Esta semana o assassinato do promotor de
Águas Belas, Tiago Faria, ocorrido na última segunda-feira (14), na rodovia
PE-300, quando ele se dirigia para o trabalho no município de Itaíba, levou o
Estado a se destacar negativamente nos noticiários policiais de nível nacional.
O representante do Ministério Público foi morto com quatro tiros de espingarda
calibre 12, ficando praticamente desfigurado e deixando muito medo e apreensão
à pacata cidade com quase 40 mil habitantes. Em um curto espaço de tempo, as investigações
apontaram para dois suspeitos e um conflito entre a mulher do promotor, Mysheva
Martins, e os acusados.
Mysheva teria adquirido parte de uma
fazenda que pertencia a um dos acusados e foi a leilão devido a dívidas
trabalhistas. Na época, ela pagou R$ 100 mil em juízo, numa propriedade que
fatura cerca de R$ 1,5 milhão com a venda de água, já que no local desapropriado
e arrematado tinha uma farta fonte do líquido. A SDS, além de apresentar essa
linha de investigação, colocou os dois principais suspeitos na cena do crime,
através de câmeras de seguranças de estabelecimentos comerciais, que os filmou
trafegando pela PE-300. Na manhã da última sexta-feira (18), um jornal do
Recife apontou para outra linha de investigação, que pode envolver um
ex-namorado da noiva do promotor. Ele, segundo a reportagem, teria emprestado o
dinheiro para arrematar as terras e não se dava bem com o noivo de sua
ex-namorada.
Em Caruaru, os últimos dias também foram
violentos, com oito assassinatos, incluindo um médico alagoano que foi morto no
centro da cidade após uma tentativa de assalto. Ele estava em companhia de
alguns amigos visitando a Capital do Agreste e, quando se dirigia a uma
lanchonete, foi abordado por alguns menores e esfaqueado. Atendido no HRA, a
vítima não resistiu e morreu. Esse e outros crimes chocaram a cidade, como a
morte também do sulanqueiro conhecido como ‘Biu do Som'. Ele foi assassinado a
tiros dentro da Feira da Sulanca de Caruaru, no Parque 18 de Maio, uma das
áreas mais movimentadas do município.
A resposta da polícia tem sido rápida.
Dos oito crimes cometidos, alguns suspeitos já foram presos. Da morte do médico,
por exemplo, três acusados foram detidos, todos menores de idade e que foram
reconhecidos através das câmeras de monitoramento da Destra. Já nos demais
homicídios, outras pessoas foram interrogadas e algumas tiveram a sua
participação confirmada nos atos delituosos. Até o dia 15 de outubro haviam
sido cometidos 15 crimes de morte em Caruaru, dado que chamou atenção da SDS,
que convocou coletiva com a imprensa para mostrar que, apesar do crescimento no
número de mortes, a polícia não está apenas observando.
O Pacto pela Vida tem sido uma das
prioridades do governo de Eduardo Campos e é exemplo no Brasil no combate à
violência, sendo tema de estudo em outros países. Esse modelo também começou a
ser seguido em outros estados, mas os investimentos em Pernambuco foram muitos,
com destaque para o grande número de concursos realizados na área desde de 2007
para delegados, agentes civis, policiais militares, bombeiros, além de reforma
em delegacias, criação de unidades especiais e compra de equipamentos. O programa
destacou-se também no combate ao crime organizado e na questão das mortes por
aluguel.
Em Caruaru, apesar da quantidade de
homicídios, o trabalho de inteligência desarticulou a atuação dos crimes de
pistolagem e a cidade hoje não tem mais esse tipo de delito em alta. Um dos
fatores que contribuíram para o sucesso do Pacto pela Vida em todo o Estado foi
a participação da sociedade organizada na montagem do programa e da sociedade
civil através do Disque-Denúncia. Esse equipamento tem sido fundamental na
prisão de foragidos e na elucidação de crimes violentos contra a vida, bem como
assaltos a estabelecimentos bancários e repartições. Com a sociedade ajudando,
a tendência é a impunidade diminuir e, consequentemente, os índices de
violência despencarem. (Editorial do Jornal Vanguarda deste final de semana).
A VIOLÊNCIA NO AGRESTE E NO PAÍS
O jornal Vanguarda trata da violência em
Pernambuco, com ênfase para o que acontece em Caruaru. Elogia o Pacto pela
Vida, que realmente reduziu a criminalidade no Estado. Mas ainda falta muito. O
número de homicídios ainda é bastante alto e a impunidade permanece em muitos
casos. Aqui em Garanhuns, na sexta-feira, duas pessoas foram assassinadas e o número
de crimes de morte na cidade chegou a 32 até o dia 18 de outubro.
