Nos últimos dias de fevereiro de
2015, Elvira Freitas fez um protesto, no facebook. Ela clamou contra o machismo
desenfreado, que assola o Brasil e as brasileiras. – Elvira é adolescente de 15
anos de idade. E é aluna do Colégio Dom, em Olinda. O grito de Elvira Freitas
repercutiu e ela conseguiu a adesão de professores e alunos do seu colégio.
Tanto as do sexo feminino, quanto os do masculino aderiram ao apelo de Elvira!
– E um montão de gente daquele colégio empunhou o cartaz: “EU LUTO CONTRA O MACHISMO.”- 2. Aproveito o tema e redijo o artigo a seguir, relatando alguns
crimes cruéis, contra mulheres. E trazendo um pouco da legislação pertinente:
A Lei Maria da Penha (11.340/2006) consagra
benefícios às mulheres que se veem sob as garras de elementos psicóticos ou
psicopatas. Mas a nossa Justiça é lerda e ruim. E o Estado (nação) não dá
garantias a ninguém. Por outro lado, é impossível ao Estado evitar que um
celerado agrida, humilhe e mate sua companheira ou ex-companheira dentro de
casa ou noutro lugar qualquer. Só com penas severas e garantindo o cumprimento
destas, o Estado poderia dar certa proteção às mulheres, ainda que
parcialmente. – O Estado tem o dever de proteger a vida humana, conforme
determina a nossa Constituição Federal (CF), em seu art. 5º, incisos diversos.
Ademais, o art. 226 dessa mesma CF, diz que o Estado “assegura especial
proteção” à família.
Como o que está nos códigos, não está na prática,
não há essa tão decantada proteção, em lugar algum. Por isso mesmo, as mulheres
têm medo de denunciar os companheiros ou ex-namorados, temendo o pior. E esse
pior, não raro acontece. A Justiça é mãe bastarda, por conta da inoperância do
Estado no seu todo: Poder Legislativo, Executivo e Judiciário. A cada dia saem
dezenas de leis. Emendam Códigos Penal e de Processo Penal. Criam mais centenas
de direitos, deveres e obrigações etc., etc. – E o cumprimento das leis fica ao
deus-dará. Não há seriedade para evitar a procrastinação dos julgamentos. E a
progressão de penas é mais um estímulo aos assassinatos.
Prosseguindo: - No dia 12 de fevereiro deste mesmo
ano de 2015, Matusalém Ferreira Júnior, de 48 anos de idade, mandou matar
Izabella Márquez Gianvechio,
uma jovem de 22 anos. O triplo homicídio, com todos os requintes de crueldade,
foi executado em Uberaba (MG). Com Izabella foram mortos seus dois filhos, os
gêmeos Ana Flávia e Lucas Alexandre, ambos com um mês e meio de nascidos. –
Matusalém está detido num presídio de Uberaba. Ele já confessou que mandou
matar Izabella. O motivo do triplo homicídio teria sido a recusa do próprio
homicida para não reconhecer a paternidade das crianças. – A polícia já sabe
quem é o executor do assassinato. Trata-se do outro bandido Antônio Moreira Pires (Pedrão), que
estava foragido.
Na noite de 11.3.2013, em
Itirapina, cidadezinha do interior de São Paulo, a professora Simone Lima, de
27 anos, foi esfaqueada e morta dentro de uma escola. – Ela lecionava Português
naquele estabelecimento, pelo programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). –
O homicida, Thomas Hiroshi Haraguti, com 33 anos, era aluno da professora
Simone. Irado por não ser correspondido no intento de namorá-la, ele entrou na
sala dos professores e matou Simone com sete facadas. – É mais um psicótico que
tentava ter um caso amoroso com a professora, face à beleza dela. Depois da
barbárie, ele fugiu e ela faleceu a caminho do hospital. – A verdade é que
esses indivíduos de índoles deformadas supõem que as mulheres sejam
propriedades suas.
O ex-goleiro Bruno de Tal mandou matar Eliza
Samudio, em Minas Gerais, em 2010, porque ela lhe cobrava uma pensão que ele
podia pagar. Mas, não queria pagar. Seus comparsas, contratados para efetivação
do homicídio, usaram de todos os meios cruéis e das torpezas mais vis que se
possa imaginar. A crueldade e a perversidade foram a tônica. Além de a matarem
covarde e friamente, ainda aproveitaram o corpo da jovem, pra servir de ração
para cachorros. E, nos dias de julgamento, por mais que a promotoria se
esforçasse com apresentação de provas robustas, assistimos a cenas teatrais,
seguidas de insultos à acusação. As afrontas ao representante do Ministério
Público partiram dos defensores daqueles delinquentes.
