O ÓLEO DE LORENZO
O Óleo de Lorenzo não é apenas um filme bom, com direção eficiente, atores impecáveis e uma grande história. É sobretudo um relato humano que traz uma injeção de ânimo, de fé, de crença no poder de enfrentar as adversidades.
Baseado numa história real, com direção de George Miller e tendo Nick Nolte e Susan Sarandon nos papeis principais, este longa, de 1992, desde o seu lançamento vem provocando discussões nos meios científicos, nas escolas e entre cinéfilos. O filme tem arrebatado fãs entre os que passaram pelo trauma de uma doença séria na família.
Lorenzo Odone (Zack o´Malley) aos oito anos começa a apresentar os sintomas de uma doença rara, a Adrenoleucodistrofia (ADL). Esta provoca a degeneração do cérebro e leva o paciente à morte num tempo relativamente curto. Além do garoto uma irmã, com um pouco mais de idade, também sofre da mesma enfermidade. Dois na mesma casa é muito sofrimento para Augusto e Michaela Odone.
Os pais procuram ajuda dos médicos e ficam frustrados com o diagnóstico e a falta de perspectiva no tratamento da doença. As pesquisas são lentas, o interesse científico lhes parece insuficiente, não há um remédio eficaz para curar ou estancar o avanço da ADL.
Sem aceitar passivamente a morte previsível dos seus filhos, Augusto (Nick) e Michaela (Susan) vão à luta. Ele é economista e enfrentando a descrença da classe médica, dos cientistas, resolve por conta própria estudar os mecanismos da doença que está matando Lourenzo e sua filha.
À época a internet estava engatinhando e Augusto Ordone mergulha nos livros, nas bibliotecas, estudando química, biologia, medicina, tudo que estivesse relacionado com a ADL, a doença que paralisava seu filho deixando-o cego, surdo, sem o movimento dos braços e das pernas.
As dificuldades que o casal enfrentou foram enormes, principalmente o preconceito da comunidade científica. Eles eram dois leigos, como poderiam descobrir o que os médicos não tinham conseguido?
A luta desenvolvida por Augusto, apoiada por sua esposa, é imensa. Há a dificuldade de encontrar parceiros na área científica para desenvolver a fórmula do óleo que eles acreditavam pudesse ajudar o pequeno Lorenzo e todas as crianças vítimas da ADL. Também teriam que estar atentos as questões legais pois a FDA, órgão que fiscaliza a saúde nos Estados Unidos, não autorizaria testes em humanos com uma nova droga facilmente.
O pai do pequeno Lorenzo, bem interpretado por Nick Nolte, é persistente. Perde noites de sono, pesquisa, vai descobrindo dados novos sobre a doença e de como enfrenta-la. Consulta especialistas, discute com os acadêmicos e profissionais descrentes, participa de palestras, forma uma rede de comunicação com os pais que têm filhos na mesma situação.
O filme do começo ao fim envolve o espectador, o faz torcer por Lorenzo e sua irmãzinha, ficar solidário à luta de Augusto e Michaela.
Antes da produção do Óleo de Lorenzo (o remédio), graças à tenacidade dos Ordone, uma criança com ADL vivia no máximo 12 anos. Depois da descoberta do remédio, milhares de crianças melhoraram sua condição de vida. O pequeno mostrado no filme viveu até os 30 anos e segundo o pai não morreu por causa da ADL.
Augusto, numa entrevista à Revista Veja, falou sobre os 10 anos de pesquisa para que fosse fabricado o remédio que ajudou seu filho e outras crianças. O economista disse que numa doença como a ADL ou outra semelhante, os pais não devem esperar só pelos médicos, a comunidade científica, devem se informar e tentar combater o mal. Ordone aprovou o filme, mas confessou ter gostado mais de Susan Saradon interpretando sua mulher do que Nick Nolte vivendo o seu personagem.
O filme O Óleo de Lourenzo recebeu duas indicações ao Oscar: Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz, ficando esse último prêmio com a excelente Susan.
Michaela morreu de câncer, em 2000. Lourenzo foi embora oito anos depois, vítima de pneumonia.
O Óleo de Lorenzo deixa uma mensagem de esperança. Ensina, principalmente, que os médicos e cientistas, apesar do conhecimento que detêm, podem demorar a encontrar soluções para questões graves porque não têm o mesmo interesse de um pai ou sua mãe que vive o drama de perder um filho ou uma filha.
Um filme que tem temática parecida com este longa de George Miller é Decisões Extremas, de 2010. Neste o veterano Harrison Ford dá um banho de interpretação.
FOTOS: Na foto principal o casal Ordone e o pequeno Lourenzo (Nick, Susan e Zack), na segunda o verdadeiro Augusto.
Grande filme mesmo.
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