Da jornalista Tereza Cruvinel:
O anúncio não sai hoje e não por é uma “pinimba” da presidente
Dilma porque os nomes vazaram. O que ela quer, segundo fontes do PT,
é anunciar também na semana que vem, juntamente com os titulares da
Fazenda, Planejamento e Banco Central, os nomes dos presidentes do Banco do
Brasil e da Caixa Econômica Federal. O pacote completo deve reforçar as
percepções positivas do mercado, deixando porém claro que os bancos públicos
continuarão tendo um papel importante. Não se fala em substituição de Luciano
Coutinho no BNDES.
Mesmo sem anúncio hoje,
as escolhas de Dilma para a equipe econômica já fizeram sentido. Ela
surpreendeu mercado, aliados e adversários com a escalação de Joaquim
Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, ganhando o primeiro round, o
das expectativas. A reação das bolsas e do câmbio falam por
si. Já haviam sido positivas em relação aos nomes de Trabuco
e Meirelles e à hipótese de Tombini na Fazenda, registrada por este blog,
mas foram ainda mais positivas diante do trio, ainda que não esteja claro
se Levy vai mesmo para a Fazenda e Barbosa para o Planejamento, ou
vice-versa. Seja como for as escolhas sugerem mudanças importantes,
no segundo mandato, na orientação da política econômica e na conduta da própria
presidente.
1. Fortalecimento do tripé
inflação controlada, câmbio livre e rigor fiscal, com superávit
robusto. Mas de forma gradualista (como vem fazendo Tombini no BC,
na gestão monetária), sem choques que comprometam a retomada do crescimento ou
a continuidade das políticas sociais. Fonte do mercado diz que, ao
contrário do que dizem alguns críticos da esquerda, na medida em que afastar as
desconfianças econômicas dos tempos recentes, mais espaço terá para avançar no
social.
2. Maior autonomia para a
equipe econômica, com a presidente interferindo menos nas decisões, coisa que
era facilitada por sua proximidade com Guido Mantega e o temperamento mais
solícito do atual ministro. Estas teriam sido premissas acertadas
nos convites a Barbosa e Levy, que têm restrições aos malabarismos fiscais e à
liberalidade no gasto público, não chegando porém ao rigor de um Armínio Fraga.
3. Maior sintonia com o
ex-presidente Lula, que será mais ouvido em questões econômicas. Dilma não
o atendeu escolhendo Meirelles, de quem não gosta muito, e Trabuco, também
defendido por Lula, recusou o convite. Mas ele aconselhou perfis como os
de Levy e Barbosa, com quem Dilma até chegou a ter desentendimentos
pontuais no passado. Superou-os, em nome da necessidade.
Lula ganhará outro round com a
saída praticamente certa de Arno Augustin da Secretaria do Tesouro. Há
pouco tempo o ex-presidente passou-lhe um pito público. E, mais
crucial, foi por conta de atritos com ele que Barbosa deixou a
secretaria-executiva da Fazenda. Já se fala em Altamiro Lopes, diretor
administrativo do Banco Central, para seu lugar.
A escolha do senador Armando
Monteiro para o MDIC foi mais política do que técnica, embora ele seja um homem
da indústria, tendo presidido a CNI. Mas ele é também um líder do PTB, partido
que trocou Dilma por Aécio na campanha, embora nem todos tenham apoiado o
tucano. Dilma agora deve uma compensação ao governador eleito de Minas,
Fernando Pimentel, que defendia a escolha de Josué Alencar para o cargo.
Se
confirmada a escolha da senadora Katia Abreu para a pasta da Agricultura, terá
sido também mais por conta das boas relações pessoais entre Dilma e a
presidente da CNA. No agronegócio, as posições da senadora não são
consensuais mas, de todo modo, o setor estará representado.
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