Mizael Bispo matou Mércia Nakashima (São Paulo,
2010), também usando de meios cruéis. Foi condenado a 20 anos de reclusão. E
diz que está fazendo um livro, pra mostrar que não é monstro. Possivelmente,
vai comprar uma bíblia e fazer curso de “Teologia”, pra facilitar a enganação
dentro e fora do presídio. E com seis ou sete anos de prisão, estará em
liberdade condicional. Aí ele vai conquistar outras mulheres candidatas a
vítimas de morte. E pode matá-las impunemente.
Pimenta Neves assassinou a doce Sandra Gomide
(também em São Paulo, 20.8.2000), após atraí-la pra morte. – Pimenta Neves,
covardemente, deu dois tiros em Sandra, pelas costas. – Sandra Gomide tombou
sem vida. Neves saiu tranquilamente, deixando o corpo de Sandra estendido junto
às baias. – Pimenta Neves está solto. Ainda se valeu do Estatuto do Idoso. –
Como pode o Estatuto do Idoso proteger bandidos de tal periculosidade, jogando
por terra as demais leis que foram feitas para proteger a vida e a família?
Em 4.4.1989, José Ramos Lopes Neto matou Maristela
Just (em Jaboatão dos Guararapes – PE), na frente do casal de filhos de ambos.
Ainda atirou no cunhado e, pior, atirou nos dois filhos dele e de Maristela. A
filha, tinha quatro (4) anos de idade. O filho, tinha dois (2) anos! Estes
ficaram com sequelas graves que perduram até hoje. Algum tempo preso, depois
foragido; passaram-se 20 anos para o então réu José Ramos ser condenado. Ainda
assim, à revelia e às véspera da prescrição do crime. E só foi julgado, em
vista de movimentos da sociedade e de familiares de Maristela, antes que o
crime prescrevesse. Foi sentenciado a 79 anos de reclusão, no dia 13.5.2010.
Dois anos depois, foi capturado e está preso.
E a vida de Izabella, de Simone, Eliza, Mércia,
Sandra e Maristela etc. quem devolve? Se houvesse seriedade por parte dos
poderes da República, os criminosos temeriam a dureza do cárcere que teriam de
suportar, como paga pelos seus sentimentos vis e repugnantes. E, assim, essas
centenas de vítimas não existiriam. – Tais comportamentos homicidas, por parte
de “homens” contra mulheres indefesas, são muito antigos.
Antes de
falar sobre inúmeros outros crimes praticados contra mulheres, passo de raspão
sobre o caso do ex-desembargador José Cândido Pontes Visgueiro, que matou Maria
da Conceição (Mariquinhas), porque esta não lhe foi fiel. – Note-se que Pontes
Visgueiro tinha 62 anos de idade, enquanto Maria da Conceição tinha 17 anos. –
Esse horrendo crime se deu no dia 14 de agosto de 1873, em São Luís do
Maranhão. – Pontes Visgueiro foi condenado à prisão perpétua, com trabalhos
forçados, no dia 13 de março de 1874, no Rio de Janeiro. – O julgamento
foi da competência do Supremo Tribunal de Justiça (denominação da época), em
virtude de Visgueiro ser desembargador – integrante do Poder Judiciário. – Pelo
que vemos, a Justiça em 1874 funcionava bem melhor. – Se fosse hoje, é
possível que Pontes Visgueiro nunca se submetesse a julgamento. Muito menos que
sofresse condenação.
(*)
Farei outro artigo pra falar sobre esse tenebroso homicida José Pontes
Visgueiro. – Assim, também, pretendo abordar alguns outros homicídios contra
mulheres, ocorridos nos últimos 40 anos, que já caíram no esquecimento de muita
gente. – Ou que nunca chegaram ao conhecimento de outras pessoas, que nasceram
bem depois dessas tragédias. – Como exemplo, lembro a morte de Ângela Diniz,
perpetrada pelo playboy Raul Fernandes do Amaral Street, conhecido por Doca
Street. – É ISSO. /.
José Fernandes Costa – jfc.costa15@gmail.com