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CARANDIRU - FILMES INESQUECÍVEIS - 50º

“Estação Carandiru”, o livro, foi escrito pelo médico oncologista Dráuzio Varella e publicado em 1999. É um relato objetivo, com um texto enxuto e jornalístico, às vezes se assemelhando a um diário, outras a uma grande reportagem. Merece destaque também a visão de humanista do autor.  Profissional da medicina, fazendo um trabalho em meio a perigosos assassinos e num ambiente cruel, o escritor conservou o equilíbrio e descobriu que por trás dos bandidos, dos criminosos, existia gente. Cada um com  uma história e uma realidade diferentes, para contar e viver.

O livro foi considerado um fenômeno editorial tendo vendido mais de 500 mil exemplares, números difíceis de alcançar no Brasil. Varella ganhou o prêmio Jabuti, em 2000, como “Livro do Ano” e ficou popular no país. Depois se tornaria ainda mais conhecido apresentando um quadro sobre medicina no programa Fantástico, da Rede Globo.

Foi essa obra do médico, relatando seu contato pessoal com os presos e o assassinato em massa de detentos no Governo de Antônio Fleury, em outubro de 1992, que foi parar no cinema em 2003, numa boa adaptação do trabalho escrito, pelo cineasta Hector Babenco. Este nasceu na Argentina, passou a morar no Brasil com 19 anos e se naturalizou brasileiro em 1977.

Babenco é um grande diretor de cinema, responsável por outros êxitos da filmografia nacional. Coração Iluminado, Brincando nos Campos do Senhor, O Beijo da Mulher Aranha, Pixote a Lei do Mais Fraco, Lúcio Flávio e O Rei da Noite são os principais títulos da carreira desse brasileiro nascido no país vizinho.

Carandiru, o filme, além de ter como principal artífice um respeitado cineasta, tem no seu elenco um dos seus pontos fortes. Milton Gonçalves, vive o personagem Chico, fundamental na trama. Rodrigo Santoro interpreta muito bem um homossexual. Outros bons atores dessa produção, só vieram a se tornar famosos no Brasil mais adiante: Wagner Moura (que depois virou uma espécie de herói em Tropa de Elite), Lázaro Ramos (hoje o ator negro mais requisitado do Brasil), Ricardo Blat e Maria Luíza Mendonça.

No filme dois detentos, Lula e Peixeira, se enfrentam num acerto de contas. O clima é tenso e Nego Preto, uma espécie de juiz de paz na cadeia soluciona o caso em tempo para dar boas vindas a um médico, recém chegado e disposto a realizar um trabalho de prevenção à AIDS na penitenciária.

O médico, Dr. Dráuzio Valella, descobre a triste realidade do maior presídio da América Latina: problema de superlotação, condições precárias na instalação dos presos e muitas doenças, entre as quais a leptospirose, caquexia, tuberculose e uma verdadeira epidemia de AIDS.

São mais de sete mil detentos e durante alguns meses o doutor vai conviver com pessoas que vivem em situações limite, descobrindo, no entanto, que a maioria dos presos não são ou não eram os demônios que se podia imaginar. No dia-a-dia com os presos Dr. Dráuzio testemunha momentos de solidariedade, organização e disposição de viver.

Como no livro, no filme de Hector Babenco as histórias vão se encaixando uma na outra e gente, mesmo que de forma inconsciente, vai simpatizando com alguns daqueles sujeitos, mesmo que bandidos e assassinos. O escritor e o cineasta traçaram um triste painel da tragédia brasileira. Na cadeia um reflexo do que acontece nas ruas, o resultado da ignorância, das desigualdades sociais e de todos os males que transformam pessoas em bichos.

Carandiru mostra bem de perto a vida dos marginais e marginalizados, dando-lhes feições humanas. Foca diversos personagens, individualmente, para no final estampar uma das maiores vergonhas deste país que foi a execução sumária de 111 presos pela Polícia Militar do Estado de São Paulo. Esses números são da própria PM. Varella, no entanto, no seu trabalho na penitenciária, descobriu que o número de assassinados pode ter chegado a 250.

É um filme para ver e rever. Interpretações como as de Milton Gonçalves, Rodrigo e Santoro e Lázaro Ramos não serão esquecidas facilmente. E a cena do massacre, da polícia atirando sem dó nem piedade em homens desarmados, indefesos, ficará gravada  para sempre na retina como prova da covardia e da crueldade humana.

Carandiru tem trilha sonora de Racionais MC´s (Diário de um Detento), Caetano Veloso e Gilberto Gil (Haiti) e do grupo Sepultura (Manifest).

Uma obra cinematográfica que reúne tantos artistas e conta de forma correta um episódio verdadeiro e vergonhoso da recente história do país, só poderia mesmo obter êxito aqui no Brasil e no exterior. Carandiru é como uma faca que corta na carne para expor aos olhos ingênuos ou que teimam em não ver a verdade a face do mal, neste caso representada não tanto pelos detentos de São Paulo e mais por sua polícia infame e seu governador fascista.

O coronel Ubiratan, um dos principais responsáveis pelo massacre chegou a ser condenado a mais de 600 anos de prisão pelos crimes. Depois foi absolvido gerando revolta entre os defensores dos direitos humanos. Em 2006 foi assassinado. Aparentemente não houve ligação do crime com o episódio do Carandiru, mas no muro do prédio onde morava alguém escreveu: “Aqui se faz, aqui se paga”.

Em 2002, o governador Geraldo Alckmin determinou a implosão da cadeia na zona norte de São Paulo. No local foi construído um Parque da Juventude, para prática de atividades esportivas e culturais.

Luiz Antônio Fleury Filho, o governador da época do massacre, depois ainda se elegeu deputado federal pelo PTB. Atualmente está sem mandato.

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