Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro de Fernando Henrique, escreveu um artigo surpreendente, publicado no jornal Estado de São Paulo. No texto ele chega a elogiar os governos de Lula e Dilma, defende o deputado José Genoíno, condenado pelo STF no escândalo do mensalão e chama a direita brasileira de "moralista". Vale a pena refletir sobre as considerações do economista.
Nestes últimos meses vimos a direita recuperar
o dom da palavra. Em 2002 ela se apavorara com a perspectiva da eleição de um
presidente socialista. O medo foi tanto e contaminou de tal forma os mercados
financeiros internacionais que levou o governo FHC a uma segunda crise de
balanço de pagamentos.
O novo presidente, entretanto, logo afastou os
medos dos ricos que então perceberam que não seriam expropriados. Pelo
contrário, viram um governo procurando fazer um pacto político com os
empresários industriais e que não hostilizava a coalizão política de grandes e
médios rentistas e dos financistas.
Por outro lado, o novo governo de esquerda
pareceu haver logrado retomar o crescimento econômico, ao mesmo tempo que
adotava uma politica firme de distribuição de renda. Na verdade, beneficiava-se
de um grande aumento nos preços das commodities exportadas pelo país, e da
possibilidade (que aproveitou de forma equivocada) de apreciar a moeda nacional
que se depreciara na crise de 2002.
Lula terminou seu governo com aprovação
popular recorde, e com a direita brasileira sem discurso. Deixou, porém, para
sua sucessora, a presidente Dilma, uma taxa de câmbio incrivelmente
sobreapreciada, que, depois de haver roubado das empresas brasileiras o mercado
externo, agora (desde 2011) negava-lhes acesso ao próprio mercado interno.
Sem surpresa, os resultados econômicos dos
dois primeiros anos de governo foram decepcionantes. E, no seu segundo ano,
foram combinados com o julgamento do mensalão pelo STF, transformado em grande
evento político e midiático.
Com isto o governo se enfraqueceu, e a direita
brasileira recuperou a voz. Mas uma voz vazia, liberal e moralista. Liberal
porque pretende que a solução dos problemas é liberalizar os mercados ainda
mais, não obstante os maus resultados que geraram. Moralista porque adotou um
discurso de condenação moral de todos os políticos, tratando-os de forma
desrespeitosa, ao mesmo tempo que continuava a apoiar em voz baixa os partidos
de direita.
Quando, devido às manifestações de junho, os
índices de aprovação da presidente caíram, a direita comemorou. Não percebeu
que caíam também os índices de aprovação de todos os governadores. Nem se deu
conta de que a presidente logo recuperaria parte do apoio perdido.
Quando o STF afinal garantiu a doze dos
condenados do mensalão um novo julgamento de alguns pontos, essa direita
novamente se indignou. Agora era a justiça que também era corrupta.
Quando o deputado José Genoino (condenado
nesse processo porque era presidente do PT quando as irregularidades
aconteceram) manifestou o quanto vinha sofrendo com tudo isso --ele que, de
fato, sempre dedicou a sua vida ao país, e hoje é um homem pobre--, essa
direita limitou-se a gritar que o Brasil era o reino da impunidade, em vez de
perceber que o castigo que Genoino já teve foi provavelmente maior do que sua
culpa.
Os países democráticos precisam de uma direita
conservadora e de uma esquerda progressista. Mas cada uma deve ter um discurso
que faça sentido, em vez do mero moralismo que a direita vem exibindo..
E depois dizem que os TUCANOS SÃO DE DIRETA!!!
ResponderExcluirQUANTA PIADA PRONTA!!!
Não existe tempo para se reconhecer, quando se está certo ou errado, as pessoas evoluem e são tristes aqueles que não mudam suas opiniões, e não evoluem.
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