Luís Inácio de Miranda Jardim nasceu em Garanhuns, no dia 8 de dezembro de 1901. Filho de Manuel Antônio de Azevedo Jardim e Angélica Aurora de Miranda, foi uma criança doente e por conta dos seus problemas de saúde só frequentou escola até os 13 anos.
Com apenas 17 anos de idade, Luís Jardim teve de deixar a terra natal. Em 1917 o deputado Júlio Brasileiro, representante do município na Assembleia Legislativa do Estado, foi assassinado a tiros, no Recife, pelo capitão Sales Vila Nova. Esse crime deu origem a chamada Hecatombe de Garanhuns, episódio triste e marcante da terra das Sete Colinas.
A viúva do deputado, Ana Duperron, ordenou o assassinato de todos os integrantes das famílias Miranda e Jardim. Por conta de um ato isolado do capitão Sales Vila Nova muitos perderam a vida, inclusive o pai daquele menino que iria se tornar no futuro um dos maiores desenhistas e escritores brasileiros.
Luís Jardim foi morar na capital pernambucana e lá trabalhou na casa de um senhor chamado Elpídio Godim, fazendo serviços gerais. Nesta residência conheceu um professor que o incentivou a voltar a estudar, a conhecer a gramática e a aprender inglês.
O garanhuense tomou gosto pela leitura e desenvolveu também o talento de desenhista, que já fora despertado no município onde nasceu.
Como ilustrador, publicou seus primeiros trabalhos na Revista do Norte e no jornal A Província. A partir daí, ilustrou muitos livros, com destaque para o Guia Prático Histórico e Sentimental do Recife, do sociólogo Gilberto Freire.
O autor de Casa Grande e Senzala, Osório Borba e Joaquim Cardoso seriam intelectuais com os quais Jardim faria amizade no Recife.
Incentivado por Freire, Luís resolveu se mudar para o Rio de Janeiro. Na então capital da República, fez exposição de seus desenhos e pinturas, tendo, em 1937, participado de um concurso do Ministério da Educação e conquistado os dois primeiros lugares com histórias do folclore brasileiro reunidas nos livros O Boi Aruá e O Tatu e o Macaco.
“É o mais belo livro do gênero escrito no Brasil”, escreveria o escritor Monteiro Lobato, para definir a ficção de O Boi Aruá.
Em 1938 ocorreu um dos episódios mais comentados da Literatura Brasileira até hoje. Luís Jardim conquistou o prêmio Humberto de Campos do concurso de contos, tendo vencido o mineiro Guimarães Rosa, que inscreveu a sua primeira versão do livro Sagarana.
O júri ficou dividido, mas o último voto confirmou a vitória de “Maria Perigosa” e seu autor. No futuro, Guimarães teria maior reconhecimento nacional e internacional e alguns jurados fizeram autocrítica, admitindo que erraram. O escritor de Grandes Sertões Veredas seria considerado gênio e um dos maiores nomes da literatura mundial.
Logicamente mesmo que o mineiro tenha produzido uma obra de mais qualidade, isso de maneira nenhuma tira os méritos do escritor pernambucano de Garanhuns. Luís Jardim foi um ótimo escritor e Maria Perigosa ainda hoje é um livro de contos que pode ser lido com prazer.
Nas histórias desse livro, o escritor retrata a cidade de sua infância e adolescência, assim como mostra a região. Os Borrego de Capoeiras (à época quase um sítio pertencente a São Bento do Uma), por exemplo, aparecem em um dos contos desse livro que pelo menos no ano do seu lançamento foi considerado melhor que Sagarana. No conto “Os Cegos”, é bonita a discrição, logo no início, da Serra do Tará, que fica no município de Caetés e apareceu com destaque também, tantos anos depois, no filme “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto.
Autodidata, Luís Jardim firmou seu nome na cultura brasileira tanto como escritor, ilustrador, pintor e tradutor. A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Muller, foi uma das obras estrangeiras que recebeu versão em português graças ao intelectual garanhuense.
Boa parte dos livros de Jardim têm caráter autobiográfico, caso do próprio Maria Perigosa, As Confissões do Meu Tio Luís Gonzaga e principalmente O Meu Pequeno Mundo.
Luís Jardim foi destaque também na literatura infanto-juvenil. Escreveu dois livros memoráveis para os jovens: As Proezas do Menino Jesus e Aventuras do Menino Chico de Assis. O primeiro deles recebeu o prêmio Monteiro Lobato em 1968 e foi saudado em versos pelo maior poeta do Brasil até hoje, Carlos Drummond de Andrade.
Luís Jardim faleceu no Rio de Janeiro, no primeiro dia do ano de 1987.
Em Garanhuns, a maior homenagem que se prestou até hoje ao seu maior escritor foi a construção do Espaço Cultural Luís Jardim, feito numa das gestões do ex-prefeito Ivo Amaral.
Abaixo um pequeno trecho de Proezas do Menino Jesus:
"Se neste sonho quem sonha não sabe que o sonho do outro menino é o mesmo sonho de quem sonhou; e se não sabe que o menino sonhado é o mesmo menino que sonha; se não sabe é porque não é tempo ainda de o menino saber que Ele era antes, é agora e será para o resto do sempre depois. Ele nasceu, mas antes do antes já era; Ele morreu, mas está vivo no Depois. Tudo cabe no espaço, mas Ele passa o infinito. Nem d’Ele se diga: foi; e nem d’Ele se diga: será, que Ele é Aquele que É."
