A TV Globo, que apoiou o
golpe de 1964 e cresceu como empresa justamente durante o período da ditadura
militar, está envolvida até o pescoço no “golpe paraguaio” comandado pelo
honesto deputado Eduardo Cunha.
Só que a Globo, que 50 anos
depois pediu desculpas ao povo brasileiro pelo apoio à ditadura, não assume que
está apoiando um novo golpe. Por isso escalou repórteres, comentaristas
políticos, juristas de cara de pamonha e gente que se presta a tudo para dizer
que 2+2 são 5 para provar que “o golpe não é golpe”.
Até um estudante do ensino
fundamental sabe que o impeachment está previsto na Constituição brasileira e
portanto é um instrumento político legal, que deve ser usado em casos extremos,
quando um governante é comprovadamente corrupto e cometeu crimes pelos quais
deve ser afastado do cargo.
Foi o que aconteceu com
Fernando Collor no início dos anos 90. Envolveu-se em roubalheiras, perdeu o
apoio do Congresso e das ruas.
Contra Dilma Rousseff, ao
contrário, não existe nenhuma prova de que esteja envolvida em algo desonesto, a Câmara e o Senado estão divididos e a população brasileira também está meio a
meio.
Provam as manifestações de
rua que foram grandiosas dos dois lados. Os que estão contra o governo com
apoio ostensivo da Globo e toda grande imprensa, os que defendem a legalidade
respaldados pelos blogs progressistas e alternativos, além da militância nas
redes sociais.
Mas a TV Globo anda repetindo
a técnica de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler: repetir uma
mentira quantas vezes seja necessário, até que ela se transforme em verdade.
Agora, mesmo, com essa
história de impeachment, a emissora da família Marinho, repete toda noite que o
processo em curso não se trata de um golpe, pois tudo está previsto na
Constituição.
Mentira! A Constituição não
prevê o afastamento de um governante sem crime. A Constituição não prevê que um
presidente seja apeado do poder por criminosos do porte de Eduardo Cunha e
Paulinho da Força. A Constituição não estabelece que o impeachment sirva de
instrumento de acesso ao poder aos que perderam eleição, como Aécio Neves, ou
aos conspiradores e traidores, caso do vice Michel Temer.
A Globo faz a cabeça de
alguns milhões de idiotas, atende os interesses das elites e de uns pobres
diabos que se olham no espelho e acreditam ser também da classe A.
Mas não resiste a menor
análise séria do bravo Paulo Henrique Amorim, que pode ter um monte de
defeitos, mas anda prestando serviços relevantes ao Brasil ao denunciar
diariamente as falcatruas da imprensa golpista e partidarização do Judiciário e
do Ministério Público.
A emissora líder não resiste
a um simples artigo do professor Michel Zaidan ou do jornalista Homero Fonseca.
Pessoas coerentes, sérias, inteligentes, cultas, que nunca viraram casaca ou deram
as costas ao povo.
A Globo faz um certo povo de
bobo, mas não controla a cabeça nem dos seus próprios artistas, que estão
engajados na campanha contra o impeachment e que denunciam a forma golpista
como ele está sendo conduzido.
Artistas como Wagner Moura,
Paulo Betti, Osmar Prado, Marieta Severo, Dira Paes, Letícia Sabatella, Bete
Mendes, Fernanda Montenegro e muitos outros já brilharam ou brilham no momento
na telinha da Globo. Mas eles não compactuam com o engodo, a mentira, a omissão
e a distorção dos fatos.
"Golpe paraguaio" no Brasil
basta o da seleção de futebol do país vizinho, que nunca mais deixou a
canarinha vencer pelo menos uma.