Do jornalista olindense e cidadão pernambucano Ruy Sarinho, exclusivamente para o Blog de Roberto Almeida:
Num dos jogos do Sport pela Libertadores
da América na Ilha do Retiro, o saudoso repórter Haroldo Rômulo de Medeiros – o
“Dá-lhe!...-Dá-lhe!...” – num flashe ao vivo para a Rádio Jornal, entrevistou
um dirigente do Sport na fila das bilheterias enaltecendo o seu gesto de ter
comprado 500 ingressos para distribuí-los com a Torcida Jovem. Dias depois,
ainda incomodado com aquela notícia, liguei para Haroldo para tirar minha
dúvida, se tinha ouvido mesmo aquilo, o que ele me confirmou. Aquele flashe
saiu no noticiário esportivo, mas fiz um comentário para um dos blogues do futebol
afirmando que aquela notícia deveria ter saído nas páginas policiais, que
merecia investigação séria: Qual a relação que existe entre os clubes e essas
quadrilhas organizadas que já causaram diversas mortes em Pernambuco e no País,
fora os muitos jovens que ficaram com deficiências irreversíveis, prostrados
numa cama ou usando uma cadeira de rodas para o resto de suas vidas?
Fiz esta introdução para chamar o debate
sobre as relações promíscuas entre dirigentes de futebol e essas chamadas
torcidas organizadas. O que eles recebem de volta para patrocinarem esses
grupos de marginais com sede, ingressos, ônibus e viagens pagas?
Acabei de ouvir na Rádio Jornal, no
Programa Domingo Esportivo, com Edinaldo Santos - um dos poucos a combaterem há
muito tempo a existência desses bandidos travestidos de torcedores organizados
– o advogado Lenivaldo Gaya, que faz comentários conscientes e competentes,
afirmar que os dirigentes tem medo dessas torcidas. Neste ponto, acho que não é
medo, mas interesses escusos que não podem ser contrariados, esportivos,
empresariais ou políticos. Semana passada o presidente do Santa Cruz e
vereador, Antônio Luiz Neto, atacou Edinaldo por essas críticas e defendeu a
sua Inferno Coral. Está aí o resultado trágico, com este assassinato.
Esta morte do jovem de 26 anos, Paulo
Ricardo Silva, não é fato isolado como dizem os dirigentes do Santa Cruz,
talvez para se omitirem, mais uma vez. E nem foi cometido apenas por duas mãos,
mas pelas mãos de todos os que se omitem nesta questão da violência no futebol
e a incentiva com as organizadas. Foi um assassinato doloso, cometido por
muitas mãos.
Ainda me lembro do dia em que o Ministério
Público de Pernambuco entregou trofeus às três mais famosas organizadas do
Estado. O radialista Edinaldo Santos lembra-se muito bem, pois foi o único que
criticou o fato. Lógico que a violência do futebol, cujo retrato mais fiel é
composto pelas ações das chamadas torcidas organizadas, integra uma realidade
muito mais ampla, cultural, pela qual a sociedade no seu todo está vivendo. Não
é apenas a violência física, ou psicológica. Faz parte de um contexto da
violência nas suas raízes sociais, na agressão aos direitos humanos
fundamentais que impede que milhões de jovens, e suas famílias, tenham acesso a
uma vida digna, com casa decente, alimentação, saúde, educação, transporte e
lazer, porque tudo isto também representa os direitos humanos.
Numa linguagem
popular, portanto, o buraco é muito mais embaixo. Uma grande fatia da população
brasileira aprova a violência, ao defender que a Polícia tem que matar os
bandidos, pelo menos os pobres. É aquela elite, a burguesia fedorenta apesar
dos perfumes franceses, que, em suas torres fabulosas na Cidade ou nas fazendas
no Interior, se sente ameaçada pelas conquistas de melhores dias que o povo, a
população carente, escanteada por mais de cinco séculos, passou a viver nos
últimos 11 anos no Brasil, depois de Lula. Dia desses, numa conversa entre
taxistas na Madalena, ouvi um vendedor elogiar um policial que carregava muitos
processos nas costas por mortes de “bandidos”, segundo ele, que completou
dizendo que quando o policial não tem processos por mortes é porque não atua,
não mata os bandidos e não presta para o serviço.
Este, infelizmente, é o pensamento de boa
parte dos chamados “cidadãos de bem”, verdadeiros apologistas às vezes até
inconscientemente da violência e dos assassinatos de pessoas pobres apontadas
na televisão como “almas sebosas”. E aí, entra a força da mídia que começou no
rádio com os programas policiais e ganhou a televisão, bombando as suas
audiências locais com horários que são verdadeiras apologias à violência, aos
grupos de extermínio etc. Quanto mais sangue derrama-se pelas telinhas da TV,
mais lucro vai para os bolsos desses comunicadores da violência e de seus
patrões.
E tudo sob os olhos cegos do Ministério Público. Isto acontece em
todos os estados do País, sem distinção.
Virou uma cultura. Tem um programa de rádio, aqui no Recife, que faz
umas novelinhas divididas em várias inserções ao longo de sua programação, com
entrevistas de acusados de crimes, familiares de vítimas e outras pessoas
envolvidas, sempre gente pobre, com galhofas ou tons sensacionalistas sobre as
mortes, estupros e outros crimes de que tratam. Nessas rádio-novelinhas, a maioria
das vítimas é de jovens negros executados, que é apontada com dedo em riste
pelo apresentador como bandida. Se o Ministério Público atuasse pra valer na
defesa dos direitos humanos, isto seria tirado do ar, o que não seria censura,
mas sim o combate a essa apologia à violência, uma ideologia que glamoriza os
crimes violentos.
