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O PERFIL E AS PRETENSÕES DA NOVA PRESIDENTE DA UNE

Na foto, Catarina Vitral, nova presidente da UNE.
 Na noite do metrô de São Paulo, quando ela se espreme de mochila entre os passageiros e sorri um “com licença” procurando o seu assento, é fácil deduzir, no rosto dos seus 26 anos, que se trata de uma universitária voltando da aula. Pelo horário e a circunstância, também é seguro apostar que seja um dos 5,3 milhões de brasileiros estudantes das faculdades particulares do país (73,5% do total), que muitas vezes dependem do turno da noite para poder estudar.
 Porém, sentar-se ao lado de Carina Vitral no vagão, trocar algumas ideias e descobrir que ali está uma das principais lideranças da juventude brasileira não seria uma experiência tão previsível aos que procuram rótulos instantâneos. Aluna de Economia da PUC-SP, recentemente presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo – a maior do país – e agora da UNE, a estudante natural de Santos foge ao padrão comumente estereotipado para o movimento estudantil.
 Diferentemente dos três últimos presidentes da entidade, alunos de grandes universidades públicas brasileiras como UFRJ e USP, ela representa a multidão de estudantes das particulares que se tornaram protagonistas no país a partir de programas como o Prouni e o Fies. Na fala simples e na simpatia das bochechas rosadas e covinhas não se reflete a endurecida militância dos discursos de cartilha. Na cabeça e no coração vive o sonho do socialismo, mas no peito não mora somente a camiseta do ídolo Che Guevara:
 “Hoje, por exemplo, estou usando a da campanha pelo fim das disciplinas online”, exemplifica. “Muita gente da própria direção do movimento estudantil não entende a importância dessa reivindicação, mas é uma preocupação direta de uma enorme parcela dos estudantes brasileiros e a UNE precisa estar ligada nisso”, critica.
 Carina defende que a entidade dedique cada vez mais atenção às pautas do ensino privado e promete lutar severamente pela regulamentação do setor. “Ao todo, 40% das vagas do ensino particular são atualmente subsidiadas pelo Estado, mas não há nenhum controle ou garantia sobre a qualidade desse ensino. A universidade particular no Brasil precisa mudar urgentemente”, cobra.
 Sua trajetória, porém, não começou nas salas de aula da PUC. Antes de se encontrar na paixão pela Economia, foi uma adolescente que circulou entre diversos movimentos e lugares. Ainda em Santos, filha de um pai que trabalha no porto e de uma mãe advogada, começou a se aproximar do terceiro setor e das experiências coletivas com apenas 12 anos. “Tudo começou com uma gincana da cidadania promovida na escola”, relata.
Em pouco tempo, já participava do Conselho Municipal de Juventude da cidade, juntou-se ao movimento das ONGs locais, circulou pelo Brasil, Argentina, Peru, Venezuela e descobriu que a vida seria essa: independente e imprevisível. Com a mochila nas costas, apaixonou-se pela América Latina, que carrega até hoje nas preferências musicais e literárias, de Pablo Neruda a Julio Cortázar, de Decirme Bueno a Orishas.
 Aproximou-se mais fortemente da juventude organizada durante o Fórum Social Mundial em Caracas, no ano de 2006. Foi também durante o mesmo encontro que se juntou ao movimento feminista, fortalecendo sua convicção no feminismo e a certeza de que precisava ocupar mais espaços enquanto mulher. Ao voltar para o Brasil, chegou a iniciar o curso de Relações Internacionais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na capital, mas não durou muito. “A lógica do curso de Relações Internacionais muitas vezes é a lógica dos países hegemônicos. Isso não me agradou”, justifica.
 De volta à cidade natal, foi diretora do Centro dos Estudantes de Santos (CES), no período do cursinho, e acabou sendo aprovada para o curso de Economia na federal de Santa Catarina. Chegou a estudar um tempo naquele Estado mas voltou para São Paulo. O crescimento político no movimento estudantil veio com o cargo de diretora de universidades públicas da UNE, que ocupou entre 2011 e 2013, até ser eleita presidenta da UEE-SP.
 À frente da entidade estadual, Carina recolheu uma conquista histórica para o currículo: a vitória do passe livre estudantil em São Paulo para ônibus, metrôs, trens e transporte intermunicipal. Foi uma luta que incluiu o acampamento de estudantes em frente à prefeitura, passeatas e outras formas de pressão. A conquista do passe livre em São Paulo é um dos principais marcos posteriores às grandes jornadas de junho de 2013, das quais Carina participou ativamente.
 Como nova presidenta da UNE, ela acredita que o Brasil vive um momento delicado do ponto de vista político e econômico: “Temos que defender a democracia, combater a atual política de cortes, principalmente da área da educação, precisamos estabelecer a taxação das grandes fortunas, criar um projeto de desenvolvimento, fortalecer a indústria nacional, reduzir os juros”, defende.
Na pauta da educação, sinaliza para um período de muita agitação também nas universidades federais, que já sofrem com o contingenciamento de verbas neste ano de 2015. Anuncia uma campanha de grandes proporções pela ampliação da assistência estudantil e pela implantação devida do Plano Nacional de Educação no país.
 Ela promete uma UNE radicalizada, já nos primeiros meses de mandato, contra retrocessos como a redução da maioridade penal: “Vamos barrar essa medida no Congresso Nacional com toda a unidade das forças da juventude. Esse foi um dos grandes consensos do nosso encontro em Goiânia”, conta.
Outra postura firme da entidade deverá ser pela reforma política democrática, pelo fim do financiamento privado de campanhas e pela inclusão dos jovens na política: “O nosso Congresso Nacional é essencialmente composto por homens brancos, velhos, heterossexuais e ricos. Isso precisa mudar, o povo brasileiro é diverso”, protesta.
 Carina está ciente de sua responsabilidade e demonstra tranquilidade diante do novo desafio. Sabe que estará envolvida em um período de grandes transformações na história brasileira e que precisa contribuir para que a UNE alcance e atenda bem a todos os universitários. Sabe que representa uma entidade enorme, com uma história e um saldo de mobilizações único no país. Concentrada e dedicada, parece já estar fazendo o dever de casa e planejando suas estratégias para que a juventude, mais uma vez, conduza o Brasil a um futuro melhor.
 Além disso, ela sabe que seu rosto será um pouco mais conhecido nos metrôs de São Paulo e das outras cidades do Brasil, mas não se intimida: “Sei do tamanho da UNE e que essa experiência vai mudar a minha vida. Mas também sei que, de certa forma, no fundo sou e continuarei sendo apenas uma estudante.”

Do site da UNE.

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