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ESCRITORES BRASILEIROS 3º - ÉRICO VERÍSSIMO

No livro de memórias Solo de Clarineta, publicado nos seus últimos anos de vida, Érico Veríssimo confessa que não saberia viver num mundo sem a arte – a música, a literatura, a pintura, o teatro, a poesia. No mesmo volume, o autor gaúcho faz autocrítica e admite defeitos como escritor. Chega ao ponto de se considerar “um simples contador de histórias”. Admite, no entanto, ter escrito uma grande obra, “O Tempo e o Vento”, uma trilogia contando a história do seu Rio Grande do Sul.

Érico Lopes Veríssimo nasceu em Cruz Alta, em 1905 e morreu em Porto Alegre, em 1975. Filho de Sebastião e Dona Bega, traça um perfil riquíssimo dos pais no primeiro volume de suas memórias. Ele um mulherengo incorrigível, ela de uma paciência de Amélia.

O escritor teve dificuldades na juventude e durante uns tempos trabalhou numa farmácia. Neste estabelecimento dedicava boa parte do tempo às leituras.

Autodidata, Érico aprendeu o português, o inglês e outras línguas sozinho. E tornou-se um dos escritores mais populares do Brasil em todos os tempos. Durante décadas, em nosso país, apenas dois homens conseguiam viver dos direitos autorais dos seus livros: o próprio Veríssimo e Jorge Amado.

O autor estreou com Clarissa, um romance gostoso que conta a história de uma adolescente. Demorou cinco anos para conseguir vender toda a edição, de sete mil exemplares. “Música ao Longe” e “Um Lugar ao Sol”, dois romances subseqüentes de Érico, têm novamente Clarissa como personagem principal, são como uma continuação, do livro de estréia.

Em 1933 o gaúcho traduziu o romance Contraponto, uma das grandes obras do inglês Audous Huxley. Dois anos depois o brasileiro publicaria “Caminhos Cruzados”, usando a mesma técnica do escritor britânico. Em ambos os livros há um variado número de personagens, não existe a figura central do romance; a vida deles vai sendo mostrada em cada capítulo, como num rodízio, e em algum ponto os caminhos realmente se cruzam.

“Caminhos Cruzados” é um belo livro e não tem nada de avançado para os dias de hoje. Mas naquela época, às vésperas do golpe do Estado Novo, desagradou a Igreja e ao Departamento de Ordem Política e Social. O escritor chegou a ser interrogado como subversivo.

A grande virada na carreira de Érico Veríssimo aconteceu em 1938. O romance “Olhai os Lírios dos Campos” virou fenômeno de vendas, foi seu primeiro best seller. Este foi o primeiro livro que li do gaúcho, por volta dos 18 anos, estudante do Colégio Diocesano de Garanhuns. Faz tanto tempo. Mas ainda recordo que a personagem principal, Olívia, é uma mulher extraordinária, capaz de encantar qualquer homem, qualquer leitor.

Saga, Noite, O Senhor Embaixador, Incidente em Antares, O Prisioneiro são outras obras marcantes do escritor gaúcho. Escreveu ainda contos e obras infanto-juvenis.

“O Tempo e o Vento”, sua obra mais ambiciosa, é de uma riqueza monumental. Personagens como Ana Terra, Pedro Missioneiro e o Capitão Rodrigo hoje fazem parte da memória nacional como se tivessem existido de verdade. Nesta trilogia, Érico deixa apaixonados seus leitores ao contar a história do Rio Grande e encanta como precursor do realismo mágico de Garcia Márquez, presente de forma muito forte no romance 100 Anos de Solidão. O próprio escritor colombiano admitiria numa entrevista que o brasileiro o influenciou.

Já no inicio de uma das partes de O Tempo e o Vento,  intitulada Ana Terra, Érico Veríssimo fisga o leitor com um belo texto:

“Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando” – costumava dizer Ana Terra. Mas entre todos os dias ventosos de sua vida, havia um que lhe ficara para sempre na memória, pois o que sucedera nele tivera a força de mudar-lhe a sorte por completo. Mas em que dia da semana tinha acontecido? Em que mês? Em que ano? Bom, devia ter sido em 1877: ela se lembrava bem porque esse fora o ano da expulsão dos castelhanos do Continente. Mas na estância onde Ana vivia com os pais e os dois irmãos ninguém sabia ler, e mesmo naquele fim-de-mundo não havia calendário nem relógio...

“Ana Terra era capaz de jurar que aquilo acontecera na primavera, porque o vento andava bem doido, empurrando grandes  nuvens brancas no céu, os pessegueiros estavam floridos e as árvores que o inverno despira, se enchiam outra vez de brotos verdes”.

Érico foi um dos grandes nomes do modernismo no Brasil. Um escritor de muitos méritos e um humanista notável que faz falta ao país. Ainda bem que ficaram tantos livros belos, uma obra que resiste ao tempo.

Casado com Mafalda, Érico deixou uma filha com o nome de Clarrisa (nome do seu primeiro livro) e o filho Luiz Fernando Veríssimo, outro notável escritor brasileiro.

2 comentários:

  1. Sinceramente, não consigo aprender, decorar textos de livros que li na infância, juventude e hoje homem casado e maduro.
    Meus livros estão na estante.
    Olhos-os, tenho a certeza que os li, mas não estão assim tão marcados em minha mente.
    Que pena, um dia talvez, chegarei lá.

    Acho muito bonito esse talento de Roberto Almeida e tantos outros jornalistas, escritores, quando falam, escrevem sobre acontecimentos, fatos, leituras, etc...

    Lindíssimo esse texto sobre Érico Veríssimo e o resumo sobre VIDAS SECAS e O TEMPO E O VENTO.

    Obrigado Roberto por nos proprocionar tão boa leitura, que grande colaboração.
    Essas postagens sobre os Escritores, são belissimas.

    Roberto Brito
    Paranatama - PE

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  2. Eu amo os livros de Érico Veríssimo principalmente Olhai os lírios dos campos.

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