O ADEUS DE LULA A MARISA LETÍCIA

Lula foi às lágrimas e emocionou a todos ao se despedir da sua companheira de 43 anos de vida, Marisa Letícia.

O ex-presidente a conheceu depois que perdeu a primeira esposa, que morreu de parto.

Ela também era viúva e ficou sem o primeiro marido ainda nova. Um taxista que foi assassinado nas ruas de São Paulo.

O petista disse que Marisa começou a trabalhar aos 11 anos, como empregada doméstica. Trabalhou também como operária.

Depois que casaram, na década de 70, estiveram juntos em todos os momentos. Nos bons e nos ruins.

Ela costurou a primeira bandeira do PT, abriu a casa para os amigos do sindicalista, foi solidária quando ele foi preso no tempo da ditadura militar.

A ex-primeira dama, segundo o marido, foi mãe, tia, avó. Criou os filhos quase que sozinha.

Quando os filhos nasceram, Lula estava numa reunião do sindicato, ou numa viagem para a Bahia, sempre em alguma atividade política e a “galega” segurando a barra.

O ex-operário chegou à presidência da República, mas a esposa, de origem simples, não se deslumbrou.

Continuou sendo a companheira, que cuidava da casa, dos filhos, do marido e dava suas opiniões, inclusive sobre política, quando achava pertinente.

“Foi quem me deu segurança pra chegar onde cheguei”, confessou Lula.

Segundo o líder político, nunca, numa viagem ao exterior – e ela fez muitas – Maria Letícia pediu para comprar um vestido, ou uma bolsa, uma joia ou mesmo uma simples caneta.

Cercado pelos amigos e admiradores, além de alguns sacerdotes, Luiz Inácio da Silva chorou pelo menos em dois momentos e disse que a morte talvez seja mais fácil pra ele, por acreditar em Deus e saber que um dia vai reencontrar sua companheira de tantos anos.

Revelou o desejo de viver ainda o tempo suficiente para lutar e defender a honra de Marisa, que alguns quiseram enlamear.

“Quando tudo for esclarecido, espero que tenham a decência de pedir desculpas”, frisou.

No final, aplaudido, o presidente Lula disse que Marisa estava sendo sepultada com a estrela e a bandeira do PT, além de uma roupa vermelha.

“Nunca tivemos medo de usar vermelho na vida, também não teremos na morte”, justificou.

Pela internet, muitos se manifestaram politicamente sobre a morte da ex-primeira dama. Alguns com simpatia, outros com ódio e intolerância. Pelo menos dois médicos foram punidos porque não tiveram ética quando da internação de Dona Marisa.

Uma médica vazou dados sigilosos do Hospital Sírio Libanês.

Outro jogou numa rede social uma “receita” para apressar a morte da paciente, que aí “seria abraçada pelo capeta”.

Dois intelectuais – um de direita outro de esquerda -, Reinaldo Azevedo e Leandro Carnal, gravaram depoimentos que estão no YouTube condenando que mesmo num momento tão delicado as pessoas demonstrem ressentimento, intolerância ou mesmo ódio.

A morte não admite esse tipo de comportamento, disse cada um à sua maneira.