Em 1960 o
escritor pernambucano José Condé publicou um livro intitulado “Terra de
Caruaru”, inspirado nas lembranças de sua infância, na década de 20. O romance
seria considerado a sua maior obra e embora seja ficção fornece informações
importantes sobre a formação histórica da capital do Agreste.
O escritor
caruaruense era amigo de nomes consagrados da literatura brasileira, como
Guimarães Rosa e Jorge Amado. Este último, segundo confessou o próprio Condé,
praticamente o obrigou a escrever “Terra de Caruaru”.
É um senhor
livro, que retrata a cidade ainda pequena e que vai se desenvolvendo graças ao
comércio, a feira e a localização privilegiada no Agreste, ao mesmo tempo
próxima da Zona da Mata e da capital.
Caruaru é o
grande mote do livro, mas também há espaço para citações a outros municípios do
interior, como Gravatá, Bezerros (a quem Caruaru pertenceu), Brejo da Madre de Deus e a
nossa Garanhuns.
Nas páginas
do livro de José Condé estão todos os tipos de uma cidade interiorana em tempos
passados e determinados comportamentos que ainda sobrevivem nos dias atuais: a
beata solteirona, o circo de subúrbio, o prefeito pau mandado, o coronel que
age como se fosse o dono do lugar, as mulheres traindo os maridos, os que têm
uma boa condição financeira montando casa para as amantes, fofocas,
humilhações, assassinatos inesperados e atos de vingança.
No romance um circo que se instala em Caruaru, com seus personagens cheios de magia, quando termina a temporada na capital do Agreste pega o caminho da Suíça Pernambucana.
No romance um circo que se instala em Caruaru, com seus personagens cheios de magia, quando termina a temporada na capital do Agreste pega o caminho da Suíça Pernambucana.
José Bispo,
um dos principais personagens de “Terra de Caruaru”, lembra o Sales Vila Nova
da hecatombe de Garanhuns. Ele é humilhado pelo coronel, leva surras
desmoralizantes, mas um dia reage e mata o todo poderoso Ribas. O crime vai
deixar a cidade em “estado de guerra”, numa situação muito parecida com o que
aconteceu aqui em 1917.
José Condé se
inspirou em Caruaru, para escrever a história, mas quem sabe nesse episódio
envolvendo o pobre Zé Bispo e o poderoso coronel Ribas os fatos ocorridos em
Garanhuns não tiveram alguma influência?
“Terra de
Caruaru” foi reeditado, tempos atrás, com apoio da Prefeitura daquele município. E o livro, com
belas ilustrações, podia ser encontrado em muitas casas comerciais e nos hotéis
do centro. Espero que continue assim, acessível para as novas gerações.
Seria bom que
em Garanhuns a Secretaria de Cultura e a Prefeitura Municipal tomassem idêntica
iniciativa com relação à obra de Luís Jardim.
Um dos
maiores nomes da literatura brasileira, também um dos melhores ilustradores do
Brasil em todas as épocas, o escritor garanhuense tem livros importantes
desconhecidos dos jovens e esquecidos pelos mais velhos.
Luís Jardim
tem dois romances belos de temática religiosa, um tendo como personagem São
Francisco de Assis e outro o próprio Jesus Cristo (“Proezas do Menino Jesus),
num outro livro ele lembra da infância em Garanhuns, tem ainda “As Confissões do
Meu Tio Gonzaga” e o ótimo volume de contos “Maria Perigosa”, com histórias
ambientadas na região, sendo citados inclusive o “coronel João Borrego”, de
Capoeiras, e a Serra do Tará, que fica logo depois de Caetés.
Quando Ivo
Amaral foi prefeito reeditou os livros de Luís Jardim. Já se passaram muitos anos.
Está na hora de outro dirigente do município resgatar a obra do grande
escritor, que chegou a vencer Guimarães Rosa num concurso literário.
Que se tome o
exemplo de Caruaru. Valorizando a nossa cultura e mostrando para o mundo a grandeza da “Terra de Garanhuns”.
Prezado Roberto,
ResponderExcluirEu não queria mais tocar neste assunto, mas é impossível ficar calado com tanto faz de conta. Eu já procurei meio mundo de gente, desde o governo Silvino, para a gente rever esse caso do escritor garanhuense Luís Inácio de Miranda Jardim. Inclusive, tive audiência com o prefeito Izaías e, nada, nadica de nada. A conversa entrou por um canto e saiu por aquele outro canto... Tudo em vão!!! Essas porras ainda dizem que adoram Garanhuns!!! Cansei!!! Vão pra puta que pariu!!!
P.S1.: - O melhor livro infantil de Luís Jardim, chama-se O BOI ARUÁ. Pois bem!!! Eis o que o Papa da Literatura Infantil, Monteiro Lobato, autor do Sítio do Pica Pau Amarelo, entre tanto, falou a respeito do livro de Luís Jardim: O BOI ARUÁ: "Dos livros infantis que li, O Boi Aruá, de Luís Jardim foi o mais belo livro no gênero escrito no Brasil"... Quem disso isso foi o PAPA da literatura infantil, imagina!!!
P.S2.: - Como recordar é viver, até hoje ainda guardo um recorte do Jornal Correio Sete Colinas de um apanhado da obra do escritor garanhuense escrito por Roberto Almeida, apanhado este, de muita valia para quem sabe o que isso significa.