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Pesquisas Eleitorais

TROPA DE ELITE 2 É DE TIRAR O FÔLEGO

"QUE PORRADA" - Por Ricardo Kotscho

Para quem viu a primeira, que já fez um estrondoso sucesso, esta nova versão de Tropa de Elite, que estréia hoje em todo o país, é bem diferente e muito melhor, imperdível.

Fui convidado para a pré-estréia de quinta-feira à noite em São Paulo e fiquei impressionado, não só com a quantidade de gente que lotou as cinco salas do Shopping Vila Olímpia, com pessoas em pé e sentadas no chão, como com o comportamento do público.

Durante toda a projeção, o impacto do filme foi tão forte que as pessoas mal conseguiam respirar ou piscar o olho, para só quebrar o silêncio ao final, em longos aplausos. “Que porrada!”, foi o comentário que o diretor José Padilha mais ouviu na saída de uma das salas.

Com seu indefectível boné e um sorriso matreiro, Padilha balançava a cabeça, como quem diz: “Não tenho culpa… Tudo isso aí existe, já saiu em notícia de jornal”. Ao lado dele, o roteirista Bráulio Mantovani, só fazia confirmar as palavras do diretor. Com a habitual modéstia, deu a entender que o seu trabalho teria se limitado a montar um quebra-cabeças com recortes de jornal, em que as editorias de política e polícia se confundem, para contar uma história com começo, meio e fim.

De fato, tudo surge tão real na tela, os atores são todos tão convicentes nos seus papéis, que nem parece filme de ficção.

Ao contrário do primeiro Tropa de Elite, um thriller policial centrado na eterna luta entre mocinhos e bandidos, que às vezes alternavam os papéis, este segundo é, acima de tudo, apesar de ter até mais tiros e sangue, um filme político, que desnuda o sistema de poder no Rio de Janeiro _ de resto, não muito diferente daquele que vigora em outras regiões do país. 

A polícia fica no meio do jogo de interesses do Executivo e do Legislativo, alternando achaques e ataques aos traficantes, bem a propósito do momento que vivemos, baseado na luta por votos a qualquer preço, corrompendo e matando para conquistar e manter mandatos. Não sobra ninguém. Ou melhor, o filme só não mostra as mazelas do Judiciário, a terceira ponta dos podres poderes que acirram a violência e estimulam a impunidade. 

No jogo de perde e ganha, o capitão Nascimento, de Wagner Moura, mais uma vez no papel de herói, vai ficando cada vez mais isolado no mundo, nos planos pessoal, profissional e político, mas não entrega os pontos, e sempre busca fôrças para continuar enfrentando o poderoso “sistema” formado por políticos, policiais e jornalistas corruptos, aliados a traficantes e milicianos assassinos, que subjugam o povo mais pobre dos morros para garantir seu poder e mordomias. 

Tropa de Elite 2 é um grande momento de afirmação e maturidade do cinema brasileiro. Mostra como se pode fazer muito sucesso de bilheteria com uma obra de alta qualidade técnica e artística, levantando problemas sérios e fazendo a platéia pensar um pouco sobre a sua própria vida e o nosso país ao final da primeira década do século 21.

Não percam, vale a pena! Desta vez, até onde sei, só dá para ver o filme nos cinemas. Ainda não apareceram cópias piratas. Menos mal. Assim sempre resta uma esperança de dias melhores e mais civilizados…

**O filme Tropa de Elite 2 também está estreando hoje no Cine Eldorado Garanhuns.

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