Do dirigente do PSOL em Garanhuns, Paulo Camelo:
Estamos diante de um falso dilema entre à Direita Autêntica, ora
representada pelo candidato a Presidente, Aécio Neves, do PSDB, e a Falsa
Esquerda, ora representada pela candidata
a Presidente, Dilma Rousseff, do PT.
A campanha pelo voto útil em Dilma Rousseff, aumenta de intensidade
sobre os militantes e eleitores da esquerda anti-capitalista. Sob pressão de uma vitória eleitoral incerta, a
direção do PT assumiu um discurso apelativo no melhor estilo da Direita
Juramentada.
Nas relações interpessoais a ingenuidade é uma forma de desafogar o estresse e levar a vida com mais leveza.
Mas, na política a ingenuidade é fatal. Em Garanhuns, a ingenuidade de
parcela considerável dos eleitores, os leva a sempre votarem na Legião Estrangeira, perdendo representação
política nos parlamentos estadual e federal, como também no governo
municipal.
NÃO É VERDADE QUE A ÚNICA FORMA DE LUTAR CONTRA AÉCIO E O PSDB, É
VOTANDO EM DILMA, DO PT.
Dilma não corre o risco de ser derrotada pela posição de anulação do
voto da oposição de esquerda. Dilma corre o risco de ser derrotada por si
mesma, ou melhor, pelo que fez, e por aquilo que o PT não fez nos últimos doze
anos.
Não nos enganemos. A verdade nua e crua é que há vários pontos em comum
nos Programas de Dilma, do PT, e de
Aécio, do PSDB. As políticas sociais compensatórias, as quais foram iniciadas
no governo FHC, do PSDB, através do Programa Comunidade Solidária (Bolsa
Escola; Vale Gás; etc), foram aprimoradas no governo do PT através da Bolsa
Família. Considerando o enorme lucro dos Bancos no governo do PT, comenta-se
popularmente a criação, não oficial, da “Bolsa Banqueiro”.
Não é a toa que os juros estão alto e que há indicativo de aplicação de medidas de ajuste fiscal para
combater a inflação, com redução de gastos e superávit fiscal ainda maior.
O alarmismo disparado pelo PT,
tenta nos fazer acreditar que Aécio seria do mal, Dilma seria do bem.
Aí de nós, se não votarmos no mal menor. Essa campanha de dramatização é
despolitizante. O apelo emocional ao voto útil é muito eficaz, mas diminui o
significado da disputa política. Na Democracia Burguesa, sempre assistimos a
este espetáculo bizarro, cuidadosamente encenado pelos atores da Burguesia, PT
e PSDB, em que se cria um clima político irracional, em que a esquerda é
convidada a regredir a uma infantilização política. Portanto, a encenação
procura transformar a disputa eleitoral como se fosse um “Pastoril”, ou seja,
numa disputa entre o cordão azul e o vermelho, para animar a população.
O normal seria o PSDB de Aécio, fazer da dramatização sua arma política,
mas o que assistimos é o contrário, ou seja, o PT, de Dilma, outrora de
esquerda, fazer toda essa dramatização e despolitização.
Aécio, não é um candidato comprometido com a transformação da sociedade
brasileira. Mas, o PT, também não faz por onde representar essa transformação
por uma Sociedade mais Justa, Igualitária e Socialista.
O segundo turno é um aprendizado. É preciso saber lutar e diagnosticar a
conjuntura política nacional. A crítica deve ser política, demonstrando quais são
os interesses de classe que Aécio e Dilma, defendem. Ambos são porta-vozes das
reivindicações do capital: por isso a exigência de menos impostos e o silêncio
diante da proposta de taxação das grandes fortunas. O PT e o PSDB, governam em colaboração com as Classes Dominantes do
país.
Nesses últimos doze anos, o PT que outrora defendia os interesses dos
trabalhadores, foi mais eficaz na defesa do Capital, do que o próprio PSDB.
Esse foi o papel lamentável dos governos liderados pelo PT nos últimos doze
anos. Por isso Lula se transformou em uma coqueluche mundial e recebeu o apoio
dos governos mais reacionários do planeta. Porque foi o governo que garantiu a
estabilidade social no país que foi, nos anos oitenta, o campeão mundial de
horas de greve.
Não podemos cometer o erro de escolhermos o carrasco menos cruel, ora
imposto pela Democracia Burguesa.
Eleitoralmente, as massas se mobilizam no terreno das ilusões. Por isso
o voto em Lula em 1989, e em 2002, tinha uma função de aprendizado e de
dialogar com a população no terreno das ilusões. Mas, agora a ilusão passou,
porque o PT não rompeu com o programa neoliberal de ajuste dos governos de
Fernando Henrique Cardoso.
Depois de doze anos, nossa responsabilidade nos impede de votar
novamente no PT. Afinal, o PT é aliado de carteirinha de Renan, Maluf e Sarney.
Afinal, o capitalismo brasileiro não tem porque temer o PT.
Esta eleição não é uma disputa entre o capital e o trabalho. São dois
projetos idênticos de gestão do capitalismo, os quais um será vencedor em 26 de
outubro de 2014.
O papel dos socialistas é combater a perigosa ilusão de que é possível
regular o capitalismo. A história vem demonstrando de maneira trágica que não é
possível. Os mercados não aceitam ser limitados pela via da negociação.
A população de esquerda que decidir
votar em Dilma, mesmo que na
forma de voto crítico, para derrotar Aécio, deve se perguntar como vai se
sentir quando for anunciado o primeiro pacote de ajuste fiscal em 2015. Vai se
arrepender e, infelizmente, ficar
frustrado. A frustração tem um custo alto para a esquerda. Portanto:
NEM O PASSADO COMO ERA, NEM O PRESENTE COMO ESTÁ.
SÓ A LUTA NOS LEVA AS CONQUISTAS.
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