Do economista José Carlos Peliano:
Ignacio
Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, denunciou que uma vaca europeia
recebe 4 euros diários de subvenção enquanto uma pessoa na África vive
com menos de 1 euro por dia! Um escândalo que o levou a concluir que vale mais
ser uma vaca europeia que um ser humano africano.
Nesse
mundo marcadamente desigual, de fato, vale mais ser muitos outros caprichos da
sociedade opulenta do que passar fome e viver à míngua. A dignidade humana
perdeu o valor em contraste com as veleidades, prazeres e interesses do lucro
pelo lucro, pela acumulação e pela riqueza.
Não
que uma vaca não possa ver subsidiada para garantir uma adequada produção de
leite para os europeus diante exatamente das vicissitudes dos diferentes
mercados, condições climáticas e do panorama dos preços relativos
estabelecidos.
Também
a priori nada a opor que um africano não possa viver com menos de 1 euro por
mês se esta quantia lhe garanta uma sobrevivência igualmente adequada na
situação econômica do país em que viva.
Se
e somente se essas disparidades entre indivíduos, países e regiões sejam
acompanhadas e julgadas com humanidade e justiça nas mais diversas situações de
vida. O que infelizmente não é o que acontece mundo afora. Entre a vaca e o
africano passa um oceano de injustiças, desigualdades, opulência e miséria. O
que falta de um lado necessariamente é o que sobra no outro.
Simples
assim. A opulência de um país é o retrato da miséria do outro no mundo antes
mercantilizado e hoje globalizado desde a produção até o consumo passando pelos
direitos de posse e propriedade. A penúria que assola um país é a opulência que
é acumulada noutro. O que distingue o ser humano da barbárie, seja esta
primitiva ou contemporânea, é que a vida é inegociável, mas a riqueza não é.
Cada
unidade produzida de bem ou serviço em qualquer parte do mundo já traz embutida
a marca da desigualdade. O que sobra no produto de lucro é o que faz falta ao
desempregado para conseguir ocupação, ao faminto para não ter de roubar uma
galinha (e uma ação parar no Supremo), ao doente que não tem recursos para
comprar medicamento. O capitalismo não existe sem lucro, mas ele é que separa
os que têm e os que não têm. Ele é quem dá a forma e o tamanho da desigualdade.
Quanto maior o lucro num quadro de desigualdade mais a desigualdade impera, se
alastra, convulsiona.
Em
texto anterior foi sugerido por nós um indicador para refletir ao mesmo tempo a
riqueza e a desigualdade de um país. Uma simples relação entre magnitudes do
Produto Interno Bruto (PIB) e de uma medida de desigualdade (coeficiente de
Gini). A ideia é a de indicar o quanto de desigualdade equivale a um quanto de
riqueza. Em outras palavras, numa determinada sociedade com relações sociais e
de produção estabelecidas e vigentes quanto de desigualdade é gerada por
unidade de produto ou riqueza. Abaixo informações que ilustram o indicador face
aos comentários realizados até aqui.
As
informações se referem ao produto e à desigualdade no Brasil e nos Estados
Unidos por anos selecionados e em números índices. As fontes foram o IBGE e o
Bureau of Labour Statistics. Os anos são 2001, 2005, 2009 e 2012. Os dados do
produto são do PIB e os da desigualdade do coeficiente de GINI. Para o Brasil
os números índices obtidos para o PIB foram 100; 113,2; 131,0 e 157,6 e para os
coeficientes de GINI foram 100; 95,3; 92,8 e 91,0. Para os Estados Unidos 100;
112,2; 114,8 e 123,1 e 100; 100; 105,5 e 102,8 respectivamente.
Os
valores do PIB e os números do GINI foram tomados a partir de 2001, ano em que
se fixou como base de comparação, daí numerando-o com 100, um número índice a
partir do qual os demais anos se referenciam. A relação final obtida, o
indicador GINI/PIB, reflete o quanto de desigualdade medida pelo coeficiente de
GINI equivale a uma unidade de produto medida pelo produto interno bruto. Se se
quiser o indicador pode ser interpretado para uma compreensão mais fácil como o
quanto de desigualdade é desencadeada ou gerada por unidade de produto de um
país em determinado período de tempo.
Os
indicadores GINI/PIB obtidos foram: Brasil – 100; 84,2; 70.8 e 57,7, e para os
Estados Unidos – 100; 89,1; 91,9 e 83,5.
Em
boa parte da década passada, a relação GINI/PIB decresce mais no Brasil do que
nos Estados Unidos. Ou seja, para cada unidade de produto menos desigualdade foi
gerada aqui no país do que no solo americano. Esse decréscimo, no entanto, se
deveu mais ao aumento do PIB em todo o período do que à redução correspondente
da desigualdade. O produto veio crescendo mais que a queda anual na
desigualdade.
