AS MENTIRAS DOS POLÍTICOS

Ferreira Gullar (foto), que já foi comunista, é possivelmente o melhor poeta vivo do Brasil. Grande figura humana, dessas pessoas que a gente quer tanto bem que até esquece sua feiura. Recentemente, o grande escritor tem se preocupado mais com a política, deixando um pouco de lado a poesia. Está entre os líderes de um abaixo assinado para que Aécio Neves aceite ser vice de José Serra. Tiveram medo de perder por conta de um filme, o longa passou pelos cinemas atraindo um público abaixo das expectativas, mas a Dilma Roussef, sem graça e nenhum carisma não para de crescer nas pesquisas de todos os institutos e já está nos costados do governador de São Paulo. "Perder para essa mulher é a treva", devem raciocinar os tucanos e simpatizantes. Voltemos, porém, ao poeta. Não satisfeito em pressionar Aécio a salvar Serra, Ferreira Gullar escreveu um artigo na Folha de São Paulo chamando Dilma da primeira a última vírgula de mentirosa. Eu não sei se ele está certo. Provavelmente está. Nessa seara, da política, ainda está para nascer um que vez por outra não solte uma mentirinha. Ou muitas mentiras. Às vezes o prefeito, o vereador, o deputado, o governador, o presidente, nem estão mentindo. Estão omitindo, ou faltando com a verdade. O Ferreira Gullar, já na faixa de 80 anos, ainda é inocente: acha que todos são poetas, movidos pela emoção e embevecidos com a beleza de determinada estrofe. Se for para votar em político que não mente vamos ter de ficar com Dr. Nulo. E preste atenção: não estou dizendo ser certo mentir! Dilma, Serra, Marina, Ciro... Todos eles me deixam envergonhados quando mentem ou fazem outras coisas feias comuns aos políticos. É que, infelizmente, também tenho alma de poeta. Só a alma, porque poeta mesmo, dos bons, é o Ferreira Gullar.

"Quando você for embora, moça branca como a neve, me leve, me leve..."