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GRANDES NOMES DA MPB XLVII

 (Clicando no nome do artista, acima, você acessa um vídeo do youtube com uma interpretação pelo cantor da música "Tudo Outra Vez", uma das mais bonitas de sua carreira).

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle nasceu na cidade de Sobral, no interior do Ceará. Foi na terra natal, ainda menino, que  se encantou pelas feiras e se tornou poeta e repentista. Estudou música coral e piano com um artista chamado Acaci Halley. Ainda em Sobral, foi programador da rádio da cidade. Quando passou a morar em Fortaleza, conheceu o grupo de cantores e compositores que futuramente seria chamado de “O Pessoal do Ceeará”. Dele faziam parte Fagner, Ednardo, Rodger, Teti, Cirino, dentre outros.

Belchior morou no Nordeste até 1970 e se apresentou em festivais da região de 1965 até começar a nova década, quando decidiu tentar a sorte no Rio de Janeiro. Na chamada “cidade maravilhosa”, hoje assombrando o mundo por conta do crime organizado, chamou a atenção pela primeira vez, no meio artístico, ao vencer o IV Festival Universitário de MPB. Ainda em Fortaleza, o compositor iniciou o Curso de Medicina. Em 71, no RJ, o amor pelas canções se impôs definitivamente.

Elis Regina, a grande cantora brasileira dos anos 60 e 70, acostumada a gravar compositores novos e torná-los conhecidos do grande público, incluiu no seu disco de 1972 a música Mucuripe, uma composição de Belchior e Fagner muito significativa na vida dos dois cearenses. Em 1974 está canção seria gravada também por Roberto Carlos, que até então reinava absoluto no mundo da música popular do Brasil.

Com a gravação do primeiro compacto simples, que tinha uma das faixas Na Hora do Almoço, Belchior ainda não chegou às paradas de sucesso. Nem seu primeiro LP, Mote e Glosa, lançado pela Continental, em 1974, teve grande repercussão. Mas Alucinação, o vinil de 1976, pôs o artistas nas paradas de Norte a Sul e ele virou cult, principalmente entre o público jovem e universitário.

O disco trazia 10 faixas, todas elas assinadas por Belchior e a maioria delas foi sucesso no país, executadas exaustivamente nas AMs e nas FMs, estas últimas começando a se espalhar nas capitais.  Apenas Um Rapaz Latino-Americano,  Velha Roupa Colorida, Como Nossos Pais, Sujeito de Sorte, Como o Diabo Gosta, Alucinação, Não leve Flores, A Palo Seco, Fotografia 3 x 4 e Antes do Fim, fazem deste vinil um dos melhores álbuns brasileiros dos anos 70, inclusive com um belíssimo trabalho de capa, que foi escolhida entre as mais criativas da década.

Pouco tempo depois Elis Regina voltaria a gravar Belchior, com grandes interpretações de Velha Roupa Colorida e Como Nossos Pais. Esta última, incluída no disco de 76 da cantora, se transformou numa espécie de Hino da Juventude da época e quem não conhecia o compositor cearense passou a conhecê-lo e admirá-lo.

No ano seguinte o cearense lançou Coração Selvagem, outro bom disco, incluindo hits como Paralelas, Todo Sujo de Baton e Galos Noites e Quintais, músicas que estão entre as mais representativas de sua carreira. A faixa título tem uma letra muito bonita, na linha dos grandes sucessos do álbum Alucinação. Paralelas e Todo Sujo de Baton receberam regravações de outros artistas brasileiros, inclusive uma boa versão da cantora Vanusa, já então meio desaparecida do cenário musical do país. "Galos Noites e Quintais", seria regravada por Jair Rodrigues, numa arrojada interpretação do cantor de "Disparada". 

Outro grande êxito da carreira do cearense é a música Comentário a Respeito de John, que em alguns sites é apontada como uma homenagem a Lennon. A letra, contudo, em certos trechos, parece direcionada ao ditador brasileiro João Batista Figueiredo, último dos presidentes da República do regime militar pós 64.
“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho, deixe que eu decida a minha vida...”, canta Belchior nesta bela música.

