Por Michel Zaidan Filho
A historiadora e professora do Centro de Educação, da
Universidade Federal de Pernambuco, Maria Thereza Didier, escreveu um
elucidativo trabalho sobre o movimento armorial de Ariano Suassuna, que
resultou no livro "Emblemas da sagração armorial", publicado pela
Editora Universitária da UFPE. Apesar da confessada admiração da autora pela
obra do escritor paraibano, o livro permite conhecer a veia messiânica,
mestiça, ibérica e monarquista desse movimento que descreve as pretensões
aristocráticas da elite social e política de Pernambuco. O movimento armorial,
como se sabe, é uma tentativa de recriar o reino no sertão nordestino,
com D. Pedro Quaderna. Um reino messiânico que remonta ao sebastianismo
lusitano. No pensamento de Ariano este episódio está ligado ao movimento
religioso de Pedra Bonita, nome de um romance homônimo de José Lins do
Rego, que tratado mesmo assunto.
O que tem de curioso e bizarro nessa visão iberista da
formação do povo brasileiro é a junção da monarquia com o povo (vaqueiros), sob
o pálio de uma vertente popular e mística do catolicismo no Brasil. De toda
maneira, ainda que a utopia sertaneja da onça castanha e a rainha da
meia-noite tenha ficado só no plano da ficção regionalista
nordestina (o romance "A Pedra do Reino"), a ideia inspirou as
oligarquias regionais, as quais se ligou o escritor paraibano, a criar uma
espécie de "monarquia socialista" aqui em Pernambuco. O movimento
teve na figura do ex-governador do estado, Miguel Arraes, seu início. Mas tomou
força como o neto, o falecido Eduardo Campos. Com a morte prematura deste
último, O pl ano urdi do pelo tio paterno, Antonio Campos, era sagrar o filho
adolescente de Eduardo Campos, o legítimo sucessor da saga do avo e do pai. O
primeiro passo foi dar um emprego ao infante no gabinete do
próprio governador do estado, já que com a maioridade ele perderia o
benefício da pensão deixada pelo pai. O segundo, foi elege-lo deputador
federal, onde seu maior feito foi namorar a controvertida deputada do PDT,
Tábata Amaral. Agora, se cogita em lhe entregar a Prefeitura do Recife, ora nas
mãos de um réu do processo da Arena Pernambuco.
Mas o que chama atenção é a disputa monárquica que no clã da família Campos/Arraes ( Nora, Sogra, cunhado, neto e sobrinha). Típica política de cozinha da Casa Grande, querendo traçar os destinos da vida cívica e republicana do estado. A avo e a mãe já decidiram que o "herdeiro" do espólio político de Eduardo Campos pertence por direito dinástico ao príncipe-infante (João Campos). Mas a prima, neta e sobrinha (Marília Arraes) corre por fora, ainda sem o assentimento formal desse partido de Humberto Costa e Dilson Peixoto. Tem ainda a oposição encarniçada do tio paterno, que uma vez excluído do rebanho, resolveu tocar fogo no circo, fazendo grave s acusa& ccedil;ões contra a cunhada e sobrinho.
Mas o que chama atenção é a disputa monárquica que no clã da família Campos/Arraes ( Nora, Sogra, cunhado, neto e sobrinha). Típica política de cozinha da Casa Grande, querendo traçar os destinos da vida cívica e republicana do estado. A avo e a mãe já decidiram que o "herdeiro" do espólio político de Eduardo Campos pertence por direito dinástico ao príncipe-infante (João Campos). Mas a prima, neta e sobrinha (Marília Arraes) corre por fora, ainda sem o assentimento formal desse partido de Humberto Costa e Dilson Peixoto. Tem ainda a oposição encarniçada do tio paterno, que uma vez excluído do rebanho, resolveu tocar fogo no circo, fazendo grave s acusa& ccedil;ões contra a cunhada e sobrinho.
Muito esclarecedora é a declaração da avó, afirmando categoricamente que ela tem prioridade na disputa do governo do estado por ser "a fonte" prístina de todos eles (com exceção do cunhado e da sobrinha) e portanto a vez é dela, em 2022. Desde quando a maternidade confere a uma pessoa o direito de ser governadora, prefeita ou seja lá o que for, num regime republicano? - A não ser que se raciocine da perspectiva de um regime monárquico disfarçado de república, onde a primazia dos cargos é de mãe, nora, filho, tio e sobrinha. Esta monarquia , pode até se inspirar na saga do movimento armorial, mas não tem absolutamente nada de socialista, republicana, laica ou cidad ã . É um movimento político tradicional (alguns chamariam "familismo amoral"), oligárquico que deseja se reproduzir ás custas do aparelho de estado e as benesses que isso proporciona a seus detentores (dinásticos?) eventuais.
A sociedade
civil, as pessoas de bem (não de bens), os cidadãos, as cidadãs, o povo,
enfim, precisa reagir contra esse crime de lesa-republica em
Pernambuco, antes que a ficção de Ariano se transforme numa trágica
realidade.
*Michel Zaidan Filho é cientista político e professor aposentado da UFPE. Natural de Garanhuns.
Monarquia Socialista não passa de redundância, pois já é bem conhecido que o Socialismo proposto por Marx, já era uma reação à revolução industrial capitaneada por saudosistas da monarquia e do FEUDALISMO! Basta observar a estrutura socioeconomica proposta no Socialismo/Marxismo/Comunismo para perceber que isso tudo não passava, na prática da volta do Feudalismo! Logo quem defendo Socialismo automaticamente está defendendo uma MONARQUIA onde o monarca pode ser inclusive o Partido. Assim sendo é burro de mais para saber disso!
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