Do jornalista Ricardo Noblat, em seu prestigiado blog:
E
assim se passaram seis meses desde que Marina Silva, ex-ministra do Meio
Ambiente do governo Lula, filiou-se ao PSB e anunciou seu apoio a Eduardo
Campos, pré-candidato do partido à sucessão da presidente Dilma Rousseff.
Naquela ocasião, em particular, Marina disse a Eduardo que seria sua vice caso
isso o ajudasse a se eleger. Esta tarde, em Brasília, Marina dirá que é
candidata a vice de Eduardo.
NA
ELEIÇÃO DE 2010, com pouquíssimo dinheiro para fazer campanha e apenas um minuto
de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, Marina teve um
desempenho surpreendente. Em percentuais redondos, Dilma conseguiu 47% dos
votos válidos no primeiro turno; José Serra, 33%; e ela, 19%.
MARINA
VENCEU NO Distrito Federal. Derrotou Serra no Amapá, no Amazonas, em Pernambuco
e no Rio. E empatou com Serra no Ceará. Nos três maiores colégios eleitorais,
colheu 20% (São Paulo), 44% (Rio) e 21% (Minas Gerais) dos votos. Imaginou
concorrer outra vez em outubro próximo. Mas não registrou seu partido, a Rede,
em tempo hábil.
FOI
POR ISSO QUE procurou abrigo no PSB. A mais recente pesquisa do instituto
Datafolha apontou Marina, no momento, como o único nome que seria capaz de
levar a eleição presidencial para o segundo turno. Contra Dilma (39%) e Aécio
(16%), ela reúne 27% das intenções de voto. Está destinada a ser a maior
eleitora de Campos.
A
PEDIDO DE UM PARTIDO, pesquisa feita por telefone no último dia 10, no Distrito
Federal, ouviu 2.329 eleitores. Respostas à pergunta sobre como evoluiu a
situação do Brasil "nos últimos anos": está cada vez pior (63%), cada
vez melhor (15%) e igual (22%). Aprovam a administração Dilma 25,6%. Desaprovam
64,8%.
INTENÇÃO
DE VOTO PARA presidente: Dilma, 22%; Aécio, 22%; Eduardo, 15%; e nenhum, 35%.
Intenção de voto com os prováveis vices: Dilma e Michel Temer, 22%; Aécio e
Aloysio Nunes, 21%; Eduardo e Marina, 40%. Votos brancos, nulos e "não
sabem", 17%. Marina e Eduardo planejam visitar até junho as 150 maiores
cidades do país.
EM
ENTREVISTA À "VEJA", Mauro Paulino, diretor do Datafolha, disse que a
alta rejeição à classe política, o desejo de mudança do eleitorado e a Copa do
Mundo fazem desta eleição a mais imprevisível desde a primeira pelo voto direto
depois dos 21 anos da ditadura militar. A aversão aos políticos elegeu Collor
em 1989. Agora ela é maior.
O
DESEJO DE MUDANÇA É compartilhado por sete de cada dez brasileiros. Seis em
cada dez acham que a inflação vai aumentar. Caiu de 87% para 78% o percentual
dos que se orgulham de ser brasileiros. É a primeira vez que isso acontece nos
últimos 13 anos. E o percentual dos que afirmam ter vergonha de ser brasileiros
cresceu de 11% para 20%.
SÓ
60% DOS BRASILEIROS ouviram falar de Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a
presidente da República, mas não o conhecem. São 75% os que apenas ouviram falar
de Campos. Os dois são bem avaliados onde são conhecidos. Campos é o candidato
de oposição com mais chance de atrair os eleitores descontentes, observa
Paulino.
A
IMPORTÂNCIA DOS PARTIDOS foi nenhuma para eleger Collor. O PSDB era pequeno
quando elegeu Fernando Henrique presidente. O PT também, quando Lula se elegeu
pela primeira vez. O PSB de Campos é um partido pequeno, embora tenha sido o
que mais cresceu nas eleições municipais de há dois anos. A dupla Campos e
Marina é de fato uma possibilidade real de poder.
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