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CLASSE HOSPITALAR RESGATA DIGNIDADE DOS ALUNOS


 
Por Marciolina Teixeira

Histórias de vida não terminam com diagnósticos médicos. Ainda mais quando se é criança. Mesmo se falamos de câncer. Os alunos da Classe Hospitalar Semear contam sobre isso todos os dias. Basta querer ouvi-los. Somente assim é possível entender a importância de uma sala de aula dentro de um hospital. Apesar de ser um direito de toda criança internada, a Semear é a única classe hospitalar em Pernambuco. Fica no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Santo Amaro, no Recife. Atende a pacientes do setor de oncologia pediátrica que cursam da educação infantil até o 5º ano, pois é ligada à Escola Municipal Herbert de Souza, unidade aberta à comunidade em geral.
Quem está à frente da Semear também deseja receber jovens pacientes do Oswaldo Cruz matriculados no Ensino Médio. Mas aí é preciso um convênio com o governo do estado. E esse passo ainda não foi dado. Pablo Rian Lopes, 11 anos, está internado no Huoc há duas semanas. Foi transferido de João Pessoa, na Paraíba, onde mora, por causa de problemas na oferta de quimioterapia em um hospital público da cidade. Está no quinto ano. No dia da visita do Diario, fazia tarefa de português ofertada pela professora Cristiane Pedrosa. A ideia era avaliar o nível do estudante para sugerir outras atividades ao longo do internamento. A equipe da Semear também troca informações com a escola onde o paciente está matriculado para ajudar no preparo das aulas.
“Ao ser internada, a criança perde a rotina da vida e também a relação com a família, pois muitas moram longe do Recife e nem sempre podem fazer visitas por conta das condições financeiras. As crianças se sentem isoladas e a classe hospitalar é o contato delas com o mundo exterior. Há pouco trabalhamos o período junino, como em qualquer escola, e elas terminam esquecendo que estão em um hospital. Aqui é onde fazem mais barulho na unidade, leem, cantam”, brinca Cristiane.
Na Semear, o tempo pedagógico é diferente por conta das particularidades dos alunos. Uma hora é o período de permanência em sala de aula. A escola abre às 9h. Antes disso, a professora Cristiane se informa sobre os nomes dos estudantes que terão aula em sala ou no leito. O quadro pode mudar a qualquer momento. Quando o atendimento é no quarto, as atividades são mais lúdicas e envolvem pintura e contação de histórias. A oncologia pediátrica do Huoc é formada por 24 leitos e ocupa dois andares. A Semear funciona desde 2015.
Devison Riquelme, 8, frequenta a Semear entre as idas e vindas ao Recife por exigência do tratamento. Ele també é de João Pessoa. Gosta de pintar e de matemática. Quer estudar para ser pedreiro, assim como o pai. “A história da criança não termina com o diagnóstico. A classe traz um ganho enorme no tratamento. Não falo só de ficar bom. Falo de ofertar humanização. O ideal é atender a todos, mas não podemos colocar os mais velhos na sala porque falta convênio com o estado, responsável pelo Ensino Médio”, explica a médica Vera Morais, do Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer, de quem a Prefeitura do Recife é parceira para montar a classe no Huoc.
Rafael Gomes, 30, é formado em pedagogia pela UFPE  e já fez tratamento de câncer no Huoc quando tinha 3 anos. Na época, a Semear não existia, mas, durante a graduação, Rafael conheceu a iniciativa na função de estagiário. Por isso fez o trabalho de conclusão de curso abordando a importância da Semear na escolarização das crianças com câncer. “O lúdico é muito importante no tratamento das crianças. A sala ameniza a dor e o sofrimento agudo na alma. A classe é importante não porque os pacientes são coitadinhos, mas porque é um direito ter acesso à educação.”
Ao final do internamento, o aluno volta para a escola de origem com um portfólio de atividades feitas em sala de aula. Segundo Priscila Angelina, que coordena a intermediação dos alunos com as escolas, um estudo de 2015 apontou só 155 classes hospitalares no Brasil. A classe hospitalar era respaldada pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação, que no início do ano foi extinta.
Maria Costa, diretora executiva de gestão de rede da Secretaria de Educação do Recife, disse que o objetivo é ampliar a classe hospitalar para outros hospitais do Recife. Mas isso depende de convênios com as unidades de saúde.
*Fonte: Diário de Pernambuco/Cremepe

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