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GUGU, ISSO NÃO SE FAZ!


Por Gerson Lima

Augusto Liberato? Os magos por trás das câmaras da TV brasileira são mestres em perceber que um nome sem sonoridade e nada em tônicas silábicas de boa sonoridade serve para comandar programa. Ou você engoliria um Abravanel Santos num Roletrando aos domingos? Não. Vai se chamar Gugu. E o perfil de desempenho no palco? Ah. Que seja um protótipo da classe média brasileira, de inteligência média, sem muito senso crítico, quem sabe um tipo criado com a avó ou algo como um  ex-seminarista, de polidez clerical, riso fácil e leve, cabelinho cortado, a fina expressão de inocência no que falar e a infantilidade necessária para ganhar confiança em todas as idades. Assim se deu. A televisão é um veículo iconográfico e possui signos e sinais capazes de alcançar os objetivos desejados. É só imaginar quem vai estar do outro lado vendo. O poeta Ferreira Gullar diz que a arte existe porque a vida só não basta. Eu ainda perguntarei a Gullar o que danado ele quis dizer com isso. Porque ainda hoje tenho dupla personalidade por causa de Bertold Brecht e Constantin Stanislavsk. O primeiro defende a arte como agente politico de transformação, algo que forneça uma reflexão, fomentando uma ação do homem em razão de seu meio. O segundo defende a arte pela arte, o belo por si só, já transformador pela sua essência plena, digamos.  Mas para que serve esse esboço idiota de intelectual de gaveta? Pra nada. Gugu Liberato entrou no ar nos idos de 80/90 e o seu programa era para a gente assistir comendo bolacha na frente da TV enquanto a criançada bagunçava na sala. Então nem Gullar, Nem Brecht e nem Constantin. Pronto. Ali tinha um sortido de variedades pitorescas do showbusiness populesco matando as horas com entretenimentos para toda a família. Havia sim um ar de inocência na sequencia de infantilidades sadias no melhor sentido da diversão. Via a estética de algo sem ofensas, tudo o que de brincante possa se chamar de televisão sem precisar rotular gêneros ou escolas. A musiquinha do Passarinho virou uma cantiguinha de ninar embalando o positivismo para a vida dura da classe média sofrida assistindo ao programa semanal. Ainda hoje há quem sonhe com um aviãozinho de 100 Reais caindo no sofá, enviado por Silvio Santos. Lá para as tantas, uma tal Banheira do Gugu dava o que falar. Celebridades ensaboadas se roçavam numa tanque de plástico e as beldades femininas abriam a fechavam pernas para delírio dos marmanjos. Achava-se ousado para época porque ninguém imaginaria que décadas mais tarde veríamos um Pablo Vitar escondendo o “mólho genital” para se passar por mulher nos palcos do Brasil, como nos dias de hoje. Então Gugu divertia cumprindo bem seus primeiros passos na TV e sua Banheira ainda hoje pode ser comparada a esse país que lhe perde registrando gratidão ao seu trabalho. Veja se o Brasil não anda mesmo uma grande banheira onde estamos ensaboados, abrindo e fechando a bunda para o mundo num espetáculo tosco comandado pelo Chefe da Nação que em si, é uma espécie de sabonete de má qualidade, incolor e inodoro que ninguém consegue segurar nas mãos. Enquanto isso, a gente dança, rindo como éguas, se afogando na espuma de nossa ignorância e inércia latentes. Ah, mas a Banheira do Gugu era melhor. E a Televisão brasileira perde sim. Perde a alvura de um apresentador família, alguém de uma vida sem máculas e dedicado ao que fazia. Lamentamos – Gugu, isso não se faz!  Mostrar-nos que somos sim, absolutamente iguais. Que é possível sim, cair de qualquer altura e que basta estar vivo para conviver com todas as fatalidades do mundo? Mas isso  é mesmo uma maneira de percebermos o quanto somos humanos e frágeis. Vá. Sob o Comando Divino. Nós ficamos. Batendo palmas - Sob a regência da memória de um apresentador de TV com cara e alma de menino. E que muito fez de bom na televisão brasileira. 

Bravo !!

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