O PROBLEMA DOS AMBULANTES NO CENTRO

Esta semana fizemos uma postagem sobre a invasão dos ambulantes no centro da cidade, a partir de um registro fotográfico, acompanhado de críticas, do comerciante Marcos Ferreira. A matéria repercutiu no blog e no Facebook, que recebeu até agora 27 comentários, com opiniões diferentes a respeito da questão.

O assunto é sério e não pode ser avaliado superficialmente, com duas palavras.

A princípio observamos que os garanhuenses consideraram que Marcos ou o blogueiro revelaram preconceito contra os nigerianos, por estes receberem destaque na notícia sobre o aumento de ambulantes na Avenida Santo Antônio.

Não foi a intenção do jornalista discriminar. Estamos certos também de que o comerciante não fez a crítica por se tratar de nigerianos.

O problema dos camelôs nos centros das grandes é de décadas e vem desafiando os governantes. Jarbas Vasconcelos quando foi prefeito do Recife construiu um “camelódromo” muito bem recebido pela população. Na época fez um boa “limpeza” em avenidas como a Conde da Boa Vista e Guararapes, que estavam ficando intransitáveis.

Foi uma das obras marcantes do peemedebista, que ganhou pontos junto aos moradores do Recife, tanto que depois ele se elegeu prefeito novamente, fez seu nome e terminou sendo escolhido como governador de Pernambuco duas vezes.

Aqui em Garanhuns quando Silvino Duarte assumiu o mandato, em 1997, o centro estava caótico. Camelôs tomavam quase todo o largo do colunata, calçadas, becos, ruas inteiras e comercializavam todo tipo de produto na frente das lojas.

O prefeito fez o Pop Shop na Avenida Santos Dumont, retirou os ambulantes do centro e a cidade ficou uma beleza.

E como estamos hoje? Passados mais de 15 anos o Pop Shop está decadente, o 18 de Agosto pede socorro e o centro da cidade voltou a ser invadido por ambulantes. São comercializados CDs piratas por todas as calçadas, tem espetinho, caldo de cana, comidas de milho, castanha assada, roupas, sandálias, guarda-chuvas e sombrinhas, DVDs e tudo mais que se pode vender para ganhar o pão.

Há o problema social, é claro, e as pessoas não podem simplesmente ser expulsas, ficar sem meio de sobreviver e todo mundo virar bandido.

Mas os governos existem para prestar serviços à sociedade e organizar as cidades. Os centros do Recife, ou de São Paulo, de Belo Horizonte, Salvador, Rio ou Garanhuns, não podem ser transformados num pedaço da Índia ou “casa de mãe Joana”.

A invasão desordenada do centro urbano da “Suíça Pernambucana” não é aceitável, seja por nigerianos, americanos, sul-africanos, alemães, dinamarqueses, portugueses, chineses, japoneses, garanhuenses ou de quaisquer outros lugares do planeta.

Assim como fez Silvino há quase duas décadas atrás, mais dias menos dia o prefeito Izaías Régis também terá de tomar uma decisão e deixar o centro da cidade mais apresentável.

Os ambulantes terão de ser relocalizados, há de se arranjar um local para eles, mas não dá para continuar essa “bagunça”, para usar aqui um termo do comerciante Marcos Ferreira.

Somos uma cidade singular no interior do Nordeste, com clima e geografia privilegiadas, tradição cultural, belas praças, sediamos o maior evento cultural de Pernambuco e precisamos preservar as riquezas que Deus nos deu. Das colinas às fontes de águas minerais, das comunidades quilombolas aos pontos turísticos, das periferias muitas vezes esquecidas aos espaços nobres do centro.

No Brasil de antes de internet todo morador do país entendia de futebol. No Brasil da rede mundial dos computadores e do Facebook todo mundo entende de tudo: de política, de religião, de esportes em geral, de economia e até de física nuclear. Nunca vi tantos Einstein, Newton, Aristóteles, Marx, Freud, Sócrates, Darwin, Maquiavel, Rui Barbosa e outros mais ou menos inteligentes.

Verdade que alguns não sabem onde pôr a vírgula, trocam o z pelo s, o j pelo g e desconhecem o básico da acentuação e ortografia. Mas que são gênios não tenho nenhuma dúvida.

Assim, cheios de ideias e sabedoria, acham muito fácil escrachar um secretário, prefeitos, governadores, deputados e presidente da República. Os políticos e técnicos são jogados numa vala comum, como se administrar uma repartição ou um município fosse tão simples quanto andar de bicicleta.

Quem está vivendo a coisa por dentro sabe que não é bem assim. Há muitos interesses envolvidos (inclusive os eleitorais), nem sempre os recursos são suficientes, a burocracia impede as ações por um lado e a má vontade de muitos emperra as atividades por outro.

O administrador, contudo, precisa ser competente. Ele foi eleito para fazer, mudar, avançar e não para enriquecer ou satisfazer seu ego pessoal.

O que os garanhuenses de bom senso esperam de Izaías, portanto, é que ele seja mesmo o gestor. E independente das críticas, dos barulhos oportunistas, das incompreensões faça o que é certo.

No caso do centro, é preciso reordenar, disciplinar, organizar e evitar o caos. Não vou aqui dá a receita porque não sou nenhum dos gênios do Facebook. O prefeito tem uma equipe, tem técnicos competentes, como o secretário de Planejamento, Fernando Nunes, e cabe a eles fazer um projeto, discutir com a sociedade e apresentar soluções que tornem Garanhuns mais bonita, mais limpa, mas atrativa... Enfim, uma cidade melhor de se viver. A partir do centro e chegando às periferias.