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Pesquisas Eleitorais

FILMES INESQUECÍVEIS XXIX

 O PODEROSO CHEFÃO

Confesso que nunca fui muito chegado a filme envolvendo a máfia, gângsteres. Mas existem alguns ótimos sobre o tema e o melhor deles é com certeza O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. Também esta não é uma produção qualquer sobre bandidos italianos e a expansão dos seus negócios nos Estados Unidos. A meu ver este longa vai muito além disso, fazendo um verdadeiro estudo da questão do poder, das relações dos reis do crime com os políticos, os empresários, a alta sociedade novaiorquina.

Coppola, já presente nesta série através de Peg Sue, uma obra aparentemente tola, quando comparada ao Poderoso Chefão, realizou com este filme sua grande obra prima, que inclusive virou uma trilogia. Existe, entre os cinéfilos quase uma unanimidade, ao considerar os três trabalhos com a mesma qualidade, sem  a queda costumeira que costuma vitimar as continuações.

O Poderoso Chefão é um filme excepcional, que pode entrar em qualquer lista de melhores de todos os tempos, não apenas pela direção perfeita, a ambientação precisa e o roteiro primoroso. Tudo nesta longa funciona de maneira impecável de modo que até o elenco, numeroso, é também grandioso.

Para começo de conversa você tem Marlon Brandon em plena maturidade, num dos melhores papéis de sua carreira, interpretando o chefe da uma das famílias da máfia, o carismático Dom Corleone. Depois vem, ainda moço, porém já mostrando o brilho que o acompanharia ao longo da carreira, o talentoso Al Pacino, filho do Chefão e que substitui o pai nos “negócios”, quando o velho precisar se “aposentar”.

Temos ainda Diane Keaton,  uma mocinha linda, mais ainda de que quando se tornou uma mulher e atriz madura, chegando a ser, por uns tempos, esposa de Woody Allen. Sem falar em Rober Duval, James Caan e outros nomes, muitos deles ainda em plena forma, respeitados como grandes atores do cinema mundial.

Ralizado em 1972, O Poderoso Chefão colecionou elogios e prêmios, encheu as salas de cinema e mesmo tanto tempo depois é difícil encontrar alguém das novas gerações que goste de cinema e nunca tenha ouvido falar nessa obra cinematográfica.

A história começa com Dom Corleone em seu escritório, ouvindo apelos, pedidos, solicitações. Com jeito duro e ao mesmo tempo paternalista, vai atendendo, ajudando, ganhando aliados para brigas ou conflitos futuros.

Muitos anos depois, no Brasil, numa novela de televisão, Antônio Fagundes interpretaria um personagem, chamado Juvenal Antena, com muita coisa em comum em relação ao Corleone de Marlon Brandon. Simples coincidência? Provavelmente não. Claro que a novela é apenas um arremedo da obra cinematográfica.

Esse reinado da máfia italiana nos Estados Unidos se passa em 1946. Naquela época, as drogas ainda não faziam parte dos negócios. Uma das cinco “famílias” que dividiam a cidade tem a ideia de introduzir os narcóticos no trabalho, proposta que é recusada pelo Chefão. A partir daí começa a guerra, vão surgir os traidores, os heróis, os vilões dos vilões, tudo acontecendo no melhor estilo de um bom policial com pitada de drama e algo de política de pano de fundo.

O Poderoso Chefão tem quase três horas de duração, porém não cansa em nenhum momento. A ação, os diálogos bem construídos, o roteiro bem escrito, as interpretações marcantes, prendem o cinéfilo na cadeira do começo ao fim. É desses filmes que não tem altos e baixos - com bons momentos no começou, meio ou fim alternando com cenas dispensáveis. Não. Aqui tudo funciona como se tivesse sido planejado no computador, naquele tempo ainda um sonho distante da realidade dos dias atuais.

Acabou a guerra fria, o socialismo burocrático, o poder da máfia italiana em Nova Iorque. Os Estados Unidos tem um negro na presidência e o Brasil elegeu uma mulher. Muita coisa mudou. O Poderoso Chefão, no entanto, permanece atualíssimo como um estudo do poder. Este pode ser exercido nas casas legislativas, nos governos, nas polícias, nos palácios da justiça, nos grandes impérios econômicos e também na força que advém do crime organizado, com “bandidos respeitáveis”. Embora o nosso “Tropa de Elite” seja inferior, tecnicamente, trata também disso. Trazendo o assunto para os dias atuais, tendo como cenário o Brasil.

A comparação, contudo, pode parecer ousada demais. O Poderoso Chefão é um marco da história do cinema mundial, é uma obra de arte que dificilmente  será esquecida.

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