O Brasil vibra com o Ouro de nossa ginasta Rebeca Andrade, lá em Tóquio. Está
bonito vê-la, segura de si, negra como a noite, cor purpura ilustrada pelos
holofotes das quadras e da mídia.
Acredito, sem dúvidas, o primeiro jogo de cintura, aprendeu com a mãe. Uma
senhora que fez ginástica a vida inteira para criar filhos sozinha. Quando se
deparou com o tatame de solo, resmungou: "Isso è fichinha - eu venho da Lage". Sim. Quando a favela desce pro asfalto é um perigo. Está provado. Rebeca
teve duas traves na competição. A mãe tinha 30 por mês, uma para cada dia, em
busca de leite e pão para a gurizada sem pai. Uma mãe solo, que gerou uma
ginasta solo para um país solo de governo. De lá, Rebeca trouxe (até este
domingo), duas medalhas: A de ouro deve servir para tapar o orifício bucal do
Vice Presidente Mourão, buraco aberto que exalou a heresia de que " Mães
solos geram filhos desajustados". E, no ensejo, a de Prata, oferecida para
entupir o orifício inferior, de nome aqui não publicável. Rebeca Andrade não é
uma ginasta apenas. É o Brasil negro, O Brasil favelado, desprovido de um
Ministério de Esportes, extinto por um presidente castrado de alegrias e de cor.
Um tipo tosco incapaz de saudar nossos medalhistas sob qualquer circunstância
de respeito e gratidão. A moleca é o
Brasil da resistência, mostrando ao mundo que subir e descer o morro dá o que
falar. E fez a gente girar no eixo daquela cintura, alongar-se de esperanças
naquelas pernas de passos firmes e sonhar acordado no brilho daquele sorriso. Rebeca
é Ouro num país de dias de chumbo. E Brasil saltou com ela, "cravou"
no solo um tapa de luva no racismo, na pobreza hoje tratada como lixo e
repartiu com a nação a certeza de que tudo é possível. Parabéns a sua mãe "solo" - Viva a
nossa ginasta de "solo", exemplo de resistência para uma Nação,
fincada em outro "solo" - O "SOLO” ÉS MÃE ...GENTIL...
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