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JOSÉ LINS DO REGO - ESCRITORES BRASILEIROS 8º

Em 1932 o próprio José Lins do Rego bancou a edição do seu livro de estréia. “Menino de Engenho” é um romance curto, delicioso, que pode ser lido apaixonadamente por adolescentes e pessoas maduras. A impressão que se tem, ao ter o primeiro contato com o autor paraibano, é que se trata de um escritor de “coisas leves”, de aventuras, com uma prosa que encanta e faz sonhar.

Mesmo sem ter saído por uma grande editora, “Menino de Engenho” foi bem recebido pelos literatos brasileiros e projetou o escritor nos principais centros do país. A partir dessa obra inicial é que foi possível construir um ciclo único na Literatura Regional Brasileira, o da “Cana de Açúcar”, relatando a vida nos engenhos, descrevendo o apogeu e a decadência dessa atividade econômica no Nordeste Brasileiro.

José Lins nasceu em Pilar (PB), em 1901, tendo morrido no Rio de Janeiro, com apenas 56 anos de idade.   Ainda muito novo o futuro escritor perdeu a mãe e foi criado pelos avós, dos quais guardaria profunda lembrança. Anos depois, eles inspirariam personagens dos seus romances.

Estudou em Itabaiana, em João Pessoa, depois Recife. Na capital pernambucana fez amizade com Giberto Freyre e fez o curso de Direito.

Morou uns tempos também em Maceió, tendo contato na capital Alagoana com o mestre Graciliano Ramos e o seu conterrâneo José Américo de Almeida.

Por fim, Zé Lins foi morar no Rio de Janeiro. Na capital da República, escreveu em jornais, prosseguiu sua atividade de romancista e se tornou um torcedor apaixonado do Flamengo. Integrou inclusive a diretoria do popular clube carioca.

Do ciclo da cana de açúcar, destaca-se o já citado “Menino de Engenho” um livro que tem sabor de comida gostosa ou de um bom filme de aventuras; depois vieram Bangüê, Moleque Ricardo, Usina, Pureza, Pedra Bonita e Riacho Doce. “História da Totonha Velha”, publicado em 1936, é seu único livro dedicado ao público infantil.

O tema da fabricação de açúcar e a decadência dos engenhos no Nordeste voltaria a ocupar a prosa de Lins do Rego em 1942 com o romance “Fogo Morto”. Muitos consideram esta sua obra prima. Se em “Menino de Engenho” você tem o encanto da infância, a felicidade de correr livre pelos campos, as brincadeiras com os moleques do eito; Neste livro da década de 40 o leitor se depara com uma prosa densa, pesada até, personagens sofridos, complicados. Embora tenha lido Fogo Morto há muitos anos, lembro que o autor, neste romance, usa e abusa do recurso da repetição, para enfatizar a “loucura” do personagem principal. O coronel Lula de Holanda e o mestre José Amaro são tipos que não se esquecem facilmente e que impressionam quem se aventura nas páginas deste vigoroso drama.

Um livro de José Lins pelo qual tenho maior carinho é “Pureza”, de 1937. É um romance poético, sensual, cuja beleza começa pelo título. No romance um rapaz da cidade grande, adoentado, procura a cura e novas forças num lugarejo esquecido do mundo. Tem uma estação de trem no meio do nada, algumas pessoas sem perspectiva de vida e uma natureza exuberante que brota das letras e impregna o leitor pelos olhos, o corpo, todos os sentidos. O “doente” vai conhecer duas irmãs belíssimas, caboclas rústicas, cheia de viço, que serão amadas e darão amor ao nosso personagem. De uma maneira elegante, bonita, sem em nenhum momento apelar – apenas fazendo boa literatura – o escritor chega a produzir páginas de um erotismo saudável e rico, quem sabe provocando muitos que leram o livro a querer se esconder também num lugarejo como Pureza, melhor ainda se tiver a sorte de encontrar duas mulheres como as descritas na história.

Riacho Doce, transformado em série de televisão e filme é outro livro em que José Lins do Rego faz poesia em prosa e faz o amor explodir de uma maneira que nos provoca, no bom sentido.

Dos escritores regionalistas brasileiros surgidos na década de 30, certamente José Lins, Graciliano e Jorge Amado são os maiores. A partir do universo rural nordestino, esses três grandes escritores produziram uma obra que se tornou universal. Tanto que os três tiveram seus livros traduzidos na maioria dos países da Europa, nos Estados Unidos e em outras regiões do planeta.

Abaixo dois trechos de romances de José Lins do Rego. O primeiro de "Menino de Engenho", o segundo de "Pureza".

Carlinhos amava também as histórias de Totonha, por vezes ela passava pelo engenho e contava grandes histórias com uma esplendorosa interpretação que encantava o menino. Ainda ele ia à senzala onde conversava com os negros. Lá vivia uma negra vinda da Angola que todos tinham como uma vovó, mas tinha também uma vinda de Moçambique que aterrorisava-o. O menino também temia o lobisomem e as histórias relaionadas a ele. E como ali a religião não era algo muito presente, o menino desconhecia Deus e sua palavra, sabia o pouco que a mãe lhe ensinara.
Teve sua segunda paixão quando vieram umas primas do Recife, fez amigo de uma delas, era a mais velha. Ficavam nas sombras dos cajuzeiros e ela lhe contava histórias sobre viagens em navios as quais ele temia e ele contava histórias como a da cheia e de um incêndio que certa vez atingira a fazenda. Um dia lhe deu um beijo, depois correu de volta para a casa grande, no jantar olhavam-se, e foi assim até que a prima foi embora sem a menor tristeza, magoando-o.
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Fazia um mês que estava em Pureza. Era um recanto retirado, onde só existia mesmo, além da casa do chefe da estação, o chalé onde eu morava. Um meu colega da estrada de ferro me arranjara aquele retiro. Fora uma casa que um superintendente da estrada construíra para passar o verão. O lugar é uma delícia, um retiro que só mesmo o gosto dum inglês poderia ter descoberto. Um esquisito, como diz o povo desses lugares. A minha casa fica rodeada de grandes eucaliptos, que rumorejam ao vento. Cigarras e pássaros fazem um rumor que acaricia os nervos. Lá embaixo corre um rio por cima de pedras. E o silêncio do ermo é de vinte e quatro horas. Felismina reclama todo dia esse desterro. Ela é a dona de casa. Uma vez a ouvi conversando com um molequinho contratado para o nosso serviço. Falava mal do lugar, da tristeza, do oco-do-mundo que era Pureza. Nunca vira terra mais esquecida de Deus, mais longe de tudo. A povoação mais perto era a de S. Miguel. (...)

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