Do cientista político Túlio Velho Barreto, no Blog do Torcedor:
Não, felizmente, os militares, e seus eternos apoiadores, não
derrubaram a presidenta Dilma Rousseff e restauraram a ditadura militar-civil,
de triste, mas perene memória, no Brasil. Pelo menos é o que nos mostram os
trabalhos já entabulados pela Comissão Nacional da Verdade e as diversas e
atuantes Comissões Estaduais pelo país afora.
Mas, como todos sabem, no último sábado, afrontando um protesto pacífico da
torcida do Náutico, no Estádio dos Aflitos, alguns saudosistas deram o ar de
sua graça. E continuam a mostrar as suas garras. Senão vejamos.
Na ocasião, os torcedores presentes apoiaram a iniciativa de dois deles, que
levaram para o Estádio uma faixa com os seguintes dizeres: "Não irão nos
derrubar no apito". E os ajudaram a mostrá-la para os demais e para a
mídia que ali trabalhava, ou seja, para todo o país.
O pacífico protesto - e, inicialmente, silencioso - da torcida do Náutico foi
contra a arbitragem no Brasileirão 2012. E ocorreu antes e durante o jogo
contra o Atlético-GO.
Tal fato ocorreu, como disse, por iniciativa de dois torcedores, porque - não
só eles, mas muitos outros - consideram que o Náutico tem sido sistematicamente
prejudicado com a não marcação de pênaltis, como no caso do jogo contra o
Fluminense; com a marcação de pênaltis inexistentes contra o Clube, como no
caso do jogo frente ao Atlético-MG; e contra a anulação incorreta de gols do
Náutico, como aqueles anotados por Araújo contra o Internacional e Vasco.
Estes são apenas exemplos - ironicamente ocorreram duas jogadas que valeriam
ser analisadas: uma, em que foi marcado pênalti a favor do Náutico e outra, em
que o pênalti não foi anotado, quando ambas as jogadas são passíveis de
interpretações divergentes.
Mas, a motivação deste texto vai além das quatro linhas do acanhado Estádio do
Náutico e da difícil situação financeira de um Clube localizado na periferia da
economia nacional.
Então, vamos aos fatos.
No sábado, o árbitro do jogo, Leandro Pedro Vuaden, achou por bem só começar a
partida, o que o fez 16 minutos após a hora marcada, quando a referida faixa
foi - apenas aparentemente - retirada. Uma bobagem, pois a faixa, logo depois,
foi novamente levantada, o que ocorreu inúmeras vezes, a critério dos
torcedores, sem que o jogo fosse interrompido.
Considero, e não tenho dúvidas quanto a isso, que este tema merece a atenção
dos torcedores de todos os clubes, dos jornalistas, dos esportistas... Enfim,
de todas as pessoas interessadas em futebol e no pleno exercício da cidadania.
Sim, o tema não diz respeito apenas à esfera esportiva.
Até porque, já sabemos, o caso vai ter desdobramentos.
O procurador do STJD Paulo Schmitt, aquele mesmo que, anos atrás, puniu o
Náutico com a perda de mando de campo em função da ação descontrolada do
zagueiro André, do Botafogo, e da ação inadequada da Polícia Militar, sem que o
Clube tivesse nada a ver com uma e/ou outra, já anunciou que o Náutico poderá
vir a ser punido pelo atraso do jogo.
Ora, estava no Estádio e, inicialmente, fiquei com a clara impressão - perdão
pela ingenuidade! - que o próprio árbitro poderia ser punido por ter
extrapolado suas atribuições e competência, ao tentar disciplinar o
comportamento de pacíficos torcedores nas arquibancadas. E porque sua decisão
foi o único motivo pelo atraso do início do jogo. Também porque sua decisão
poderia ter levado a torcida a se indispor contra ele e os assistentes. E
colocar em risco a todos e todas presentes.
E, sobretudo, porque a faixa não personalizava. Mas, apenas, expressava o
sentimento de torcedores contra eventos ocorridos em algumas outras
partidas.
Felizmente, apesar de tudo, a torcida comportou-se de forma exemplarmente
tranquila e ordeira.
Pergunto: o que estão querendo fazer com o futebol?
Os goleadores já não podem comemorar plenamente com os torcedores. Agora, os
torcedores não podem mais protestar pacificamente contra o que acham estar
errado. Mais uns dias, não se iludam, o árbitro vai suspender uma partida
porque alguém o vaiou, o chamou de ladrão ou fez algo parecido com os
auxiliares. Ou chamou jogadores ou técnicos de burros, time de frouxos
etc.
Para que serve os torcedores? Insisto. Para permanecer em silêncio durante uma
partida? Para apenas aplaudir as belas jogadas de seu time? Ou mesmo os acertos
da arbitragem e do adversário, deixando manifestação em contrário apenas para
os iluminados membros do STJD? Quem sabe, restará gritar Bravo! a cada gol de
seu ídolo...
Ainda bem que o árbitro do jogo e o procurador do STJD não atuavam durante a
ditadura militar, lá no início dos anos 1980, em plena campanha das Diretas Já.
Senão, como seriam as partidas do Corinthians em plena Democracia Corinthiana?
As partidas só iniciariam depois que todas as faixas exigindo liberdades
democráticas, eleições diretas para presidente etc. fossem recolhidas?
E se, mesmo assim, o capitão do Corinthians e da seleção brasileira Sócrates se
negasse a retirar a pequena faixa que amarrava em torno da cabeça exigindo o
mesmo, não haveria mais futebol em São Paulo nas tardes de domingo e noites de
quarta-feira?
Pois é, nem durante a ditadura militar-civil vimos nada parecido. Nem a
ditadura militar-civil ousou tanto.
Só dá para ficar pensando que estes senhores estão realmente empenhados em
acabar com o futebol, esta prática social tão relevante, que mobiliza milhões
de pessoas no mundo inteiro. Ou há algo mais sério por trás de iniciativas como
estas, que nossa vã filosofia não alcança nem compreende?
Sou torcedor do Sport Club do Recife e apoio incondicionalmente o amigo Túlio Barreto, por sua feliz e inteligente interpretação desses fatos lastimáveis, sempre contra o futebol Nordestino, o Sport tem sido garfado também constantemente por esses árbitros que moram no sul ou aqueles que fazem média com a corrupção que continua na CBF, nada mudou com a saída do corrupto Ricardo Teixeira, e agora a ordem da CBF, é tirar o Palmeiras da zona de rebaixamento, prejudique a quem prejudicar. O lugar desses corruptos é na cadeia. Algum poder tem que entrar já na caixa preta da CBF, e prende-los a todos.
ResponderExcluirNão quero pousar de vitima, mas ísso é préconceito com o Nordeste.
ResponderExcluirIsso é uma vergonha.