Nós que nos orgulhamos tanto por sermos
os tais no futebol devíamos nos esforçar para ser campeões em educação,
investir em cultura, botar alguma coisa na cabeça dos jovens. Sabemos que na
maioria dos países da Europa em cidades do porte de Garanhuns a criminalidade é
perto de zero. Em muitos municípios não ocorre um único homicídio durante o ano
inteiro. Aqui no Agreste Meridional já tivemos assassinatos este ano em todas
as cidades da região, cabendo a triste liderança e vice-liderança aos municípios
de Garanhuns e Lajedo.
O problema, lógico, é nacional. É preciso
mais esforço e mais competência dos governos federal, estaduais e municipais
para dar segurança ao cidadão. No Brasil se mata mais, em alguns lugares,
do que em países em guerra. Isso precisa mudar. E a população precisa cobrar
para que este quadro se modifique. Não adianta ganhar a Copa do Mundo, no próximo
ano, se continuarmos com altos índices de analfabetismo, corrupção e
criminalidade, dentre outros males.
No dia 4.6.1998, um promotor de Justiça sediado na capital de São Paulo, matou sua esposa grávida de sete meses. O promotor é Igor Ferreira da Silva, que tinha 34 anos, à época do crime. A esposa vítima era Patrícia Aggio Longo. - Igor Ferreira passou a informação à polícia de que havia sido assaltado, junto com a esposa. E que os bandidos levaram sua caminhonete com sua mulher. E o haviam poupado. Ocorre que nada foi levado do carro do promotor. E ficaram muitas pistas que Igor não teve como esconder, apesar de ter sido delegado de polícia antes de entrar para o Ministério Público. - Assim, não foi difícil indiciar o promotor como matador da esposa grávida. - Ele foi julgado pelos 25 juízes mais antigos do Tribunal de Justiça de São Paulo, no dia 18.4.2001.- Não foi a júri, pela sua condição de promotor de Justiça (foro privilegiado). - A acusação ficou a cargo da promotora Valderez Deusdedit Abud, ex-colega de Igor Ferreira. - Ao final, Igor Ferreira foi condenado, por unanimidade, a 16 anos e quatro meses de reclusão, em regime fechado. Homicídio qualificado (crime hediondo), por ter matado a esposa e a filha nascitura, sem chance de defesa. - Não sei quem fez a defesa do promotor. Mas, o defensor havia dito, dias antes do julgamento: "Hoje em dia mata-se por qualquer motivo ou sem nenhum motivo." - Com essa frase, o defensor queria jogar a responsabilidade pela morte de Patrícia para um presidiário. Os irmãos do promotor haviam procurado o presidiário, em Guarulhos, para assumir a autoria do crime, sob recompensa pecuniária. O presidiário aceitou ganhar os R$5.000,00 para confessar ser autor do homicídio de Patrícia. Mas a mulher do preso desarmou o plano macabro, depondo em Juízo. – E restou provado que o autor fora Igor Ferreira da Silva. - Durante o julgamento, a defesa, sem ver saída, arguiu a "falta de motivos para o crime". - Foi quando o desembargador relator escreveu: "O motivo não é circunstância elementar do tipo penal. E a própria defesa, aliás, foi além e chegou a admitir, em certa passagem, que 'hoje em dia mata-se por qualquer motivo ou por nenhum motivo'. O fundamental é que a prova dos autos - ainda que não detectado o motivo - não deixa dúvida sobre a autoria do crime." (Palavras do relator). - O promotor Igor Ferreira da Silva foi condenado, perdeu o cargo e fugiu por algum tempo, pra não ser preso. - Depois, foi preso, sem dinheiro, maltrapilho e pesando cerca de 50 Kg. – 2. Agora, vamos ao essencial: - NÃO entendo que Águas Belas seja tão pacata assim. - E, chamando para mim as palavras do defensor de Patrícia Aggio, digo que a nossa cultura é do crime e para o crime. E isso deriva da impunidade consagrada pela nossa legislação penal, que tudo permite. Inclusive, a legislação permite que criminosos adultos cometam crimes hediondos e passem a responsabilidade para menores de 18 anos. Os “menores” assumem qualquer delito, porque têm a certeza da “liberdade legal”. – Desse modo, não há pacto pela vida que funcione!/.
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