PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS

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CRÔNICAS GARANHUENSES - Por Clóvis Manfrini Calado



Garanhuns: as sesmarias e sua origem territorial 


Conta-nos o grande historiador garanhuense Alfredo Leite Cavalcanti, em sua História de Garanhuns, que - bem antes da colonização e a chegada dos primeiros colonizadores portugueses - viviam por estas terras garanhuenses povos nativos (vulgarmente chamados de indígenas) conhecidos como tapuias/cariris. A ocupação do interior da então Capitania de Pernambuco, incluindo os Campos dos Garanhuns, por colonos, teve seu início mais de um século após a chegada, em meados da década de 1550, do donatário Duarte Coelho e sua família.
Os limites territoriais, pelo sul, da Capitania chegavam até o Rio São Francisco. Era, o São Francisco, o famoso rio expansionista da cultura pastoril, do gado, do couro, e da povoação das vastas regiões agrestino-sertanejas, como descrevemos na crônica anterior. As vastas expansões de terras, verdadeiros feudos, divididas em sesmarias, criaram as figuras dos senhores donos absolutos do poder econômico e político. Para se ter uma ideia desse domínio, o sesmeiro Garcia d’Ávila controlava, no estado da Bahia, uma vastidão territorial maior que o atual território da França. Para o pesquisador Alberto Passos Guimarães, em seus Quatro séculos de latifúndio, as sesmarias originaram os maiores problemas sociais em decorrência da grande concentração de terras no Brasil. E, aqui nas terras de Garanhuns, o controle absoluto também estava submetido a sesmeiros como Nicolau Aranha Pacheco, Bernardo Vieira de Melo e Cosme de Brito Cação. Uma das sesmarias que daria origem a Garanhuns, chamada de sesmaria dos Aranhas, concedida em 29 de dezembro de 1658, e que se localizava entre o Rio Canhoto, em limite com a parte leste do Sítio Tiririca e, ao sul, até o Riacho Conceição, tinha a extensão de 20 léguas de terras que chegavam, a oeste, até os atuais municípios de Águas Belas, Buíque e Pedra. Era o mestre de campo Nicolau Aranha Pacheco, dois familiares seus, e o capitão Cosme de Brito Cação, com seu irmão Gabriel de Brito Cação, os titulares legais desta concessão de terras. Outras concessões na região que formaria Garanhuns foram a sesmaria dos Burgos, com 30 léguas concedidas em 22 de dezembro de 1671 a um grupo de pessoas liderada por Maria de Burgos e que se limitava à sesmaria dos Aranhas, indo ao sul até Quebrangulo (AL) e até à serra de Palmeira dos Índios (AL); a dos Vieira de Melo, 20 léguas concedidas em 23 de dezembro de 1671 a um grupo liderado por Bernardo Vieira de Melo e que tinham seus limites até as proximidades do atual município de Caruaru e, ao sul, até o atual município de Quipapá; a do Moxotó, concedida em 17 de maio de 1688 e doada posteriormente à congregação religiosa de São Felipe Neri e que tinha seus limites territoriais até o município de Sertânia; e a da Serra do Ararobá, segundo Leite Cavalcanti, estas terras foram apossadas ilegalmente por João Fernandes Vieira e vendida depois a Manoel da Fonseca Rego. Esta sesmaria, do Ararobá, fazia limite com os atuais municípios de Arcoverde, a oeste, e com Poção, ao norte.
Foram estas as sesmarias que formaram os Campos dos Garanhuns e a grande concentração de terras, nas mãos de poucos, causaram muitas disputas entre famílias e dariam origem ao coronelismo, ao meu ver, a adaptação local ao semifeudalismo existente. Este monopólio da terra também acarretaria o controle do poder nessas áreas e faria com que muito do nosso atraso se perpetuasse por um longo período histórico.
No próximo texto, veremos mais sobre o que se cultivava e como se deu o povoamento dessa região dos Garanhuns.  

*Clóvis Manfrini é jornalista, de Terezinha, é filiado ao PC do B.

Um comentário:

  1. Não nos esqueçamos que a 'distribuição' de terras deveria atender a mandado imperial da parte da Coroa portugues ainda nos tempos de dom João IV. Este mandou que se legassem as terras da capitania de Pernambuco aos que enfrentaram os holandeses na chamada restauração de Pernambuco. Infelizmente os governadores do tipo do general Barreto de Meneses, Jerônimo de Mendonça Furtado, dom Pedro de Almeida e outros, aliados dos mais ricos, ignoraram quem, de fato, participou da Guerra da Restauração. Enquanto muitos 'nobres' da Bahia ganhavam terra aqui - exemplo de Cristóvão de Burgos e Contreiras junto aos Aranha Pacheco, Casa da Torre e outros -, os pernambucanos continuaram sem terra para o cultivo de suas lavouras e criação de pequenos rebanhos, como tão fundamentados nos lembram Nelson Barbalho e Pereira da Costa.

    JOSÉ LUCIANO
    Águas Belas PE

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