Por Ayrton Maciel*
Indícios de um plano de desrespeito à
autoridade dos governadores e quebra da disciplina e hierarquia nos quartéis
são cada vez mais evidentes.
Um soco no estômago. Mais do que a
perplexidade pela contrariedade da lógica, a decisão do comandante do Exército
brasileiro, o general de quatro estrelas Paulo Sérgio Nogueira, de não punir o
general da ativa de três estrelas Eduardo Pazuello por participar de
manifestação política de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro,
há 15 dias, traz a ameaça de transformar uma transgressão disciplinar numa
porta aberta à indisciplina nos quartéis. Um soco no estômago de estatelar, na
medida em que a expectativa era a da punição militar rigorosa, exemplar. O mau
exemplo Pazuello, dado pelo Exército, é imponderável.
A corrupção da hierarquia e da
disciplina é o resultado da insubordinação que Bolsonaro, seus filhos e aliados
da extrema-direita vêm promovendo nas corporações, especialmente as polícias
militares. Os quartéis estão se sentido soltos de autoridade civil. Há uma
semana, uma ação da PMPE – até o momento não identificada de quem partiu a
ordem -, que o governador Paulo Câmara (PSB) e os comandantes afirmam não ter
autorizado, dissolveu uma passeata pacifica contra o presidente Jair Bolsonaro
e a favor de vacinas, no Recife, deixando dois homens gravemente feridos com a
perda de um dos olhos. As duas pessoas não participavam do protesto, o que não
torna a covardia maior.
Indícios de um plano de desrespeito à
autoridade dos governadores e quebra da disciplina e hierarquia nos quartéis
são cada vez mais evidentes. A derrubada dos princípios servem exclusivamente
aos projetos autoritários do presidente Bolsonaro, que tem hoje a sua principal
base de apoio nos militares, particularmente os policiais militares. O episódio
do Recife é mais um ato grave na trama de enraizamento da insubordinação nos
quartéis. O primeiro foi protagonizado pela PMCE em 2019, numa greve-motim
violenta contra o governo Camilo Santana (PT), ação que teve a solidariedade
presencial do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).
Em 2020, a insubordinação e o ato
vinculado a interesses até o momento não esclarecidos ficaram expostos em uma
ação da PMBA. Uma operação de um grupo especializado – em tese para prender um
miliciano carioca – acabou se transformando numa emboscada e execução do
ex-capitão PMRJ, Adriano da Nóbrega. A quem interessava o silêncio do ex-PM
Adriano, que conhecia as relações oficiais e o submundo policial no RJ? Uma
ação executada sem o conhecimento do governador baiano, Rui Costa (PT). Há uma
semana, um tenente – no interior de Goiás – deu voz de prisão a um professor,
com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), por ter colocado adesivo no carro
com a frase “Bolsonaro genocida”. Há um sentimento de autoridade extrema e
desobrigação de subordinação.
Na vida, coincidências só na natureza.
Os três governadores de Estado alvos de insubordinação são oposição a
Bolsonaro. A verdade é que as polícias militares estão se considerando fora do
comando dos governadores, e unicamente subordinadas a Brasília. O ato político
pró-Bolsonaro do Rio de Janeiro, em 23 de maio – passeio de motocicletas
seguido de comício -, que teve a presença do general da ativa e ex-ministro da
Saúde, Eduardo Pazuello, contou com mais de mil policiais militares, de vários
Estados, revelou a imprensa. Os policiais militares estão respondendo
inconfessadamente a Bolsonaro. É oculto, mas transparente (incoerência só nas
palavras).
A ausência da oposição das ruas, em
razão da pandemia, vinha favorecendo a Jair Bolsonaro e a seus antidemocráticos
apoiadores. Mas, ao mesmo tempo, o expunha e a seus gestos constantes de
ataques às precauções sanitárias contra a Covid-19. As manifestações nacionais
de oposição do dia 29 de maio podem mudar a correlação das ruas, apesar dos
riscos para o controle da pandemia. Em caso de novas manifestações, a tendência
é de crescimento das adesões e da instalação do debate eleitoral de 2022. Cabe
aos governadores resgatarem a sua autoridade constitucional, sem concessões. As
PMs não podem estar nas ruas para proteger “aliados” e reprimir “opositores”.
*Ayrton Maciel é jornalista. Trabalhou no Dario de Pernambuco, Jornal do Commercio e nas rádios Jornal, Olinda e Tamandaré. Ganhador do Prêmio Esso Regional Nordeste de 1991.
Dá nojo dessas MILITARES de hoje, são piores em todos os sentidos daqueles do GOLPE DE 64
ResponderExcluirhoje às pessoas estão ficando com raiva de MILITARES de todas as CATEGORIAS, esse Bolsonaro conseguiu dividir até o EXÉRCITO com as suas ierarquias, o pior de tudo é que esses CIDADÃOS de hoje que vestem FARDAS, acham-se donos do Brasil,e de nós também, nós brasileiros geral, parece que somos bebês, nós não podemos nada , tudo tem quiser pela forca5fa bala deles , nós apavorando, é lamentável, aonde esses CARAS e esse doido presidente querem chegar?