Depois que Belchior morreu,
em 2017, eu comecei a conhecê-lo melhor.
Claro que desde a juventude
eu já gostava de Como Nossos Pais, Coração Selvagem e Tudo Outra Vez.
Mas alguns trabalhos dele eu
só vim conhecer do ano passado pra cá e talvez
a pandemia que me trancou em casa tenha colaborado com isso.
Músicas como Dandy, De
Primeira Grandeza e Princesa do Meu Lugar (nunca registrada em disco), só tive
o prazer e privilégio de ouvir há pouco tempo.
Não estou obcecado pelo artista.
Acho que vale a pena se aprofundar em sua obra, por isso tenho lido,
pesquisado, assistido entrevistas com o cantor disponíveis na internet.
Neste final de semana vi na
TV, com imagens desbotadas pelo tempo, Antônio Carlos Belchior falando com
jeito tímido no programa Ensaio, na TV Cultura, em 1992.
Ela falou sem ter vergonha
disso que passou fome em São Paulo.
Revelou que Toquinho e Vinicius
de Moraes foram muito generosos com ele.
O poetinha o levava a bons
restaurantes e lhe pagava deliciosos e fartos almoços, ou seja, “matava sua
fome”.
Através dos dois, Vinicius e
Toquinho, o cearense conheceu a Elis Regina.
A cantora, que já tinha
gravado Mucuripe (parceria entre Belchior e Fagner) convidou o compositor de
Sobral ao apartamento dela.
Ele diz na entrevista, com um
jeito meio triste, que foi franco, ela devia proporcionar os meios dele chegar
à sua residência.
Isso significa que a grana
era tão curta que podia não ter nem o dinheiro da passagem de ônibus.
Belchior, porém, conseguiu ir
ao encontro da estrela. Isso mudaria sua vida.
Ela gostou de duas músicas,
Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida, que gravou no LP Falso Brilhante
(1975), talvez o maior êxito comercial da Pimentinha.
A partir daí, Belchior ficou famoso,
em 1976 lançou o álbum Alucinação, considerado o melhor de sua carreira e então
se tornou o Bob Dylan brasileiro.
Até encerrar sua caminhada do
lado de cá numa cidadezinha do Rio Grande do Sul, como se tivesse resolvido se
auto-exilar, acabar com as inquietações que expressou nas letras de suas
canções, durante pelo menos três décadas.
Boa noite,
ResponderExcluirExiste um bibliografia de Belchior chamada Apenas um Rapaz Latino-Americana, escrita por Jotabê Medeiros.