“Os 7 de Chicago”, produzido pela
Netflix e dirigido pelo americano Aaron Sorkin é um ótimo filme, bem acima dos
produtos meramente comerciais ou descartáveis que infestam a telinha ou a tela
grande.
Longa, que segundo a crítica é uma aposta para
concorrer ao próximo Oscar, se baseia em fatos reais, ocorridos no final da
década de 60 do século passado, quando jovens organizam um protesto pacífico
contra a guerra no Vietnã e o movimento termina em pancadaria. A polícia baixou
o cacete sem dó, mas o governo resolve responsabilizar oito pessoas pelos
fatos, acusando-os de formação de quadrilha.
É um filme de tribunal, mas com algumas
características que o diferenciam dos demais do gênero.
O diretor, de forma inteligente, começa
apresentando os principais personagens da trama e logo dá um salto para dentro
do tribunal, onde se desenvolve um julgamento que entrou para a história dos
EUA e do mundo ocidental.
Bobby Seale, líder dos Pantera
Negro, é implicado no caso e vergonhosamente discriminado pelo juiz.
Ele se somaria aos sete de Chicago.
O grupo todo é composto por Abbie
Hoffman (Sacha Baron Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), Tom Hayden (Eddie
Redmayne), Rennie Davis (Alex Sharp), David Dellinger (John Carroll Lynch), Lee
Weiner (Noah Robbins).
Todo elenco do filme é bom, a
maioria conhecida por outros trabalhos. Até o Michael Keaton, que já
viveu o Batman no cinema, tem uma pequena participação, interpretando um
ex-procurador americano que dá um depoimento muito corajoso durante o
julgamento.
Em meio a tantas feras, Frank
Langella, que interpreta o juiz rouba algumas cenas. O magistrado é parcial
demais, abusa do poder de forma revoltante e o ator é inteiramente convincente
no papel, levando o espectador a ter raiva do personagem.
Presidente dos Estados Unidos,
neste período, era Lyndon Johnson que não concorreu à reeleição.
Protestos que levaram às agressões
policiais e ao julgamento faccioso foram promovidos durante a Convenção do
Partido Democrata que escolheria o novo candidato à presidência.
Claramente o cineasta Aaron Sorkin
quis trazer a discussão de fatos ocorridos mais de 50 anos atrás para os dias
de hoje.
Os Estados Unidos foram sacudidos
recentemente por protestos contra o racismo e o presidente do país, Donald
Trump, provavelmente consegue ser pior do que Johnson e Nixon, que
governou no início dos anos 70 e renunciou ao cargo depois de se envolver num escândalo
de espionagem aos adversários.
Ao assistir “Os 7 de Chicago” é
impossível não pensar: se nos Estados Unidos a política e a justiça funcionam
dessa forma, imagine no Brasil.
Dá para lembrar até do justiceiro
de Curitiba. Aquele que foi ministro de Bolsonaro e agora está sendo
aconselhado pela família a deixar o nosso país.
Filme é imperdível. Como cinema de qualidade, por trazer à tona fatos históricos, por possibilitar a cada um de nós uma visão política do que acontece na América e no mundo.
Assisti ao filme. Excelente! Se pelo menos não concorrer ao Oscar, é perseguição e preconceito.
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