Pessoalmente, tive a satisfação de ter assistido shows em teatro ou nos Festivais de Inverno de Garanhuns de grandes nomes da MPB, como Fagner, Ednardo, Gonzaguinha, Elis Regina, Simone, Cássia Eller, Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Betânia, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhoto, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Aleceu Valença,  Zizi Possi e João Bosco, dentre muitos outros. O Belchior, no entanto, foi o único desse grande time que nunca tinha visto no palco.

Tive opotunidade de acompanhar um show que ele fez em Garanhuns, em 2004 ou 2005, num desses festivais de músicas promovidos pelo deputado estadual Izaías Régis. Tinha um bom público para assisti-lo e o artista, nesse tempo já fora da mídia e desconhecido por grande parte das novas gerações, parecia gratificado. Fez uma bela apresentação que encantou os presentes, as pessoas que gostam da boa música brasileira. A sua voz, que sempre me pareceu um problema, nos discos, no palco é muito melhor e fiquei muito feliz de estar vendo o cantor e compositor cearense ali, já coroa, “mandando brasa”, provando que talento não desaparece. 
Em 2009, o programa Fantástico da Rede Globo, fez uma reportagem sensacionalista sobre o desaparecimento do cantor Belchior. Estaria sumido há dois anos, sem contato nem mesmo com os parentes. Depois, a equipe da emissora foi descobri-lo na cidadezinha de São Gregório de Polanco, no interior do Uruguai. Tudo parece mesmo ter tido um pouco de encenação da TV, pois o artista estava hospedado com a mulher, vivia uma vida normal tendo um bom relacionamento com os moradores do lugar e apenas, tudo indica, estava querendo dar um tempo, descansar, encontrar um pouco de paz.

No início deste ano, no Brasil, o artista gravou um depoimento para o filme “O Homem que Engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira. O longa é um documentário em homenagem ao compositor Humberto Teixeira, nascido em Iguatu, no Ceará, autor de Asa Branca junto com Luiz Gonzaga.

Belchior está bem vivo e lúcido. Imagino que não pensa em sumir. De todo modo seu nome já está cravado na música popular brasileira com músicas e versos como os de Tudo Outra Vez, uma de suas mais belas canções:

"Há tempo, muito tempo
Que eu estou
Longe de casa
E nessas ilhas
Cheias de distância
O meu blusão de couro
Se estragou
Oh! Oh! Oh!...

Ouvi dizer num papo
Da rapaziada
Que aquele amigo
Que embarcou comigo
Cheio de esperança e fé
Já se mandou
Oh! Oh! Oh!...

Sentado à beira do caminho
Prá pedir carona
Tenho falado
À mulher companheira
Quem sabe lá no trópico
A vida esteja a mil...

E um cara
Que transava à noite
No "Danúbio azul"
Me disse que faz sol
Na América do Sul
E nossas irmãs nos esperam
No coração do Brasil...

Minha rede branca
Meu cachorro ligeiro
Sertão, olha o Concorde
Que vem vindo do estrangeiro
O fim do termo "saudade"
Como o charme brasileiro
De alguém sozinho a cismar...

Gente de minha rua
Como eu andei distante
Quando eu desapareci
Ela arranjou um amante
Minha normalista linda
Ainda sou estudante
Da vida que eu quero dar...

Até parece que foi ontem
Minha mocidade
Com diploma de sofrer
De outra Universidade
Minha fala nordestina
Quero esquecer o francês...

E vou viver as coisas novas
Que também são boas
O amor, humor das praças
Cheias de pessoas
Agora eu quero tudo
Tudo outra vez..."

(Fontes de Consulta: Enciclopédia da Música Brasileira, Click Music, Folha de São Paulo Online, Portal G1 e discografia do artista)

2 comentários:

  1. viajo muito nas músicas de poeta e compositor brasileiro,espero que algum dia tenha mais uma vez o prazer de esta presente em um shon,este cara é um sábio,ele esta apenas filosofando por ai em breve teremos o prazer de ter a sua voz com presente espero.

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  2. Sem duvidas, o Belchior é inesquecível.....

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