De
todas as formas, a queda da desigualdade no Brasil equivaleu a três vezes mais
a queda ocorrida nos Estados Unidos. Um bom resultado para nós muito embora
essa queda tenha se dado a partir de magnitudes mais altas do GINI aqui do que
lá – enquanto aqui em 2012 o GINI chega a 0,50 lá não passa de 0,38.
Enquanto
isso, o crescimento do PIB no Brasil supera o dos Estados Unidos em duas vezes
e meia no período praticamente decenal. É claro que não foi a redução do lucro
aqui que permitiu a queda na desigualdade como a teoria identifica. No
capitalismo essa iniciativa fica muitas vezes na mão do estado através das
transferências de renda aos mais pobres e necessitados via tributos. No caso do
Brasil foram os recursos pagos por impostos que puderam ser transferidos para
programas sociais que ajudaram a melhorar as rendas dos mais pobres além de
permitirem a entrada deles no mercado, fosse em ocupações novas fosse no acesso
ao consumo.
O
Brasil conseguiu a proeza de passar pelo período de 2001 a 2012 com a evolução
de indicadores de riqueza e desigualdade em melhor situação que a dos
americanos. É um marco na história dos dois países e em especial do nosso que
viveu por muitos anos tendo os Estados Unidos como modelo de cultura, consumo e
produção. O caminho ainda é longo para se atingir aqui os níveis de produção e
desigualdade dos americanos, mas as bases estão lançadas e já começam a dar
bons resultados. (Transcrito do Blog de Sulamita Esteliam).
Caso os atuais ditadores de países africanos não fomentassem tantas guerras em busca de enriquecimento ilícito, muito da miséria que assola aquele continente seria mitigada. Agora, os países colonialistas europeus têm sem sombra de dúvida alguma responsabilidade nos conflitos tribais em consequência da divisão territorial que fizeram, no entanto à partir da independência dessas nações(anos 60), muitas não souberam gerir suas riquezas o que lançou muitos na miséria absoluta. Sabem o preço de carne bovina na Europa? não? estão ainda não sabem porque a vaca custa tanto aos europeus.
ResponderExcluirQuer dizer que a miséria do terceiro mundo advém essencialmente da exploração dos países ricos sobre os pobres. Esta conversa é velha e fiada. Eles são ricos porque produzem mais e melhor. Simples assim. Além do mais tem sociedades politicamente democráticas e devidamente organizadas do ponto de vista político-institucional. Em outras palavras, ode tem capitalismo tem riqueza. Onde não tem, pobreza. Vejam a África com seu tribalismo. Há que defenda, mas ninguém quer morar por lá.
ResponderExcluirQuanto às desigualdades, parece piada. O pobre dos Estados Unidos, seria classe média no Brasil. Aliás, é só olhar o mapa e ver onde tem riqueza tem capitalismo. É simples. No Brasil, existe capitalismo em São Paulo ou no Piauí? Ou mesmo Alagoas. Elementar, só um burro não percebe essas coisas.
Enquanto houver política no combate a fome isto nunca vai acabar. Os senhores políticos do mundo só visam poder e roubo do dinheiro público. No Brasil não é diferente. Este nosso Brasil existe milhões de miseráveis e famintos, coisa que a imprensa não mostra a realidade nua e crua. O Brasil é um país riquíssimo. Enquanto o mundo estava quebrando economicamente o Brasil saiu por cima, era a chance de sairmos do terceiro mundo. O que o Governo arrecada diariamente com impostos é um absurdo se formos somar o que entra nos cofres públicos do Brasil. Mas na mesma proporção que entra sai através de licitações e das diversas sacanagem que a política brasileira sabe fazer para desviar dinheiro público. Isto acontece em todos os "poderes" da união, a única "lei" que a politicagem brasileira obedece é a "LEI DE GERSON". Esta eles cumprem ao pé da letra (levar vantagem sobre tudo e sobre todos). O Brasil é para ser a potência econômica do mundo. Celeiro do mundo, mas a corrupção que esta entranhada no sangue do brasileiro isto impede que este país seja do primeiro mundo e sermos respeitado perante o mundo civilizado. No Mundo onde um brasileiro chega as pessoas dos outros países ficam com pé atraz, por conta da tradição de sermos desonesto. Esta ai a construção dos estádios para copa do mundo desvio de bilhões para dos amigos da política (lei de Gerson). O mundo esta vendo como será a copa do mundo no Brasil. Esta copa será um cegonha e a mais insegura.
ResponderExcluirJonathas