De
Marco Damiani, no site petista Brasil 247 –
Mesmo sem ter feito "nada
de errado", na versão da presidente Dilma Rousseff, a ex-ministra Marta
Suplicy provocou um estrondo forte o suficiente para fazer tremer a cúpula do
PT e abalar a estrutura do governo federal. Para tanto, ela precisou apenas
redigir uma carta. Na verdade, escrever dentro dela uma frase em especial. A
rigor, o que machucou mesmo foram duas precisas palavras lá contidas:
"Resgatar a credibilidade".
Com essas duas palavras, em referência direta à política
econômica, o texto friamente protocolado na Casa Civil do Palácio do Planalto,
na terça-feira 11, deu a real dimensão política do gesto de sua autora. Marta
Suplicy havia acabado de dizer que, no andar atual da carruagem oficial, o
partido do governo corre o risco de perder uma das militantes mais populares,
festejadas e autênticas de sua história de mais de 30 anos de existência.
Ao deixar o Ministério da Cultura reproduzindo uma sensação que
não é só dela, a senadora de origem na elite quatrocentona de São Paulo e
raízes profundas no setor que ela gosta de chamar de "povão" abalou.
- Sempre fui conhecida por falar o que penso e fazer o que acho
certo, justificou ela, em meio ao redemoinho provocado por seu gesto, logo após
a renúncia.
Sem que ela tivesse pronunciado – e muito menos escrito –
qualquer palavra a respeito, a saída de Marta reverberou no que só vai
acontecer dentro de dois anos, a eleição para prefeito de São Paulo. Corre que
Marta teria dito ao ex-presidente Lula que pretende disputar as prévias
partidárias para a sucessão do prefeito Fernando Haddad, mas da boca dela
ninguém ouvi isso – e nem ouvirá agora. Marta não precisa dizer, pelo simples
motivo de que sempre será um nome natural para voltar à Prefeitura paulistana.
Dentro dos cânones delimitados pelo PT, no entanto, a simples possibilidade de
a senadora vir a concorrer internamente já é um fato político suficiente para
que muitas verdades venham à tona.
O presidente do partido, Rui Falcão, realizou uma
auto-crítica pública sobre duas intervenções do comando central da legenda
sobre diretórios regionais. Em 2002, quando a direção partidária impediu o
então prefeito de Porto Alegre Tarso Genro de disputar a reeleição e, bem mais
recentemente, nas últimas disputas municipais, em 2010, ao tirar a vez do então
prefeito de Recife, João Paulo, de concorrer a um segundo mandato:
- O histórico do PT com prévias não recomenda essa alternativa.
Perdemos nas duas vezes em que o prefeito no cargo não concorreu à reeleição,
lembrou, repentinamente, Falcão.
Preocupado em isolar mas, ao mesmo tempo, como se fosse
possível, não melindrar Marta, ele completou:
- Se os estatutos forem mudados, podemos deixar a decisão para
um colégio de delegados, de modo aos dois candidatos se preservarem.
Até as estrelinhas dos bottons do PT sabem que não vai ser por
aí. Se decidir mesmo concorrer à Prefeitura de São Paulo, Marta terá de fazê-lo
por um outro partido. Em 2010, ela participou de reuniões nos diretórios zonais
do PT, ao lado de Haddad, mas precisou sair da disputa – como quiseram Lula e
Falcão -, para dar a vez ao pré-candidato que, por fim, venceu a eleição. Da
próxima vez, uma nova vitória interna estará, certamente, ainda mais facilitada
para ele.
A simples possibilidade de Marta, em nome de planos futuros,
pensar em se afastar do PT em que nasceu politicamente e se criou, já alvoraça
outras agremiações. Assédio, depois da carta, não lhe tem faltado. O PMDB do
vice-presidente Michel Temer é o primeiro interessado em ter a ex-ministra como
novíssima filiada, mas nem houve ainda um convite, nem ela pretende se mover
açodadamente. O momento, para Marta, é o de atuar como senadora por São
Paulo e aguardar, de sua posição de destaque, os desdobramentos. A pressa,
depois que sua bomba fez o efeito desejado, é sua adversária. Marta está certa
disso.
Nossa.
ResponderExcluirSó Li até: "em 2010, ao tirar a vez do então prefeito de Recife, João Paulo"?
João da Costa!!! MEU FILHO!!!
Aliás com essa atuação o PT suicidou-se em Pernambuco!!!