Por Altamir Pinheiro
O diretor de cinema mais premiado do mundo que, até sua morte, conquistara 4 preciosas estatuetas do OSCAR e, por ironia do destino, nenhum deles com filmes faroeste, costumava afirmar o seguinte : "Em caso de dúvida, é melhor fazer um western". Não é à toa que o cineasta e maior diretor de filme bang bang de todos os tempos era considerado nessa especialidade, o "Papa do faroeste". Ford faleceu há meio século, mais precisamente, no dia 31 de agosto de 1973, em Palm Desert, Califórnia, contava com 79 anos. No ano da sua morte, entre os maiores sucessos do cinema americano encontrava-se nas telas de cinemas do mundo inteiro o filme “O Exorcista”.
Uma característica notável dos filmes da Ford é o fato de ter utilizado uma, podemos assim chamar de, “SOCIEDADE DE ATORES", muito mais do que fizeram outros diretores colegas seus. Uma enormidade de estrelas famosas apareceram em pelo menos dois ou mais filmes em que ele dirigiu incluindo Harry Carey (a estrela de 25 filmes mudos), logo a seguir fizeram filas os monstros sagrados como John Wayne, Henry Fonda, Maureen O”Hara, James Stewart, Woody Strode, Richard Widmark e tantos outros. Em que pese o famoso Clint Eastwood que hoje está com 93anos e nunca ter trabalhado com o diretor Ford, em 2011 foi agraciado com o troféu John Ford. Aceitando o prémio, disse Eastwood: “Qualquer tipo de associação com John Ford é o sonho da maioria dos realizadores, uma vez que ele foi certamente um pioneiro do cinema americano e eu cresci nos seus filmes. Os seus westerns tiveram uma grande influência sobre mim, como penso que tiveram sobre toda a gente. Quando trabalhei com o diretor Sergio Leone há anos na Itália, o seu realizador favorito era John Ford e ele falou muito abertamente sobre essa influência".
"Bom, prefiro os grandes mestres, e com isso quero dizer: John Ford, John Ford e John Ford”, assim respondeu Orson Welles quando lhe perguntaram quais eram seus diretores americanos favoritos. O genial diretor de “Cidadão Kane” não era o único mestre do cinema a admirar o inigualável John Ford. Entre aqueles que fazem coro a Welles, temos Steven Spielberg, Martin Scorsese e Clint Eastwood. Como alegam os bons cinéfilos, Ford era mestre nas composições de cenas, capturando sempre os melhores ângulos, deixando as imagens de maior destaque no centro da tela, de forma a torná-las mais amplas. A cena final de “Rastros de Ódio”, com Wayne sendo enquadrado ao centro de uma porta com as laterais escuras, é de uma genialidade que só um mestre como Ford poderia criar.
Sem a menor sombra de dúvidas, os dois JOHNS do faroeste foram John Ford (diretor) e John Wayne (ator). A maior parceria já existente em mais de duas décadas entre um diretor e um ator foi formalizada por esses dois Johns. A parceria da dupla totalizou 14 filmes. Foram nove westerns, e, mesmo se não tivesse feito (muitos) faroestes com outros diretores, John Wayne já teria alcançado a imortalidade cinematográfica. Houve duplas inesquecíveis na frente da câmara, como a de Spencer Tracy e Katharine Hepburn, mas entre as duplas formadas por diretores e atores, nenhuma excedeu em qualidade os filmes feitos por John Ford e John Wayne.
No ano de 1939, lá se vão 85 anos, o jovem diretor, John Ford aos 44 anos, mas com uma bagagem de 20 filmes nas costas, foi ousado ao inovar no faroeste que já dava sinais ou começava a entrar em decadência, pois ele segurou a peteca ao arriscar todas as suas fichas em um jovem ator para interpretar o papel de um bandido procurado pela justiça. O ator chamava-se JOHN WAYNE(32 anos) e a película cinematográfica intitulava-se No Tempo das Diligências... Diga-se de passagem, a primeira obra prima do faroeste na longínqua década dos anos trinta!!! Começava ali a mais brilhante carreira de um ator no cinema norte-americano, John Wayne, e para sorte nossa, um ator de filmes faroeste. Obrigado por essa bela façanha, John Ford!!!
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