Se quem lucra com futebol quer continuar enchendo seus bolsos de dinheiro, que se una para
acabar com a existência das quadrilhas organizadas no futebol. E mais, entre
numa parceria com todos os poderes públicos para avançar nas conquistas sociais
da população mais pobre, dando acesso ao que ela ainda não tem para viver com
dignidade, principalmente os jovens sem perspectivas de futuro. Aí, sim, será o
grande GOL, não apenas do futebol brasileiro, mas de toda a sociedade, De todo
o povo brasileiro.
(Na foto o torcedor do Sport Paulo Ricardo, de 26 anos, vítima da violência no futebol, num ato estúpido que teve repercussão internacional).
Li com a atenção especial a sua crítica bem escrita, e indo ao âmago da questão, não irei divergir, aliás quem sou eu para cometer tamanha estupidez. Vindo o comentário de pessoa tão qualificada, quanto o escritor Olindense Ruy Sarinho, irei apenas acrescentar sobre esses descasos e essas confusões, que se tornaram "Prenúncio de
ResponderExcluirmortes anunciadas". Comentarei inicialmente sobre esses, que por diversos motivos, tornaram-se bandidos,e também conhecemos outros que pelos mesmos motivos, não são bandidos, são jovens e homens de bem. Esses últimos acontecimentos, que culminaram com a morte estúpida de um jovem, que alí, naquele momento, eram entre 40 ou 50 torcedores fotografando e assistindo ao jogo. Com conivência, reincidência e omissão, como quando os vasos da Ilha do Retiro, que foram por duas vezes arrancados e quebrados, de três ou quatro banheiros,existe uma dívida do Santa Cruz com o Sport ou com a Federação Pernambucana de Futebol, no valor aproximado de R$ 30.000,00, resultado desses incidentes, e quem os flagrou na tentativa de arremessá-los na Ilha do Retiro, foram a Polícia Civil ou Militar, ou, em não ter em quem jogar, já que na Ilha, os torcedores do Sport ficam em lados opostos aos do Santa Cruz, e não passam embaixo da arquibancada, onde ficam infilltrados esses vagabundos trogloditas, assassinos. São bandidos, assassinos, canalhas, infiltrados nas torcidas organizadas, de Sport, Santa Cruz e Náutico, Pergunto: precisa-se matar as vacas para se extirpar os carrapatos? Nunca ! Nós temos uma Polícia mal paga e mal equipada, porém, com excelentes policiais sejam civis, sejam militares, que em situações muito piores desvendaram crimes muito mais complicados, elucidando cientificamente, casos muito mais dificeis, que precisaram de relevantes estudos. Tenho duas observações a fazer: a primeira qual a torcida que deve sair primeiro do estádio após o jogo? A menor, evidente, nós estamos fazendo ao contrário ou já fizemos antes tantas vêzes.É mais fácil dispersar um homem, que mil homens, vinte mil homens, Colocar na rua 20.000 homens, e deixar 700 ou 800 homens dentro do estádio para liberá-lo 15 minutos depois, é entregá-los às feras. Desses 20.000, calcula-se que,em qualquer país, existem entre 1 à 2 % de bandidos, o mesmo percentual de vagas prisionais,ou sejam bandidos, assassinos, estupradores etc. Os EUA, tem 1% de vagas, ou seja 3.000.000 de vagas,( no Brasil não temos 400.000 vagas, com 200.000.000 de habitantes, precisávamos de 2.000.000 de vagas prisionais). Voltando ao assunto do estádio, 200 pessoas desses 20.000 são bandidos ou marginais, aguardando os 10 ou 20 também bandidos, que ainda estão dentro do estádio sairem, aguardando liberação da Polícia, e quando forem liberados os bandidos de uma facção vão encontrar-se com a outra facção, todos armados com ferro, madeira, martelo, pedras etc. e daí vem o pior, o resultado.Ontem num programa do Sudeste ví críticas à esse respeito.Quando a polícia faz o seu trabalho, ou seja, prende o bandido. Chega o advogado com um habeas-corpus assinado por um Magistrado e a polícia cumpre o seu dever de soltar essa fera assassina para ir matar outros. Senhores advogados,eu que faço parte dessa família, Srs Magistrados: um calhorda que joga de 25 ou 30 metros um vaso sanitário de 30 kgs, chega embaixo com 350 kgs, que poderia cair em nossas cabeças, dos nossos filhos, parentes e amigos, o mínimo que merece é passar o resto da vida na cadeia. Nos EUA, estaria ou estariam no corredor da morte.
Já é mais que notório que em cada jogo destes adentram aos estádios hordas incontáveis de marginais da pior espécie. E mesma assim pais de família insistem em comparecer e levar esposa e filhos nesses jogos. Saibam que vocês não estão se expondo somente a receber uma privada na cabeça, como podem ter suas mulheres e filhas estupradas, podem levar tiros, podem levar facadas, espetadas com cacos de vidro, pedradas, pontapés, e assaltos de todo tipo pois a cada jogo do Sport, Naltico e Santinha é como fazer uma visita no Anibal Bruno em plena rebelião. Então saiba que se for ver joguinho dos timinhos de merda de Pernambuco é por sua conta e risco.
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