Carlos Imperial, natural de
Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, se tornou o mais carioca dos capixabas.
Na então capital da República
começou sua carreira e fez de tudo no meio artístico: foi compositor, cantor,
ator, cineasta, empresário, jornalista, apresentador de programas de rádio,
jurado na TV e produtor cultural.
Figura polêmica, mentiroso
assumido, aceitava numa boa ser chamado de “o rei da pilantragem”.
De uma época em que as “fake
news” (no seu tempo não havia internet) eram inocentes, comparadas com as
maldades de hoje.
Imperial era um marqueteiro
de mão cheia, embora do final da década de 50 ao início dos anos 90, quando
estava entre nós, ainda não tivesse surgido o marketing moderno que se vê hoje.
Foi um precursor, portanto.
Muitos brasileiros,
principalmente os mais jovens, nunca ouviram falar no “gordo”.
Mas certamente todo mundo já
escutou o nome ou leu alguma coisa sobre suas principais revelações: Roberto
Carlos, Elis Regina, Tim Maia, Wilson Simonal, Clara Nunes e Erasmo Carlos,
foram lançados na cena artística por Carlos Imperial.
Roberto, seu conterrâneo de
Cachoeiro de Itapemirim, foi lançado para se tornar o novo João Gilberto, cantor
que estava em evidência no Brasil no final dos anos 50, com a Bossa Nova.
As duas primeiras músicas
gravadas por Roberto Carlos, “João e Maria” e “Fora do Tom”, foram compostas
por Imperial e são Bossa Nova pura.
Por sinal a segunda canção
traz uma das irreverências do multiartista: a letra tira um sarro com Tom
Jobim, já então um nome respeitado na música popular brasileira.
Já Elis Regina, que Carlos
descobriu através de uma gravação e importou do Rio Grande do Sul, pretendeu transformá-la na nova Cely Campelo, cantora que fez sucesso no Brasil até início
da década de 60, especialmente com a música “Estúpido Cupido”.
O primeiro disco da gaúcha,
depois apelidada de Pimentinha, tem o título de “Viva a Brotolândia” e o repertório
inclui algumas canções no legítimo ritmo do iê-iê-iê, que iria marcar a Jovem
Guarda poucos anos depois.
LIVRO - A vida de Carlos Imperial foi
contada no livro “Dez! Nota Dez! Eu Sou Carlos Imperial”, de Denilson Monteiro.
Posteriormente, o bom livro de
Denilson deu origem ao filme (documentário) “Eu Sou Carlos Imperial”, com
direção de Renato Terra e Ricardo Calil.
Dá para escrever páginas e
páginas sobre o “gordo”, mas pra encerrar vamos só dizer mais três coisas sobre
ele.
Carlos Eduardo da Corte Imperial
(nome completo) compôs a música “A Praça” inspirado na canção “A Banda”, de
Chico Buarque.
Pode não ter a mesma
qualidade, mas se tornou o maior sucesso da carreira do cantor Ronnie Von, o “príncipe”
da Jovem Guarda.
Imperial inventou que os Beatles
tinham gravado a música “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga. Ainda hoje tem gente
acreditando nessa história.
Com raiva do ator Mário Gomes,
galã de novelas, nos anos 70/80, Carlos espalhou o boato de que o artista tinha
sido hospitalizado com uma cenoura enfiada no ânus. Imagina como isso afetou a
imagem do bonitão.
O livro “Dez! Nota Dez! me
foi indicado pelo professor/escritor Cláudio Gonçalves e a dica foi um verdadeiro
presente. Adoro biografias, ainda mais a de um gênio cafajeste como Carlos
Imperial.
Título do livro é por conta
do bordão na apuração dos desfiles das escolas de samba no carnaval do Rio de
Janeiro. Foi criado pelo “gordo”, é claro.
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