A apresentadora Xuxa foi ao Senado
para acompanhar a votação da Lei
O Plenário do Senado aprovou, na noite desta
quarta-feira(4),
em votação simbólica, o Projeto de Lei da Câmara batizado popularmente como “Lei
da Palmada”.
A matériafoi aprovada pelos senadores com o nome de
"Lei Menino Bernardo", em
homenagem ao garoto gaúcho Bernardo Boldrini, de 11 anos, cujo corpo foi
encontrado no mês de abril, enterrado às margens de uma estrada em Frederico
Westphalen (RS). O pai e a madrasta são suspeitos de terem participação na
morte do garoto.
O presidente do Senado, Renan Calheiros,
disse que o projeto é importante e destacou que a data de
4 de junho é destinada a comemorar o Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão.
Para Renan, o Senado votou uma lei de
interesse de toda a sociedade brasileira, pois o texto poderá ajudar na harmonização da relação
de pais e filhos. A apresentadora Xuxa Meneghel, defensora da lei, a ministra
da Secretaria das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e a ministra do
Turismo, Marta Suplicy, acompanharam a votação. Mais cedo, em visita ao
presidente Renan Calheiros, Xuxa pediu que as crianças sejam educadas sem
violência.
- A lei vai impedir que usem violência, é só
isso. Pode educar de qualquer maneira, sem o uso da
violência. A pessoa que deu uma palmada vai ser presa? Não! Nós queremos
mostrar que as pessoas podem e devem ensinar uma criança sem usar violência. É
só isso que estamos pedindo. É isto que a lei faz: que a criança seja vista com
os mesmos direitos que nós, adultos – pediu Xuxa.
Sociedade
de paz
Para a senadora Ana
Rita (PT-ES), relatora da matéria na CDH, a razão primordial do projeto é
proteger crianças e adolescentes do tratamento degradante. Segundo a
senadora, o projeto não busca penalizar, mas sim encaminhar os pais, quando for
o caso, a cumprirem determinados procedimentos, como cursos ou orientação
psicológica. Ela acrescentou que o Conselho Tutelar está respaldado para agir.
Dependendo da situação, o conselho poderá inclusive acionar a polícia.
A senadora reconheceu
que o projeto é polêmico, e lembrou que o ato de bater é cultural e frequente
em muitas tradições. Ana Rita, no entanto, enfatizou que essa cultura precisa
ser enfrentada. Ela fez questão de destacar que a lei não é punitiva, mas um
texto que procura educar as pessoas e garantir que as crianças não sejam educadas de
forma agressiva. Na visão de Ana Rita, o projeto propõe repensar valores que
não combinam com uma sociedade justa e solidária.
- Esta lei contribui
para que tenhamos cidadãos mais preparados para o futuro. Se queremos uma sociedade melhor
e de paz, precisamos formar essa nova geração com novos princípios e valores, com
cidadãos mais tolerantes e que suportem melhor uns aos outros – declarou.
Na opinião do senador
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o projeto tem inspiração científica e contempla a
"triste realidade" da violência contra as
crianças. Ele informou que os dados do Brasil apontam 130 mil casos de violação de direitoshumanos de crianças
só em 2012. O senador Mário Couto (PSDB-PA) disse que a aprovação do texto é um
"passo à frente" e pediu uma gestão mais eficiente para cuidar das
crianças carentes.
A senadora Lídice da
Mata (PSB-BA) pediu uma nova cultura na
educação de filhos e disse que "palmada não causa lesão". Os
senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) também elogiaram o
texto. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a lei é necessária para a que se
mude a mentalidade do uso da violência na educação de crianças.
-
Esta lei vai mudar os costumes e a cultura. Vamos avançar. Queremos construir
uma sociedade em que todos tenham direitos e que esses direitos sejam
praticados desde muito cedo – disse Humberto.
Tempo
De acordo com o senador Magno Malta (PR-ES), cerca
de 80% do projeto já estão contemplados no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). O senador criticou a subjetividade do projeto e pediu clareza no texto
para separar "educação de filhos" da "violência". Malta
lembrou que uma de suas batalhas de vida é lutar contra a pedofilia e pela
recuperação de dependentes químicos, assim, teria legitimidade para tratar do
assunto. O parlamentar leu um artigo do jornalista Ricardo Kostcho, com
críticas à Lei Menino Bernardo. Segundo o artigo, as pessoas vêm diminuindo o
uso da palmada, mas nem por isso a violência deixou de crescer.
Magno
Malta ainda afirmou que a Justiça precisa agir, em casos de denúncias de
abusos, no tempo máximo de 24 horas – para evitar que muitos agressores
escapem. Ele reclamou que o texto do projeto "dormiu quatro anos na
Câmara", mas não foi debatido de forma profunda no Senado. Ele fez questão
de dizer que "não desaprova" a iniciativa, mas registrou que teve
apenas "uma hora" para examinar o texto.
-
O que o Senado está fazendo é um crime contra ele mesmo – declarou.
Medidas
O projeto inclui
dispositivos no ECA (Lei 8.069/90), para garantir o direito da criança e do adolescente de serem educados e
cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. O
texto define castigo como a "ação de natureza disciplinar ou punitiva com
o uso da força física que resulte em sofrimento físico ou lesão à criança ou ao
adolescente". O tratamento cruel ou degradante é definido como
"conduta ou forma cruel de tratamento que humilhe, ameace gravemente ou
ridicularize a criança ou o adolescente".
Segundo a proposta, os pais
ou responsáveis que usarem castigo físico ou tratamento cruel e degradante
contra criança ou adolescente ficam sujeitos a advertência, encaminhamento para
tratamento psicológico e cursos de orientação, independentemente de outras
sanções. As medidas serão aplicadas pelo conselho tutelar da região onde reside
a criança.
Além
disso, o profissional de saúde, de educação ou assistência social que não
notificar o conselho sobre casos suspeitos ou confirmados de castigos físicos
poderá pagar multa de três a 20 salários mínimos, valor que é dobrado na reincidência.
O
projeto ainda prevê que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios
deverão atuar em conjunto na organização de políticas públicas e campanhas de
conscientização sobre o assunto. (Fonte: Agencia Brasil. Foto: Portal IG).

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