Confira o início do conto “Os Cegos”, do livro Maria Perigosa:
“Quando o velho Borges botou a cabeça fora da janela, sentindo o tempo, a barra da manhã nascia na Serra do Tará. O cinzento da madrugada diluía-se no clarão que vinha surgindo, e o chão, distante, ia tomando formas entre as sombras da mataria detrás de casa. Na frente, na burra-leiteira onde se amarravam os cavalos, os passarinhos cantavam.” (Principais fontes de consulta: Texto de Virgínia Barbosa, da Fundação Joaquim Nabuco, 5ªedição de Maria Perigosa, da editora José Olímpio).
Roberto Almeida tenta a todo custo fazer de Garanhuns uma "capital de tudo", como se essa cidade fosse um berço de cultura. O amigo precisa saber que Caruaru, Pesqueira e São Bento do Una tem mil vezes mais valores culturais que essa terra de índios. Roberto, quer que eu nomine os escritores, artistas e intelectuais de Caruaru, Pesqueira e São bento do Una? Tenho pena de você, Roberto, e desses garanhunenses murchos.
ResponderExcluirNão sei se esse Rivaldo Soares é o que foi candidato a prefeito e deputado por Caruaru, sei que de todo modo é um imbecil, pois Garanhuns apesar de seus problemas por conta da incompetência das últimas administrações é uma cidade de clima singular, geografia privilegiada, belos parques e vultos importantes como o escritor Luís Jardim, Dominguinhos, Monsenhor Adelmar, Dominguinhos, Toinho do Quinteto Violado, o engenheiro Ruber van der Linder, o ex-ministro Rubens Vaz da Costa, a arquiteta Janete Costa e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desculpe Sr. Rivaldo Caruaru é feia e fedorenta, apesar do seu crescimento econômico e São Bento do Una apesar de Alceu Valença e do escritor Gilvan Lemos não se equipara ao bairro de Heliópolis imagina compará-la a Garanhuns; O jornalista Roberto Almeida não devia ter publicado esse comentário infeliz e certamente não vai usar a parte de comentário para perder tempo com um beócio de sua qualidade. Eu como mulher que nasci em Garanhuns consciente e informada tenho orgulho de minha cidade e não aceito que um idiota qualquer venha ofendê-la. Por favor recolha-se a sua insignificância.
ResponderExcluirrespeite Garanhuns e Luís Jardim seu otário.
ResponderExcluirSe esse cara é de Caruaru deve ser amigo daquele empresário do shopping que tem alergia a pobre e escreveu essas besteiras como vingança porque este blog divulgou a asneiras do comerciante.
ResponderExcluirEsse Rivaldo Soares deve ser um ignorante que pensa saber das coisas vai vê ele nunca nem tinha ouvido falar de Luis Jardim nem sabe que Domiguinhos e o melhor presidente da história do Brasil nasceram em Garanhuns.
ResponderExcluirCaruaru tem José Condé, Álvaro Lins, Nélson Barbalho, Austreségilo de Athayde, Limeira Tejo, Celso Rodrigues, Lourival Vilanova, Joel Pontes de Albuquerque, Claribalde Passos, Lenildo Tabosa Pessoa, Luiz Pessoa da Silva, Lýcio Neves, Amaro Matias, Belísio de Figueiredo Córdula, Cacilda Santos (filha do Major Sinval), Rosalino da Costa Lima, Demóstenes Batista Veras e Gláucia Lima e Silva, enquanto que GARNHUNS ficou famosa em todo Brasil pelos seus crimes de pistolagem, que ocorriam semanalmente.
ResponderExcluirA própria matéria de Roberto Almeida mostra que GARNHUNS é uma cidade dada ao "cangaceirismo", onde se fazia e faz justiça com as próprias mãos antes que o sangue do morto esfrie.
Falta muito, mas muito mesmo, para que GARANHUNS seja uma cidade de paz como Caruaru o é.
Antônio Lisboa de Souza
José Condé foi um escritor muito aquém de Luís Jardim e dos outros nomes citados só merece destaque mesmo Austreségilo de Athayde. Alguns são meros desconhecidos só vocês aí devem saber quem são. A hecatombe foi em 1917 só um insensato pode comparar a Garanhuns de hoje com a daquela época. Quanto à violência é só pegar os números da Secretaria de Defesa Social do Estado:nisso aí Caruaru ganha disparado de Garanhuns.
ResponderExcluirCaruaru é maior que Garanhuns e oferece mais empregos, porém não é nada demais admitir que nenhum escritor da terra de Vitalino se compara a Luís Jardim. Também não se pode negar que Garanhuns tem melhor clima, é muito mais bonita como cidade e atualmente menos violenta que Caruaru.
ResponderExcluirQue bairrismo ridículo. Querer "medir" uma cidade e seus filhos, com outra é fruto da maior estupidez humana possível. Se achar uma melhor que outra é tolice, publicar e defender tal "ponto de vista" é motivo de vergonha. Lamentável esse "bate-boca", afinal quem é bom e importante não precisa de defensores, pois se mantém por si só. Seus detratores se afogaram nas sandices emitidas por suas próprias bocas.
ResponderExcluirInteressante! Sou do interior de São Paulo e se um dia eu conseguir tirar umas férias quero passa-las nessas duas cidades rivais para conhecê-las.
ResponderExcluirGrato pelas informações sobre Luis Jardim...sou um pequeno colecionador de livros (bibliófilo miniatura) e por ter a custódia de "Ariana uma mulher" (Vinicius de Morais, 1936) dedicado ao Sr.Jardim, vim buscar mais informação pois só o que sabia é que ele foi um excelente ilustrador, e fez muitos desenhos, em bico de pena, para a José Olympio editora...
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