Por Michel Zaidan
O Partido dos Trabalhadores apresenta, em Pernambuco, um quadro
paradoxal: é um partido forte, consolidado, com representantes nos
três níveis de governo, mas ao mesmo tempo submisso à hegemonia política
da oligarquia pernambucana Campos/Arraes. Não quero falar do outro Partido
que integra a aliança governista, pois este já abdicou faz muito tempo de
qualquer veleidade de autonomia ou liderança política,
conformando-se em ser mero coadjuvante da coligação ora no poder. O
problema da falta de autonomia do PT foi explicado pelo ex-vereador (hoje
secretário) Dilson Peixoto como tendo o partido uma estratégia nacional e
Pernambuco não poderia ficar de fora, qual seja: a eleição de um candidato
petista à Presidência da República e o indispensável apoio do PSB a esta
candidatura. Foi o que se deu entre nós, com o sacrifício da candidatura da
hoje deputada Marília Arraes.
As imagens que circularam pelas redes sociais, mostrando Lula de braços dados ou com os braços levantados, ora com Marília Arraes ora beijando o filho de Eduardo Campos parecem reeditar a mesma história da eleição passada: com uma mão, Lula acena para a militância petista entusiasmada com a possibilidade de o partido ter candidatura própria, com a outra parece selar um acordo de cúpula com os herdeiros do legado político eduardista. Afinal, teremos a reedição dessa nefasta aliança, com o sacrifício - outra vez - de uma candidatura petista que vem se mostrando viável e competitiva?
É de se lamentar - e muito - essa duplicidade de atitudes. O
pragmatismo em política sem seus limites: não só numa ética das convicções
ideológicas ou programáticas, mas nos compromissos assumidos publicamente com o
povo. Como é possível continuar acendendo uma vela para Deus, e outra para o
Diabo? - Seja qual for o projeto (ou estratégia) nacional do
Partido dos Trabalhadores e seu candidato às eleições presidenciais de 2022, o
PSB será levado pela força da gravidade a apoiar o PT; não é necessário que determinadas
lideranças regionais lulistas e arraesistas entreguem numa bandeja a cabeça de
um projeto de autonomia político-partidária no estado, e os demais companheiros
digam "amém", "amém".
Se quisermos romper com esse circulo infernal da reprodução do poder
oligárquico em Pernambuco é preciso ousar, ter coragem de abrir uma via própria
para a esquerda passar, mesmo que isto custe mandatos, cargos e eleições. No
início, o PT foi capaz de fazer isso. Por que agora não consegue mais? - Será
que a idade da razão (ou do acomodamento político-institucional) chegou nas
cabeças de alguns líderes locais da agremiação partidária? - É tão importante
assim ocupar uma secretária sem importância ou um mandato senatorial em
troca de um verdadeiro projeto de hegemonia política em Pernambuco? - Considero
isso não só uma pequena política, mas sobretudo uma traição aos compromissos
democráticos e populares assumidos historicamente com a sociedade.
A direita se une fácil e em pouco tempo.Ela quando percebeu que o JMB iria ganhar as eleições em 2018 todos se uniram em torno do PSL e hoje aprovam tudo desde 2016 com o golpista Michel Temer e quando vão disputar as eleições municipais e estaduais esquecem tudo e se coligam facilmente.
ResponderExcluirQuem aprovou todas as minirreforma políticas até foram exatamente os partidos da direita com os seus Deputados Federais e Senadores: PMDB,PSDB,PFL/DEM,PP,PTB,PSL,PSC,PR.
Vejam a minirreforma aprovada em 2019.Os partidos podem se coligar para prefeitos,mas para vereadores não podem.Ainda mais os partidos somente poderão lançar o dobro de candidatos.Aquelas candidaturas de 10-15-16 e 20 votos não tem sentido em nenhum partido.
Será que o fim das coligações partidárias propostas pela PEC do ex-senador e hoje Senador Jarbas Vasconcelos em 2005 era esta aprovada em 2019 pelos deputados federais e senadores?