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GRANDES NOMES DA MPB - 59º

CLARA NUNES

Uma simples cirurgia para retirada de varizes causou a morte, em 1983, de uma das melhores vozes femininas do Brasil. Clara Francisca Gonçalves, então com 39 anos, passou 28 dias no hospital e não resistiu ao provável erro médico. Por conta de um choque anafilático perdemos a grande artista, já consagrada, em shows, vendagem de discos e com turnês pela Europa e países da África, como Angola.

Clara Nunes nasceu em Cedro, um pequeno distrito à época pertencente ao município de Paraopeba, no interior de Minas Gerais. Hoje a vilazinha se chama Caetanópolis, realiza um Festival de Música com o nome da cantora e criou, no lugar do antigo cinema, uma Casa de Cultura também homenageando a artista. Neste espaço, administrado pela prefeitura, se realizam oficinas de danças, pintura, música e teatro. Ainda no ex-distrito de Cedro existe o Instituto Clara Nunes e uma creche com o nome da sambista, primeira cantora brasileira a vender a marca de 100 mil discos.

Ainda menina, no lugarejo em que nasceu, Clara cantava na igreja. Seu pai era marceneiro e também gostava de tocar viola, sendo conhecido na vila como Manoel Serrador. Tanto ele quanto a mãe, Amélia Gonçalves Nunes, morreram quando ela ainda era menina e a futura cantora terminou sendo criada pela irmã mais velha, Maria Gonçalves, a Dindinha.

A própria Clara Nunes revelou uma vez, em entrevista, que cresceu ouvindo Carmen Costa, Ângela Maria, Eliseth Cardoso e Dalva de Oliveira. Grandes cantoras brasileiras, as três últimas já incluídas nesta série.

Antes de completar 10 anos venceu um concurso de canto na terra natal. Aos 14 anos chegou a trabalhar como tecelã na mesma fábrica em que seu pai atuou a vida toda. Pouco tempo depois, por problemas familiares, teve de se mudar para Belo Horizonte.

Na capital mineira, continuou sua vida de operária, fez o curso normal, à noite e se apresentava como cantora no coral da igreja do bairro. Neste local foi descoberta pelo violinista Jair Ambrósio, que a levou a participar de programas de rádio, se apresentando com o nome de Clara Francisca.

Aurino Araújo (irmão do cantor Eduardo Araújo) e Cid Carvalho, que conheceram Clara no início dos anos 60, influenciaram, cada um de uma maneira, a carreira da menina de Paraopeba. O primeiro a apresentou a muitos artistas e o segundo sugeriu que adotasse o sobrenome da mãe como cantora: Aí foi que a Francisca virou Nunes e em breve seria conhecido em todo o Brasil.

Já com o nome de Clara Nunes ela venceu, em 1960, a etapa mineira do concurso “A Voz de Ouro ABC”. Interpretou “Serenata de Adeus”, de Vinicius de Moraes.

"Ai, a lua que no céu surgiu
Não é a mesma que te viu
Nascer nos braços meus
Cai, a noite sobre o nosso amor
E agora só restou do amor
Uma palavra : Adeus
Ai, vontade de ficar mas tendo que ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima, um momento breve
De uma estrela pura cuja luz morreu
Ai, mulher, estrela a refulgir
Parte, mas antes de partir

Rasga meu coração
Crava as garras no meu peito em dor
E esvai em sangue todo o amor
Toda desilusão
Ai, vontade de ficar mas tendo que ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima um momento breve
De uma estrela pura cuja luz morreu."


Na final nacional, realizada em São Paulo, ficou com o terceiro lugar, cantando “Só Adeus”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, compositores que fizeram muitas músicas para Nélson Gonçalves e Altemar Dutra.

Pelo menos em Belo Horizonte Clara Nunes já se projetava como cantora. Passou a se apresentar na Rádio Inconfidência e depois ganhou um programa só seu, na Rádio Itacolomi. Nesse tempo esteve pela primeira vez na televisão, com Hebe Camargo, que ainda hoje está aí, mais de 80 anos, regularmente na Rede TV.

Seu primeiro LP, lançado pela Odeon, em 1966, não obteve grande repercussão. Aconselhado pelos produtores ela incluiu no disco mais músicas românticas, principalmente boleros. Clara, no entanto, tinha vocação de sambista e em 68 chegou às paradas de sucesso com a canção “Você passa e eu acho graça”, de Ataulfo Alves e Carlos Imperial. Foi o carro chefe do segundo LP, quando a mocinha de Cedro-Paraopeba passou a ser conhecida nacionalmente.

A partir daí sua carreira foi crescente, passou a se apresentar em todo o país e a dividir o palco com grandes nomes da música popular brasileira. Gravou Caetano Veloso e Dorival Caymmi; com Toquinho e Vinicius de Moraes fez o show “O Poeta, a Moça e o Violão”, e esteve ao lado de Paulo Gracindo no espetáculo “Brasileiro, Profissão, Esperança. Excursionou pela Suécia, Portugal, outros países da Europa e do continente africano. “Tristeza Pé no Chão”, ainda do início dos anos 70, seria outro sucesso retumbante da cantora, sendo executada em todas as emissoras de rádio do Brasil.

No início da década de 80, juntamente com Elba Ramalho, Djavan, Dorival Caymmi e Chico Buarque, Clara Nunes representou o país num festival realizado em Angola. No álbum “Brasil Mestiço”, no mesmo ano, gravaria “Morena de Angola”, uma composição de Chico feita especialmente para ela.

Em 1981 voltou a gravar, no ano seguinte se apresentou na Alemanha, com Sivuca e Elba Ramalho e em 83 veio a trágica cirurgia que calou sua voz e entristeceu uma nação. Sua morte causou quase uma comoção nacional e mais de 50 mil pessoas velaram seu corpo, na quadra da Portela. Nos anos seguintes se descobriram canções inéditas, que foram resgatadas, foram feitas inúmeras homenagens, inclusive as da terra natal, citadas no início desse perfil.

Clara Nunes morreu no ano seguinte ao de Elis Regina. As duas estrelas ficaram nos discos, nos vídeos, nas lembranças. Fazem uma falta danada. E se existe um céu devem estar arrasando por lá, juntamente com Sivuca, Luiz Gonzaga, Ataulfo Alves e tantos outros que já partiram, cada um a seu tempo.

Clara Francisca Nunes, menina de Paraopeba merece todas as honras no universo da Música Popular Brasileira.

CLARA NUNES - Clique na palavra ao lado, toda em maiúsculo e acesse a um vídeo do youtube com Clara Nunes em grande forma, cantando "O Mar Serenou".

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