Paulo César Araújo,
autor do livro “Roberto Carlos em Detalhes”, censurado por conta de uma ação
judicial movida pelo cantor, está com uma obra nova na praça e desta vez como
que “dá o troco ao Rei”.
O livro “O Réu e o Rei” é a
história de vida de Paulo César, com foco na sua paixão por música e sua
admiração por Roberto Carlos. O escritor conta como foi sua vida em Vitória da
Conquista, na Bahia, revela porque teve de se mudar para São Paulo e depois para o
Rio de Janeiro, além das dificuldades enfrentadas para sobreviver e cursar as
faculdades de jornalismo e história.
Ainda estudante, Paulo
começou com os colegas de faculdade um trabalho de pesquisa da música popular
brasileira. Entrevistou desde os mais sofisticados, como João Gilberto, Tom
Jobim e Caetano Veloso, até os chamados bregas, caso de Waldick Soriano,
Aguinaldo Timóteo, Odair José e Reginaldo Rossi.
Não tinha carro nem
telefone. Usava fichas para ligar de orelhões e se deslocava à casa das
celebridades usando ônibus. O primeiro livro que publicou, “Eu não Sou Cachorro
Não”, teve boa receptividade da crítica e comoveu os cantores românticos, que
nunca tinham sido reconhecidos ou valorizados nos meios acadêmicos ou
intelectuais.
“Roberto Carlos em
Detalhes”, o segundo livro de Paulo César Araújo, recebeu elogios dos
principais críticos musicais do país e logo entrou na lista dos mais vendidos
no Brasil. A obra, no entanto, deixou o cantor de Cachoeiro de Itapemirim à
beira de um ataque de nervos, uma verdadeira “fera ferida”. O artista perdeu a
esportiva durante uma entrevista coletiva e anunciou, às vésperas de Natal, que
ia para a guerra visando processar o seu biógrafo.
HISTÓRIA - Paulo César conta
toda essa história minuciosamente,
relembrando que passou 15 anos tentando entrevistar Roberto Carlos e trabalhando em sua biografia. Foi esnobado mais de uma vez pela assessora de imprensa do Rei (Ivone Kassu, que morreu em 2012), tapiado por empresários do cantor, mas nunca desistiu do seu projeto.
relembrando que passou 15 anos tentando entrevistar Roberto Carlos e trabalhando em sua biografia. Foi esnobado mais de uma vez pela assessora de imprensa do Rei (Ivone Kassu, que morreu em 2012), tapiado por empresários do cantor, mas nunca desistiu do seu projeto.
O livro sobre Roberto
Carlos enaltece o artista, reconhece sua importância na música popular
brasileira, colocando-o no mesmo patamar de João Gilberto, Caetano Veloso,
Chico Buarque ou Gilberto Gil. A reação do cantor, que deveria ser de
agradecimento, foi belicosa, injusta e incompreensível.
“O Réu e o Rei” é um
trabalho impecável que mostra tudo isso e desconstrói a imagem de bom moço de
Roberto Carlos.
Se no primeiro livro
o escritor foi apenas fã e não mostrou o lado negativo do cantor, no segundo
ele mostra as contradições do homem de igreja, devoto de Nossa Senhora e que
pregava a necessidade de ter “um milhão de amigos”.
Roberto, que tanto pregou
a paz em suas músicas, montou uma “operação de guerra” para levar um jornalista
aos tribunais e trazer de volta à censura ao Brasil.
No primeiro livro Roberto
Carlos sai engrandecido, como cantor, compositor e ser humano.
Nesta segunda obra, Paulo
César mantém os elogios, o reconhecimento do trabalho artístico, mas também alfineta
o algoz e publica muitas das críticas desfavoráveis a RC durante o seu longo reinado.
Paulo César Araújo cresce
como jornalista, historiador e pesquisador sério que é, enquanto Roberto Carlos
fica menor perante o seu próprio público.
Não sabe se por mania
ou burrice o cantor tirou de circulação a biografia “Roberto Carlos em Detalhes”.
Deu um tiro no pé. Permitiu a Paulo César escrever um livro tão bom quanto o
primeiro e dar a última palavra.
Quem tiver a oportunidade
de ler os dois livros ou pelo menos o último não terá a menor dúvida de que o Rei
está errado nessa história toda, “ficou nu”. Enquanto Paulo César Araújo, o menino
que foi engraxate e vendeu picolés, adquire de vez o respeito da imprensa, da
intelectualidade e do meio artístico, em detrimento de um artista que corre o risco
de ficar marcado na história não por tantas canções de sucesso e sim por conta
de uma atitude mesquinha e policialesca.
O réu deu a volta por
cima.
(Texto: Roberto Almeida. Nas fotos da Revista Veja o jornalista e historiador Paulo César Araújo e o cantor Roberto Carlos).
(Texto: Roberto Almeida. Nas fotos da Revista Veja o jornalista e historiador Paulo César Araújo e o cantor Roberto Carlos).
O Rei jamais ficará menor. Por que esse aproveitador para ganhar dinheiro não faz um livro sibre sua vida, de seus parentes, etc? Quer se aproveitar do nome de Roberto Carlos para ganhar dinheiro e que que este ache bom. Quem tem que ganhar dinheiro com a sua vida é ele mesmo e não os outros. Ele tem todo o direiro de não ver sua vida dissecada sem o seu consentimento em uma pseudo biografia. O nobre blogueiro gostaria de ver a sua exposta? Tenho certerza que não. Eu entendo que toda biografia só devia ser publicada com a autorização do biografado. Se assim ele não quer, não devia ser publicado. Eu não falo de reportagens ou coisas do gênero; nesse caso por ser um homem público está sujeito a isso, agora biografia, não concordo e estou com o Rei nessa e sei que a grande maioria de seus fãs e admiradores também.
ResponderExcluirSó pra conhecimento, o autor do livro propôs abrir mão de direitos autorais relativos ao livro na época do processo. Não é uma pseudo biografia, é um livro sério, muito bom, que me deu argumentos ainda maiores para defender a obra de roberto carlos. o rc saiu menor sim, muito menor nessa questão. quanto a questão das biografias, minha fama de mau, do erasmo carlos, por exemplo, é muito ruim, porque é totalmente chapa branca. imagine pedir ao josé sarney ou ao hitler, ou a paulo maluf para publicar um livro sobre eles e contando apenas o que eles gostariam que fosse contado. sugiro que assistam um documentario sobre o livro de joão havelange e vão entender, os que nao estão acostumados a ler, que biografias ajudam a entender uma época, um tempo. claro que todos queremos que só falem bem de nós, mas isso não pode ser o mote da censura.
ExcluirGosto muito de Roberto Carlos e ouço suas canções desde criança; lamento é que o artista inspirado de músicas como detalhes, cavalgada, café da manhã e a distância tenha censurado um livro que faz justiça a sua carreira ímpar na história do Brasil; li o livro proibido de Paulo César Araújo ao qual considero como uma ode ao Rei; aconselhado talvez por advogados gananciosos ele tomou essa atitude estúpida que decepcionou muitos fãs; pretendo ler este novo livro de Paulo César Araújo e fico triste de tomar conhecimento de que o escritor desta vez aponta as contradições do cantor; realmente se Roberto sempre pregou a paz como pode fazer parte desta guerra suja e se posicionar como se o Brasil ainda vivesse sob um regime ditarial?
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