoby. Amizades
que vêm de longe... De criança. Da adolescência... Quem sabe? De toda uma vida.
Com Pedro convivi muito
pouco. Ou quase nada. Até por que, de outra geração. De outro ofício. Mas
acompanhei, de longe, alguns passos de sua vida. De sua trajetória. Do bom
profissional que foi. Do político da época difícil da ditadura. Dos Atos Institucionais
e Complementares. E dos “pacotes” que os recrudesciam. Que cassaram vocações.
Que impediram o surgimento de outras tantas. Para o amanhã. Para o porvir. Que
escureceram o futuro deste país, inibindo e desencorajando a juventude da época
à prática da atividade política. Ao exercício do espírito público.
Bom de bola, Pedro jogava no
então Bairro do Arraial da cidade e, dentre os “peladeiros”, tinha Nenem, com
quem disputava a taça dos melhores da época.
Sim, Nenem, ele que, como
Pedro, mudaria de profissão para ser, mais tarde, famoso com sua sanfona - o
nosso Dominguinhos. Que voltaria, mais tarde, depois de percorrer todo este
país, ao seu “aconchego”.
Não me saem da cabeça os seus
versos:
“Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo um sorriso sincero
Um abraço para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade”
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo um sorriso sincero
Um abraço para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade”
Pedro foi ser médico - e dos
bons! - com residência em cirurgia e especializado em cirurgia infantil, tendo
feito história na cidade como grande profissional que era.
Deus chamou Pedro Hugo neste último
23 de fevereiro, pertinho de seu aniversário, já que colheria mais uma rosa no
jardim de sua existência, em data de 28 de fevereiro, cinco dias, portanto,
antes da festa que fariam, com certeza, por aqui, em sua homenagem, sua esposa,
seus três irmãos, quatro filhos, dez netos e indizíveis amigos.
Pedro Hugo teve breve
incursão política em Garanhuns. E em época difícil. Muito difícil... À
atividade. Conquanto a ditadura. Com seus Atos Institucionais e Complementares.
E, com estes, seus “pacotes”. Seus
entulhos autoritários, que, reunidos em Decretos-Leis, recrudesceram mais ainda
o regime, roubando a esperança de tantos que sonhavam com a volta da democracia
ao país, que só viria ocorrer muitos anos depois, em 1985. Foi nessa situação
jurídica-eleitoral que o nosso personagem disputou as eleições de prefeito de
Garanhuns, ganhando e não levando por não ter conseguido superar o somatório
dos votos obtidos pelos candidatos do então PDS.
Imagino que, por isso, Pedro
Hugo desistiu de sua passageira incursão política. Quem sabe? Desiludiu-se.
Decepcionou-se...
Não era, no entanto, para lhe
ter ocorrido isso. Até porque, penso, ele teria sido o grande vitorioso moral
naquela eleição. Mas, certamente, sem vocação, tornou-se recluso da sua desilusão.
Da sua decepção... E tudo por conta dos entulhos, que somente seriam
expurgados, definitivamente, da legislação eleitoral brasileira, através da
Emenda Constitucional 25, de maio de 1985, que passou a permitir coligações
partidárias. Que suprimiu as famigeradas sublegendas. Que extirpou do processo eleitoral
o voto vinculado. Aberração que obrigava o eleitor a votar, no mesmo partido,
de vereador a governador, e vice versa. E o candidato - caso seu partido
rejeitasse essa regra - a lutar contra a soma dos votos, de até três candidatos
de um mesmo partido adversário.
Penso, hoje, que Pedro Hugo
não tinha vocação para esses embates. Como certamente, o tinham o saudoso
Ulisses Guimarães e Humberto de Moraes. Embates que são perversos. Difíceis.
Cruéis. Duros. Desiguais... E que continuam sendo ainda em nossos dias. Que
dirá naqueles anos de escuridão. Quando esses embates aconteciam com regras,
previamente, estudadas, medidas, elaboradas..., dentro dos gabinetes. Longe do
Congresso. Conquanto fechado. De recesso forçado. E, sobretudo, humilhado... Tudo
de roldão, sem a oitiva de quem quer que seja. Além deles mesmos que pensavam,
igualmente. E tudo por que o poder não havia perdoado 1974, quando a maioria
esmagadora da população brasileira disse, enfática e eloquentemente: “Basta!” -
o perigo passou. E numa eleição para renovação de 1/3 do Senado, 16 das 22
cadeiras foram preenchidas pelos que pregavam o “Basta!”. Pela oposição,
representada pelo então MDB. Queremos a democracia de volta.
Tivesse Pedro Hugo perseverado.
Marchado em frente... , penso que ele teria sido convocado, novamente, para
outros embates. Quem sabe em 1988? Ou em 1992? Quem sabe? Tantas eleições houve
depois da sua. Depois de 1982. E de
presságio em presságio - vencendo infortúnios, representados pelos casuísmos do
dia - estamos construindo o futuro da pátria que queremos: democrática,
fraterna e com oportunidade para todos.
Descanse em paz Pedro Hugo.
Seu nome ficou na história política de Garanhuns como mais um de nós que caiu
em pé. Com dignidade. Com coragem. Com lealdade. Colocadas a serviço de
Garanhuns e de sua população.
FRASES:
"De sua trajetória. Do bom profissional que
foi. Do político da época difícil da ditadura. Dos Atos Institucionais e
Complementares. E dos “pacotes” que os recrudesciam".
"Pedro Hugo desistiu de sua passageira
incursão política. Quem sabe? Desiludiu-se. Decepcionou-se..."
"[...]teria sido convocado para outros
embates. Quem sabe em 1988? Ou em 1992? Quem sabe?
Tantas
eleições houve depois da sua. Depois de 1982".
*Givaldo além de empresário e advogado foi vereador e Secretário de Cultura de Garanhuns. É casado com Emília Valença, filha do ex-prefeito Amílcar da Mota Valença

Givaldo foi muito feliz em seu artigo sobre a bonita trajetória de Dr. Pedro Hugo, e muito fiel nas narrativas dos fatos. Parabéns para Givaldo e também para o Blog de Roberto Almeida por divulgar na integra.
ResponderExcluirSales/Garanhuns