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O QUE NOS TEM A DIZER A ORIGEM DO BARROCO ALEMÃO

Por Michel Zaidan Filho

Por sugestão do meu amigo e blogueiro José Luiz, fui reler a tese de livre-docência de Walter Benjamin, "Origem do Drama Barroco Alemão". Texto reconhecidamente difícil de ler e entender, até mesmo para a banca que tentou examiná-lo. Mas a importância  e a atualidade do livro estão muito presentes hoje no debate sobre a crise da democracia brasileira; mais ainda depois da indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro do documentário de Petra Costa. Sabe-se que o autor buscou, na época, um diálogo com o teórico conservador  Carl Schmidt, teórico do "estado de Exceção e do decisionismo político". O que a obra tematiza com bastante clareza é a relação ideológica  estreita  entre o estilo barroco e o absolutismo, como produto da Contrarreforma. As alegorias barrocas (para não dizer " a razão política barroca") referem-se  ao poder incontrastado dos monarcas e tiranos absolutistas, como já tinha assinalado uma das grandes autoridades da história da arte, Henrich Wolfflin, numa interpretação que se tornou clássica e que reabilitou o barroco, como escola artística de igual dignidade a do classicismo.


O que chama a atenção no livro de Benjamin   é  que o Barroco alemão(e o geral) está associado à ocorrência de regimes políticos autocráticos, como em sua época estava por acontecer com o advento do regime nazista na Alemanha, com o fim da República Weimar. A terrível alegoria da obra, em sua aparente distância do momento presente vivido pelo autor, falava de sua época, da  crise política dos anos 20 e o advento de um regime de terror. Segundo  Benjamin,  a concepção barroca da História se caracteriza por um estado de exceção, onde o principe ou o monarca tem a história nas mãos e  sua finalidade  é  estabilizar politi camente a sociedade, combatendo as revoltas e a  oposição. O ideal do déspota absolutista é a naturalização da História e a estabilização da sociedade. Naturalmente que ele fará isso em nome da prosperidade econômica, cultural e científica da comunidade; mas à custa de um poder desmedido e da eliminação do contraditório e da oposição. Nisso, a concepção  absolutista do poder se identifica com a visão barroca  da própria natureza, representada pelas etapas de sua decadência e morte. A visão barroca do mundo é um amontoado de ruínas, de sofrimento e  tristeza.
                                             
Tudo isso pareceria muito religioso e medieval se não fosse pelo fato de que nossa país ter sido acometido de um retrocesso  medieval na política,  na arte, na ciência e   nos costumes. É como se uma impostação do ascético Savonarola aparecesse, de saias, para purificar moralmente  a sociedade brasileira, enquanto  o simulacro de déspota vai fazendo o trabalho de sapa das instituições, dos direitos  e do patrimônio publico  do povo brasileiro. Estaríamos diante de um estado (caricato) de um tirano - moralmente conservador -  mas instrumentalizado pelo fundamentalismo do mercado internacional? - Deparamo-nos com um asceta a serviço de interesses econômicos antinacionais, ant ipopular es e antidemocráticos? - Neste aspecto, a benção e a sagração das igrejas pentecostais e neopentecostais viriam a calhar (em troca de favores) na beatificação desse ensaio de bonapartismo de direita.

De  toda maneira, as sugestões do livro são muito eloquentes, comparando-as com as características fascistas, autoritárias e ultraliberais desse regime que  ora  nos desgoverna. Não deixa de ser tentador aplicar os elementos dessa concepção barroca da Política e da História ao  caso  brasileiro. Quem escreverá - com êxito - este novo livro sobre o drama barroco brasileiro?

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