Primeiro leia essa notícia, publicada nos grandes jornais:
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu hoje a descriminalização de todas as drogas, e não só da maconha como pregou o relatório da Comissão Latino-americana sobre Drogas e Democracia, da qual ele fez parte. "Acho que deveríamos incluir todas as drogas. Todas fazem mal. Mas a política de guerra às drogas não está funcionando", disse durante o encontro da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, no Viva Rio.
Fernando Henrique chamou de reacionários setores da Organização das Nações Unidas que criticaram a postura latino-americana. "A ONU está numa posição de guerra às drogas que foi o que gerou esta violência no México, na Colômbia. Esse pensamento é reacionário, muito incrustado em certos setores da ONU. Só que eles estão perdendo a guerra".
Fernando Henrique defendeu pontos polêmicos que estão no projeto do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) para alterar os artigos da atual lei de drogas do País. Entre eles, a pena diferenciada para pequenos traficantes. Segundo dados do Ministério da Justiça, 90% dos detentos nos presídios brasileiros por razões ligadas à droga são pequenos traficantes. "Quando foram presos estavam desarmados, sozinhos e eram primários", revelou o Secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri. "E as prisões funcionam como escolas do crime porque lá eles aprendem novas técnicas com traficantes perigosos."
"Se continuarmos usando a lei para colocar usuários ou pequenos traficantes na cadeia, estamos agravando a situação", defendeu Fernando Henrique. O ex-presidente fez questão de deixar claro que não é a favor da legalização. "Drogas fazem mal. Tem que haver campanha de redução de consumo, como fazemos com o cigarro". Mas reconhece que mesmo com descriminalização e campanhas educativas é difícil acabar com o consumo.
Quando esteve no morro Dona Marta, no Rio, onde os traficantes que controlavam a favela foram expulsos para a entrada da Unidade de Polícia Pacificadora, percebeu que a vida dos moradores melhorou, mas o consumo continua. "É impossível erradicar. No Dona Marta eles fumam maconha. O que acabou foi o terror imposto pelos traficantes. Isso vai diminuir a violência.
O que nos preocupa no caso brasileiro é que a droga está ligada à violência, à arma. Nós temos que separar estas questões".
Fernando Henrique concorda com o argumento do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) que este não é um bom ano para levar o projeto ao Congresso. "É difícil votar com isenção porque as pessoas têm medo. Drogas é um tabu. Mas o debate vai continuar".
***Agora conosco, como diria o Ronaldo César: Parece até o Fernando Henrique progressista que vivia com a cabeça nos livros e na universidade, não é? Aquele que entrou na política quase sem querer, foi candidato ao senado e até o Lula, então um operário meio alienado, foi às ruas pedir votos pra ele. O ex-presidente está prestando um grande serviço ao Brasil ao levantar essa discussão. Está sendo corajoso também. Logicamente, ele só assume essa postura tão claramente porque não é mais candidato a nada, não precisa fazer alianças com o DEM, a Igreja conservadora e outras instituições reacionárias do país. FHC nem precisa aguentar mais o Renan Calheiros e o Sarney, que hoje são o calo necessário na vida do Lula.
Depois de perder dona Ruth, Fernando Henrique como que dá uma volta ao passado. Começa a agir novamente como intelectual independente e avançado. Está querendo na velhice apagar a imagem de traidor ou entreguista que deixou ao exercer a presidência. Tomara que Lula tome umas lições com o sociólogo antes de deixar o poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário