Por Joaquim Carvalho*
As mortes por covid-19 em Porto Feliz, no interior
de São Paulo, explodiram e confirmam a ineficácia da cloroquina, ivermectina e
outros remédios que Bolsonaro e seus apoiadores recomendam desde março do ano
passado.
O prefeito da cidade, Cássio Prado (PTB), que é
médico, adotou o kit covid como política pública de saúde.
Desde abril dono passado, os medicamentos são
oferecidos a todas as pessoas com suspeita de infecção por coronavírus que
buscam atendimento na rede pública.
Além disso, nos meses que antecederam a eleição, o
prefeito mandou distribuir comprimidos de ivermectiva em dois bairros da
cidade, pobres e populosos
No segundo semestre do ano passado, a rede
bolsonarista espalhou a notícia falsa de que Porto Feliz era uma cidade sem
óbitos por coronavírus.
O bilionário Carlos Wizard visitou Porto Feliz em
junho, já se apresentando como secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do
Ministério da Saúde, na gestão de Eduardo Pazuello.
Após o encontro com o prefeito, mentiu à imprensa
que a cidade não tinha tido nenhuma morte por covid-19.
“Precisa ter mais evidência do que uma cidade com
75 mil habitantes, com mais de 500 infectados e sem nenhum óbito?”, comentou.
A cidade tem 52 mil habitantes e já naquela época
60 casos confirmados e três óbitos pela doença.
Uma cidade vizinha, Salto, com o dobro da
população, tinha registrado apenas uma morte, o que jogava por terra o
argumento de Wizard.
Ainda assim, Porto Feliz continuou sendo
apresentada por bolsonaristas como exemplo de que o tratamento precoce
funciona.
Em janeiro, o prefeito recebeu a visita de outro
bilionário, Luciano Hang, que também elogiou o modelo de tratamento adotado na
cidade.
Nesta semana, quando estive lá para produzir o
documentário sobre a cloroquina, o clima era tenso em razão da explosão de
casos e mortes.
Na terça-feira à noite, uma mulher de 40 anos
morreu e foi sepultada por volta das meia-noite. Na manhã de quarta-feira,
outra mulher faleceu de covid-19. Ela tinha 80 anos.
Há três semanas, o marido dela já tinha sido
enterrado com a doença e a filha do casal se encontra internada em estado grave
no hospital de uma cidade vizinha.
Nesta sexta-feira, mais duas pessoas morreram, e o
número de óbitos chegou a 101 — 21 a mais que o de Tietê, cidade a 20
quilômetros, que tem 42 mil habitantes.
O prefeito Cássio, muito falante no ano passado,
não deu entrevista ao 247.
No passado, foi elogiado em live por Bolsnaro e deu
entrevistas aos jornalistas bolsonaristas Alexandre Garcia e Leda Nagle.
O presidente da Câmara, Marcelo Pacheco, que também
é médico, aliado do prefeito e irmão do vice, teve um áudio vazado em que fala
da situação dramática de Porto Feliz.
“Você não tem ideia de como está lá. Ficou lá no
hospital, mas este final de semana piorou mais ainda.O hospital está
praticamente lotado só de paciente com covid. Este mês de junho vai ser
difícil. Acho que não vamos dar conta no hospital, não. Você fala para o
pessoal da sua família, para o pessoal ficar tudo quietinho aí, este mês, para
não ter problema, porque não vai ter vaga em lugar nenhum”, afirma.
Eu o procurei por telefone. O presidente da Câmara
confirmou o áudio e, quando me identifiquei como jornalista, pediu que ligasse
mais tarde. Foi o que fiz, mas ele não atendeu.
A farsa da cloroquina em Porto Feliz será um dos
capítulos do documentário, que mostrará o caso do senhor Antônio Silva, que
tomou ivermectina que a agente de saúde da Prefeitura levava na porta da casa
dele, duas vezes por mês.
Há alguns meses, ele foi sepultado no cemitério
Novo, um dos dois de Porto Feliz. “Não funcionou”, disse uma das filhas sobre o
efeito do tratamento precoce.
Nicolau, que mora em uma chácara e recebeu o kit
covid, também morreu. Perguntado se processaria a prefeitura, o filho
respondeu. “Não adianta, não vai trazer ele de volta”.
Em Porto Feliz, é comum encontrar pessoas na rua
sem usar máscara, e grandes aglomerações se formaram na feira livre que se
realizou na noite de quarta-feira.
O prefeito foi reeleito com cerca de 92% dos votos,
depois da intensa distribuição de remédio ineficaz contra a covid-19 e do apoio
de bolsonaristas como Wizard.
Em vídeo, o bilionário disse que ninguém morreria
de covid-19 em Porto Feliz.
Joaquim Carvalho é colunista do site Brasil 247. Foi subeditor da revista Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa).
Fonte; Brasil 247
Ainda bem que vai dar para concertar o erro das urnas das últimas eleições quando boa parte da população elegeu o metido a Ditador, o NAZISTA tupiniquiin, o doido, na VERDADE A MAIORIA DOS BRASILEIROS SÃO BONS, MÁS ERRARAM ELEGENDO ESSA FIGURA, más iremos concertar na próxima eleição.
ResponderExcluirMás não podemos negar ele igual ao HITLER também tem sua parcela da população que ama ele, assim como HITLER TAMBÉM ERA AMADO POR PARTE DA POPULAÇÃO ALEMÃ